A poupança não tem de ser apenas sinónimo de contenção ou obrigação. Quem o garante é Ana R. Bravo, autora do livro “ABC da Poupança”, que se assume como uma acérrima defensora do conceito de “orçamento do prazer”. Na prática, isto implica que, depois de elaborado o orçamento familiar mensal e acauteladas todas as despesas prioritárias, possa ser reservada uma parte para a rubrica do “prazer”. Ou seja, ir ao cinema e jantar fora; bilhetes para o futebol, para teatro ou para o ‘ballet’; um ‘brunch’ com os amigos num sítio especial; uma ida aos saldos; comprar telas e tintas, para quem gosta de pintar, por exemplo, visitar a família que está longe, entre outras opções, dependendo muito do que cada pessoa classifica como “prazer”.

“É muito importante existir um orçamento do prazer. Nunca poderemos dissociar isso do nosso orçamento. Tem de estar lá e tem de estar orçamentado. Um espaço para a diversão e lazer, para os pequenos vícios. A vida não pode ser só pagar contas. Tem de haver o “pagar-se a si próprio”, um sentimento de recompensa pelo meu trabalho. Mas tem de estar contabilizado e ter um ‘plafond’. Se for tempo de dificuldades financeiras, a rubrica da diversão e lazer tem de ser mais curta, para privilegiar as necessidades básicas”, disse a autora ao Saldo Positivo. Leia também a Entrevista a Ana Bravo: “A poupança não deve ser uma medida SOS”.

Sabendo que o ideal é poupar todos os meses um valor igual ou superior a 10% do seu rendimento, a Ana R. Bravo explica que é também muito importante que o valor que estipular para o orçamento do prazer nunca seja superior ao da poupança. O segredo, revela, é escolher algo que gosta mesmo de fazer e estipular um valor mensal para essa atividade, mantendo-se fiel ao seu orçamento e sem ultrapassar o teto máximo estabelecido.

O exemplo prático é dado por Ana Garcia Martins, autora do blogue a Pipoca Mais Doce, que também é adepta do chamado orçamento do prazer: “Sempre que posso destino uma fatia do meu orçamento para mim, para coisas que me dão prazer, seja um jantar, sejam uns sapatos, mas sempre sem ultrapassar os meus limites”, confessou a blogger ao Saldo Positivo.

Se é uma das pessoas que pensam que a poupança passa apenas pela obrigação e pela contenção, saiba que também se pode divertir gastando pouco ou nada, puxando acima de tudo pela criatividade. “E sim, também se pode poupar nos encontros românticos” garante Ana R. Bravo. Conheça alguns exemplos de atividades de lazer ‘low cost’. Leia também o artigo “Cinco dicas low cost para atividades de lazer”

Cinema

Neste capítulo, o “ABC da Poupança” propõe duas opções para os amantes de filmes que não dispensam uma boa sessão de cinema à moda antiga. Ou em casa, recorrendo à coleção de DVD das bibliotecas da sua área de residência, que pode requisitar a custo zero e visionar na sua sala com direito às tradicionais pipocas (numa panela juntar óleo, milho, açúcar, canela ou mel). Ou, se fizer mesmo questão em ir ao cinema, aproveite os dias com desconto ou recorra a cartões promocionais, como o cartão de estudante, cartão jovem ou sénior. Desta forma poderá usufruir de uma poupança na ordem dos 32%, de acordo com o “ABC da Poupança”. Leia também o artigo “Como não derrapar o orçamento durante as férias”.

Livros

Além de explorar a rede de bibliotecas municipais poderá também inscrever-se numa comunidade de leitores que promova a partilha de livros entre os seus membros. Procure também obras que possam estar disponíveis para leitura gratuita na internet. Para comprar livros, recomenda Ana Bravo, “aproveite as feiras do livro, visite alfarrabistas, aproveite as campanhas nas livrarias e hipermercados”, conseguindo assim uma poupança entre 20 e 80%. Leia ainda o artigo “Como poupar dinheiro em livros”. 

Atividades ao ar livre

Neste capítulo, as opções são quase infinitas e a imaginação é o limite. Desde piqueniques com os amigos, em que cada um contribui com algo para uma refeição partilhada, seguida de um bom jogo de cartas, charadas, jogos tradicionais, entre muitas outras opções de entretenimento. Da mesma forma, faça caminhadas em grupo e ande de bicicleta com toda a família, aproveitando para conhecer melhor zonas da cidade por onde normalmente só passa de carro. Para se exercitar a custo zero, aproveite os circuitos de manutenção e os aparelhos de ‘fitness’ existentes em muitos parques urbanos. Leia ainda o artigo “Free Tour: Como conhecer uma cidade de forma gratuita”. 

Jantares de amigos

Para poupar, não tem de fechar a sua casa à família e aos amigos. Para começar pode pedir aos convidados para contribuírem trazendo uma bebida, uma entrada ou uma sobremesa, ficando o prato principal a cargo dos anfitriões, por exemplo. Para promover o convívio, aconselha o “ABC da Poupança”, opte por uma refeição tipo tapas ou ‘buffett’, com saladas coloridas, (de batata, de grão, de feijão, de atum), cogumelos salteados ou recheados, pimentos padrón assados, queijo ‘camembert’ grelhado com alho, ervas aromáticas, ‘bruschettas’ feitas com fatias de pão, tomate e queijo, entre tantas outras ideias económicas. Leia também o artigo “Seis dicas para ter uma alimentação low cost saudável” 

Saídas românticas

Partilhar uma refeição a dois pode ser a melhor opção, quer seja um jantar em casa, com velas e música romântica; ou um piquenique à luz das estrelas; ou mesmo um pequeno-almoço mais demorado na pastelaria favorita. Outra boa ideia, diz Ana R. Bravo, é dançar, optando por pequenos bailes ou discotecas com entrada gratuita. Para os casais com filhos, podem também poupar entre 6 e 15 euros nos serviços de ‘babysitting’ se pedirem a amigos que tomem conta das suas crianças enquanto disfrutam de um jantar romântico a dois. Depois é só retribuir o favor. Leia ainda o artigo “10 Sites para planear férias baratas e perfeitas”.

 

Leia também os seguintes artigos:

- Como organizar um orçamento quando está sem dinheiro

- Oito formas de obter um rendimento extra

- Guia da Poupança: Como multiplicar o seu dinheiro

- Simulador: Descubra se tem ou não direito ao subsídio de desemprego

Saldo positivo