Herdou da mãe o gosto pela arte, sendo actualmente partner na liderança do atelier Graça Viterbo Interior Design.

Regressada de Londres em 2000, Gracinha Viterbo olha para estes 11 anos com muito orgulho.

“Tenho cumprido os meus objectivos. E olho para o futuro com muito optimismo pois temos uma equipa que presta realmente um serviço de seis estrelas a nível internacional e já muito de mim está reflectido nesse serviço”, afirma, orgulhosa, nesta entrevista.

O seu sorriso permanente reflecte a sua felicidade?

Reflecte o optimismo e força com que escolho viver a minha vida.

O gosto pela decoração foi uma influência da sua mãe?
A partir de que altura sentiu que lhe ia seguir os passos?

Sou a mais nova e ia com a mãe para todo o lado desde pequena, obras atelier viagens de pesquisa. Pediu-me a opinião desde muito nova e foi aos 10 anos que escolhi o curso que queria seguir sem nunca mudar de rota.

Estudou na Central St. Martins School of Art, Chelsea College of Arts e Inchbald School of Design em Londres, a mesma onde estudou a sua mãe. Até na formação fez questão de lhe seguir os passos?

A minha mãe estudou na fundação Ricardo Espírito Santo. O meu curso superior foi em Londres, nestas duas colleges que fazem parte da University of the Arts que reúne todas as melhores universidades inglesas ligadas às Artes (aí andaram pessoas como Mcqueen e Stella Mccartney ou Paul Smith ou Galliano) foi realmente uma altura única onde descobri o meu processo criativo. Onde os nossos percursos se cruzaram foi na famosa Inchbald Shool of Design para uma especialização em Artes decorativas, iluminação e história de Arte e Mobiliário, mas Londres é já uma forte tradição de família há décadas.

Iniciou a sua carreira em Londres com a decoradora Kelly Hoppen. O que a fez regressar a Lisboa?

Foi importante começar a carreira fora e um privilégio ter trabalhado onde trabalhei, mas sempre tive como objectivo voltar para Portugal e ser uma mais-valia no atelier Graça Viterbo Interior Design. Sabia que tinha um longo caminho à minha frente por ser filha de quem era, e que quanto mais cedo voltasse, mais cedo começava essa viagem. Olho para estes 11 anos com muito orgulho. Tenho cumprido os meus objectivos. E olho para o futuro com muito optimismo pois temos uma equipa que presta realmente um serviço de seis estrelas a nível internacional e já muito de mim está reflectido nesse serviço.

Em 2000 integrou a equipa Viterbo sendo actualmente partner na liderança do atelier fundado pela sua mãe na década de 70. Trabalham bem juntas?

Trabalhamos muito bem juntas. Hoje por razões de produtividade dividimo-nos bastante para dar mais atenção e resposta a nível de projectos, mas é um privilégio trabalhar lado a lado com a mãe, com A Graça Viterbo, e ver a forma como também me respeita e ouve.

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Qual foi o ensinamento mais precioso da sua mãe?

Acreditar em mim própria, defender o cliente, prestar um serviço exemplar, ser uma mais-valia e não um luxo defender esta profissão como uma verdadeira arte profissionalizada e não um hobby caro.

Disse uma vez que uma casa nunca está concluída porque deve ficar um espaço para uma peça que se descobrirá…

Tem boa memória… sou uma fã de filmes franceses porque não têm princípio nem fim, nós entramos nas vidas daquelas personagens e quando saímos, ou o filme "acaba", parece realmente que aquelas vidas vão continuar. Na concepção dum projecto residencial gosto de olhar com essa perspectiva para o espaço e para a vida que ali se vai viver, sabendo que deixo um espaço no seu melhor aproveitamento, o tempo dos clientes assim melhor esquematizado, e algum espaço para que aquele projecto continue, para que essa história não tenha fim.

Lançou o livro Lifestyle, um encontro consigo e com os seus espaços. Gostaria de escrever outros livros?

Lifestyle foi um livro para inspirar, um coffee table book sobre a vida depois do interior design, eu fui só um reflexo numa dimensão, o mais importante foram as mensagens que deixei ali escritas. Outros? Se for no momento certo, o livro certo, porque não?

Recebeu o prémio International Property Awards for Europe & Africa promovido pela Bloomerang, na categoria de Melhor Residência Privada. Ficou muito orgulhosa?

Fiquei orgulhosa por Portugal. Gosto muito de plantar bandeiras pelo meu país. Estamos numa altura onde temos de mostrar o que valemos.

Também foi distinguida por Cavaco Silva. Os prémios são um incentivo?

Não trabalho para receber prémios. Tenho o sentido de responsabilidade para fazer o melhor pelos clientes que confiam em nós e por destacar o meu país. Obviamente senti-me honrada por estes destaques assim como outros que os nossos projectos receberam nos últimos anos. Só me faz pôr a fasquia mais alta e levar o atelier e Portugal comigo.

Para além de Lisboa, tem um atelier em Luanda e outro em Singapura. Vai continuar a internacionalização da marca Viterbo?

Para já estamos a dedicar-nos a estes três continentes.

Qual foi o momento mais alto da sua carreira?

Acho que ainda não chegou. Ainda tenho muito que fazer.

Tem quatro filhos, Santiago, de 6 anos, Guilherme, de 4, Benjamim de 3, e Alice com apenas um ano. Como se concilia uma vida profissional tão intensa com quatro crianças tão pequenas em casa?

Com muita força de vontade, querer dar-lhes o exemplo de ser a melhor pessoa que posso assim como os meus pais me deram a mim, e com um marido que me apoia e uma estrutura de vida muito bem organizada. Todos os dias penso que um dia vou ter saudades desta época tão preenchida da minha vida e isso dá-me muita força e direcção.

Qual o melhor programa para fazer com as crianças?

Qualquer um que reflicta neles o sentido de liberdade e alegria! Adoro ouvir as suas gargalhadas!

É casada com o gestor Miguel Vieira da Rocha que está sempre disponível para elogiá-la, sobretudo quando muda de visual. Continua a surpreendê-lo?

Mudar faz parte de mim e o Miguel sabia isso quando se casou comigo, é o meu Norte, a minha Rocha.

Gosta de moda? Faz questão de estar actualizada ou prefere usar os novos estilos na decoração?

Gosto de estar informada, gosto de olhar para a Moda pelas cores, formas proporções e texturas mas o meu mundo é a forma como a vida é vivida nos espaços, interpretar histórias de vida através dos espaços, como ponto de partida tenho o Vazio. Cada projecto é um desafio único, sejam eles públicos ou privados. Gosto sobretudo dum estilo intemporal que surpreende por ter um toque sempre muito actual.

Qual é o seu maior sonho profissional?

Há segredos que não se revelam...

E pessoal?

Que os meus filhos cresçam felizes e escolham sempre o caminho certo para eles mesmo que seja o menos caminhado.

O que a descansa verdadeiramente?

Música e o blackberry desligado...

Onde passa férias?

Onde mais nos apeteça no momento da escolha, e que seja "children friendly". Férias são sempre com filhos.

Qual é a coisa mais importante da vida?

A verdade, a paz, a paciência e a dedicação aos outros.

O que a comove?

Muito... comovo-me com música, no cinema, com memorias que não voltam mais, com livros, com aqueles momentos perfeitos onde queríamos que o tempo parasse.

Texto: Palmira Correia