É uma enfermeira brasileira formada nos Estados Unidos que chegou a Portugal há sete anos para fazer companhia ao marido português, cuja foto mostra orgulhosa da beleza latina.

Filha de uma família numerosa de oito irmãos, só lamenta não ter conhecido os avós paternos portugueses. Apaixonada por Portugal, foi aqui que Fabi Lima encontrou a sua verdadeira vocação: cantar. E já tem um CD, “Amor de Verão”, para pôr todo o mundo a dançar!

Onde nasceu no Brasil?
Sou do Norte, de Manaus, capital do Amazonas, mas tenho ascendência portuguesa, os meus avós paternos eram de Viseu.

Veio para Portugal porquê?
Porque tinha muita vontade de conhecer a terra do meu pai e também porque me casei com um português.

Que conheceu cá ou no Brasil?

Conheci lá e pouco tempo depois resolvi mudar-me para Lisboa. Na época morava nos Estados Unidos, onde estudei enfermagem, e ainda trabalhei como enfermeira mais de um ano, mas depois descobri que a vida artística era a que mais me realizava.

Já cantava desde criança?

Nem por isso. Fiz alguns trabalhos de modelo na infância e adolescência e também nos Estados Unidos e talvez por isso esteja muito à vontade em cima de um palco.

Adaptou-se bem a Portugal?

Muito bem. Gosto muito de Portugal, é um país que tem tudo meu: a comida, a cultura e sinto que as minhas raízes estão todas cá. Embora os meus avós tenham morrido quando o meu pai era criança, ainda não desisti de conhecer Viseu...

A conjuntura económica não é favorável aos artistas. Como está a correr a sua vida artística em Portugal?

Na verdade fiz este trabalho de homenagem ao meu pai que eu perdi há quatro anos. Estive no Brasil no aniversário da minha mãe, em 2010, e foi a última vez que estive com ele, e acho que Deus me levou lá para me despedir. No mês seguinte, o meu pai morreu de ataque cardíaco.

Só a partir daí é que começou a cantar?

Foi. Surgiu este desejo de cantar, algo que preenchesse em mim este vazio. Como sempre gostei de compor, gosto de fazer música desde criança, deitei mãos à obra porque tudo o que eu canto é meu. O meu álbum é todo meu, músicas e letras são todas minhas.

O seu pai gostava de música?

Tocava guitarra nas horas vagas e aí eu decidi ir estudar guitarra para homenagear o meu pai. Em paralelo comecei a escrever música e foi assim que surgiu este projeto. As pessoas começaram a conhecer o meu trabalho e a apoiar-me imenso.

Acharam que tinha futuro?

Toda a gente me incentivou a gravar um CD. Mas lá no fundo, o que eu queria fazer era um trabalho para mim e para o meu pai, e realizar aquele sonho que também era dele porque o meu pai nunca teve oportunidade de cantar... Entretanto conheci algumas pessoas no meio da música e fiz o meu primeiro trabalho que foi lançado em Agosto do ano passado.

Como é que tem sido a receptividade ao seu trabalho?

Muito boa. As pessoas têm gostado e incentivado a continuar. Já fiz o Pavilhão Atlântico e o Brasilien Day, no Parque dos Poetas, em Oeiras, uma festa enorme que reúne artistas de todo o lado.

Já consegue viver da música?

Não. Tenho alguns negócios de móveis no Brasil, sou uma mini-empresária no meu país. O meu marido trabalha com a SGS-Car, uma concessionária de automóveis, e vamos levando a vida...

Que tipo de música é a sua?

Música pop. Tem ritmos mais alegres e músicas mais românticas, mas todas falando de amor. O que eu escrevi neste álbum é exatamente o que eu estava sentindo naquele período da minha vida. Agora já estou a escrever noutro registo porque já sinto coisas diferentes: acabei de lançar uma música muito alegre para a copa do mundo.

Quem editou o seu disco?

A Farol Música que me deu todo o apoio, e também tenho o apoio do meu agente, Ar Produções, que me tem ajudado na divulgação do meu trabalho, e acabo de fazer um dueto da música Tudo de Mim, com o artista brasileiro, Rayan Carlo, que foi lançado no Brasil agora. E as minhas músicas já saíram em sete coletâneas da Farol Música e da Vidisco, um grande motivo de orgulho.

Já cantou no Brasil?

Ainda não, mas espero cantar em breve.

Os portugueses estão a gostar do seu trabalho?

Estão sim. Tenho muitos fãs aqui. Adoro os portugueses, é uma raça verdadeira. O país que eu escolhi para mim é Portugal e já não tenciono sair daqui, só para passear. Vou ao Brasil todos os anos e a minha mãe também vem cá todos os anos visitar-nos.

Está surpreendida com o sucesso do seu trabalho?

Estou. Sinceramente não esperava nada disto. Foi uma grande realização. E estou tão feliz que canto em casa e em todo o lado. Aliás, onde eu consigo fazer mais música é na cozinha!

O seu marido apoia esta sua faceta artística?

Claro que sim. Ele sabe que eu estou feliz com isto e quando duas pessoas se amam, querem ver o outro feliz.

Qual é a sua prioridade?

A família. Sou completamente centrada na minha família.

Em Portugal tem mais amigos portuguesas ou brasileiros?

Tenho uma rede enorme de amigos portugueses e brasileiros e também conto com a ajuda da família do meu marido que me apoia imenso.

Tem algum hobby?

Gosto de vida saudável e de fazer exercício físico. Aliás pratico desporto desde a minha infância porque sinto que faz bem ao corpo e à cabeça.

Texto: Palmira Correia

Foto: Carlos Teixeira