Por trás, uma mulher chiquíssima, e sempre irrepreensivelmente elegante, dá vida a tudo isto: Eva Lima, uma stylist brasileira que se apaixonou por Portugal, e está a ajudar as portuguesas a usar a moda a seu favor.
A loja é única. Parece que estamos em Paris, na Avenue Montaigne, ou em Nova Iorque, na 7ª Avenida…
A MAISON já é conhecida internacionalmente e orgulho-me que tenha sido pioneira em várias situações. Hoje sou directora criativa da empresa, que, por sua vez, pertence a um grupo em que todos nós temos funções específicas.
A moda é uma paixão antiga?
Comecei a trabalhar em moda com 17 anos.
Estudou no Brasil ou em Portugal?
Estou em Portugal há imensos anos e estudei Design no IADE, no entanto, nasci no Brasil e tenho muito orgulho de ser carioca. A minha mãe é brasileira mas como o meu pai é português, as minhas raízes são portuguesas.
O seu trabalho consiste em quê?
Não sou apenas directora criativa mas também “buyer” (pessoa responsável pelas aquisições e escolhas das coleções) e “stylist” da MAISON, que está na Avenida de Liberdade há oito anos, graças a uma administradora fantástica que acreditou numa empresa inovadora. De facto, a MAISON foi pioneira de uma série de aspetos: foi a primeira loja a ter flores frescas, velas acesas, música ambiente selecionada, decoração cuidada pelo Atelier Sá Aranha&Vasconcelos, e champanhe à disposição do cliente.
Há oito anos não havia uma loja assim tão elegante em Lisboa e continua a não haver…
De facto fomos os primeiros neste conceito. Criámos um local único onde as pessoas podem vir comprar vestuário e ter esta transformação tão grande e atual até agora. O meu trabalho passa por ser directora criativa da MAISON e de duas marcas internacionais que vendem para o mundo inteiro. Daí passar parte do meu tempo em França e em Itália.
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O Atelier Sá Aranha & Vasconcelos está a decorar um novo espaço aqui no Fórum Tivoli para outro projecto a que está ligada?
Por trás desse novo projecto, de que sou novamente mentora e directora criativa, há uma empresa responsável, e uma vez mais vamos mexer com a Avenida da Liberdade, porque não são só marcas internacionais como a Prada e outros que vêm a caminho, que mexem com o mercado. Devemos acreditar mais no que é feito cá e valorizarmos os projectos portugueses. O ateliê Sá Aranha & Vasconcelos não está apenas a decorar, há toda uma envolvência de um projecto que contempla vários conceitos. Vai chamar-se Éclaire e vai ser mais uma novidade tal como foi a MAISON.
O que distingue o Éclaire?
Vai ser um conceito nacional com espírito internacional e que as pessoas ainda não estão à espera. Como diz a frase slogan da marca: “Há movimentos que aparecem... não se sabe bem porquê... e só no futuro é que vamos perceber. Éclaire a sua nova loja de inspiração na Avenida.”
Entretanto fez uma parceria com a Rosário Telo e a Carmo Aranha e vai colocar a sua roupa no atelier das decoradoras a partir de Setembro?
Não gosto que me vejam como uma mulher fútil ligada aos “trapos”. Por trás da MAISON existe já uma estrutura muito grande, aliás, para se manter na Avenida as empresas têm de estar muito organizadas e bem estruturadas. Vender roupa hoje não é como antigamente. Nós vendemos um conceito. Vendemos um “styling”. Por isso essa parceria irá acontecer em breve. Acredito nas empresas que realinham o seu formato e criam diretrizes novas. Vamo-nos deslocar até ao ateliê das decoradoras em alturas esporádicas para dar a conhecer a minha interpretação da moda versus decoração.
Também trata da imagem de figuras públicas?
Em relação ao “styling”, tenho ao meu cuidado clientes das mais diferentes esferas sociais, desde artistas conhecidas até empresárias de sucesso. Ainda ontem fechei com mais uma grande artista portuguesa para cuidar de toda a imagem, e, como exemplo, construi a imagem da fadista Ana Moura na entrada em palco na última gala dos Globos de Ouro.
As pessoas estão mais contidas a fazer compras?
Sem dúvida. Por isso estou muito atenta à economia do país e a tudo o que se está a passar no mundo. Hoje em dia não se deve gastar dinheiro à toa, quando se compra uma t-shirt, uma caxemira ou uns sapatos, devemos saber como vamos utilizá-los.
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Uma pessoa que venha fazer compras à MAISON, conta com a sua ajudar para escolher as peças que lhe ficam melhor?
Claro que sim, a MAISON sempre se preocupou com isso. É o seu core. O meu trabalho é dizer às pessoas o que lhes fica bem. Atendo pessoas ligadas ao setor empresarial, à televisão, à política, às grandes empresas nacionais, mulheres de homens que têm compromissos enormes no país. Além de alguns segredos de profissão que não revelo, orgulho-me de respeitar o secretismo e a identidade de algumas das minhas clientes.
Nem as internacionais?
Ninguém. E temos clientes que são grandes figuras internacionais e que fazem compras na MAISON sempre que vêm a Portugal.
Ainda não se tentou a abrir este conceito fora do país?
Ainda não. Tenho de aguardar o melhor momento para isso. Frequentemente ouço os meus clientes estrangeiros dizerem que gostavam de ter uma MAISON ou uma Eva no país deles e isso é muito gratificante.
Veste-se habitualmente assim, clássica mas muito chique?
Estou clássica hoje mas na próxima semana posso estar completamente diferente. Gosto dessa mudança, acho que nós precisamos disso para nos alimentar diariamente. Mas a minha preocupação com os meus clientes é indicar-lhes as peças certas.
Inspira-se em alguma escola?
Sigo sobretudo a escola francesa que é a que eu mais gosto. Paris é uma fonte de inspiração.
A sua roupa é essencialmente francesa?
Não. Costumo dizer que a roupa desta empresa é a roupa do mundo. Tenho a felicidade de poder escolher peças de empresas que não são tão publicitadas como as que me rodeiam na Avenida, mas são as minhas escolhas!
Os seus clientes não procuram etiquetas?
Podem vestir Prada ou Yves Saint Laurent, mas quando entram na MAISON, compram as peças que nós aconselhamos. Temos clientes que nos procuram há muito tempo e confiam na qualidade da nossa escolha.
Texto: Palmira Correia
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