
Foi advogada mas não estava nada contente com o trabalho que tinha. Um dia, Sofia Simões, de 35 anos, decidiu virar a vida do avesso e a mãe disse-lhe que era uma “ideia parva”! Foi assim que nasceu a sua marca: Silly Idea, e fala dela com o entusiasmo de uma criança.
Qual é a sua área de formação?
O Direito. Trabalhei 12 anos na minha área até que resolvi sair. Um dia estava a pensar o que ia fazer da minha vida, e a pensar alto com a minha mãe disse-lhe: e se voltasse a fazer aquelas coisas que eu já tinha feito antes? Resposta da minha mãe: “Que ideia tão parva!” E eu pensei: ora aí está um bom nome para a minha marca.
Mudou de profissão por alguma razão especial?
Há dois anos e meio tive uma filha e decidi readaptar a minha vida e mudar alguns projetos.
E foi assim que a marca nasceu?
Foi. Inicialmente estava em casa a tempo inteiro com a bebé, mas, aos poucos, fui avançando. Comecei com bijutaria, depois parti para as coisas de criança.
Com as coisas que gostava de vestir a sua filha?
Tudo começou por aí. Comecei por desenhar e confecionar as peças, e, logo a seguir, fiz uma parceria com uma empresa de têxteis e passei a fazer a personalização de t-shirts e camisolas também para crianças.
Comercializava as peças como?
Só através do Facebook. Aceitava encomendas e personalizava tudo. A pessoa podia escolher o tecido, a letra, e acertava todos os pormenores comigo.
E como é que a marca cresceu?
Ao fim de um ano fiz um balanço, pensei no que ia fazer a seguir e decidi ir para a rua. A primeira feira que eu fiz foi o Family & Friends Market (FFM) no Patio da Galé, no início deste ano, e a partir daí nunca mais parei.
O objetivo foi dar a conhecer a marca?
Exatamente. Corri todas as capelinhas e tem sido uma experiência muito cansativa mas muito positiva. Isto de fazer feiras não tem o glamour que as pessoas imaginam! Obrigam a muitas horas de pé, é muito cansativo...
A receptividade tem sido boa?
Tem sido excelente. O retorno é fantástico. As pessoas adoram e aderem à marca porque os preços são muito competitivos, quer na roupa de criança quer na nova aposta da roupa de adultos.
Tem roupa para rapaz e rapariga?
Mais rapariga, porque a roupa de rapaz é mais complicada. Quando são muito pequeninos ainda usam uma golinha, depois os pais já não querem porque acham que aquilo é muito feminino.
Também tem acessórios?
Tenho fios, mochilas, malinhas, a coleção completa.
Como é que aprendeu a desenhar as peças? Inspira-se onde?
Vejo revistas e todo um mundo de páginas na Internet cheias de sugestões. O jeito é uma aptidão natural que herdei do meu pai que é muito vocacionado para o desenho, por isso não me custa muito pôr no papel a minha ideia, embora neste momento a execução já não passe toda por mim.
No início, as peças eram mesmo confecionadas por si?
Eram. Passei a dar utilidade a uma máquina que a minha mãe me ofereceu há uns anos e que estava na caixa, e ainda hoje a parte da personalização sou eu que faço, assim como toda a bijutaria.
E soube logo usar a máquina?
Quando a tirei da caixa pensei: ou ela ou eu! Comecei por ler o manual de instruções, fui treinando, e, de um momento para o outro, passei a dominar aquilo. Agora até estou a pensar investir numa máquina mais sofisticada que faz bordados...
Lembra-se das primeiras peças que fez?
Foram para a minha filha, para os meus sobrinhos e para as filhas das minhas amigas. Depois fui colocando as fotografias no Facebook, e, aos poucos, as encomendas foram surgindo. A minha página começou sem parcerias nem apoios e foi-se fazendo sozinha graças aos amigos.
No início não deve ter sido fácil?
Desconhecia o mundo das parcerias e dos blogues. De facto, até ao dia em que a minha filha nasceu, estava tão ocupada que não tinha tempo para me dedicar a isso, nem sabia que existiam!
Qual é o próximo projeto?
Abrir um espaço porque dá muita credibilidade à marca. Deixa de ser uma coisa imaginária para passar a ser real, embora queira continuar a apostar nos mercados porque é um sucesso que já está ganho. As pessoas vão e gostam do conceito da diversidade.
É uma boa aposta de negócio?
Já começa a ficar um pouco massificado porque toda a gente que fica sem emprego abre um negócio próprio. Mas temos de ter em atenção que comprar os tecidos e mandar fazer a uma costureira encarece muito uma peça! São valores que não têm nada a ver com os preços das coisas que vêm da China nem sequer da Zara ou da Primark...
Qual , talvez quando tiver o meu espaço...eres'E continuo a aprender com isto tudo. Hnto j negam coisas giras para criança, ia sobret é o segredo?
Criar peças com um preço competitivo e ir ao encontro daquilo que o mercado tem para oferecer. O ideal é ter peças diferenciadas e edições muito limitadas. Acho que tenho conseguido ir ao encontro do gosto das pessoas porque neste momento já só me restam seis peças da coleção de Verão.
Já está a pensar no inverno?
Já estou a produzir a coleção Outono/Inverno para crianças e adultos. E continuo a aprender com isto tudo e a tentar enquadrar-me. Há dois anos não imaginava que no início do Verão já tinha de estar a pensar na roupa do próximo inverno.
A roupa para as mulheres tem a mesma marca?
É tudo igual. Para já não criei separação mas não sei se no futuro o farei, talvez quando tiver o meu espaço...
Faz as peças da mãe a combinar com as da filha?
Pouca coisa, experimentei no verão e não resultou. Só resulta nas t-shirts e nas camisolas.
Quando decidiu fazer roupa para mulher?
Surgiu um pouco nesta linha: as mulheres vão aos mercados e conseguem comprar um pouco de tudo se as coisas foram bonitas e o preço for simpático.
A sua bebé ainda está em casa consigo?
Já está na creche. É bom para ela e para mim porque não é possível ir às fábricas ou às costureiras com uma bebé atrás... A vantagem é que posso ir buscá-la à creche a qualquer hora porque não tenho um horário de trabalho fixo.
Tem algum hobi?
Não sobra tempo para nada. Trabalho imenso.
O seu marido queixa-se da sua indisponibilidade?
De maneira nenhuma. A marca existe porque ele a apoia. Não faria nenhuma feira se não fosse com ele. O meu marido é o meu maior apoio! E tenho a certeza que as melhores feiras correram tão bem porque estávamos os dois. O meu marido tem uma simpatia natural e uma aptidão comercial gigante.
Onde gostava de chegar?
Gostava de fazer revenda e de ter o meu espaço e que a minha marca tivesse algum peso mas não quero criar muitas expectativas. Até agora o projeto tem andado por si e eu tenho ido atrás das oportunidades que têm surgido.
Nunca se arrependeu de ter deixado a advocacia?
Nada, até porque sempre tive a certeza que não tinha a menor apetência para isso.
Está feliz com o que está a fazer?
Muito feliz mesmo!
Texto: Palmira Correia
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