Ninguém dá nada a ninguém
Quando surgem campanhas de créditos sem juros normalmente estão associados a aquisição de bens de consumo (eletrodomésticos, televisores, equipamentos de telecomunicações). A primeira pergunta que deve fazer é se o preço que estão a aplicar é o mesmo que estava há uns meses atrás. Pode acontecer que por uma estratégia de marketing estejam a promover um artigo aproveitando-se da mensagem de crédito sem juros para vender por um preço mais elevado. Quem está a vender não está a dar nada e é evidente que pagar a posteriori é um risco mais elevado para quem vende e esse risco tem de ser compensado financeiramente.
Não consegue poupar mas faz uma compra sem juros
Este é um comportamento muito típico na nossa sociedade. Dizemos com toda a convicção que é impossível poupar um euro que seja, mas no entusiasmo de uma “campanha exclusiva” (será assim tão exclusiva!?) assumimos uma prestação fixa para os próximos 12, 24 ou 36 meses. Não seria preferível controlar o impulso e fazer uma poupança durante esse mesmo tempo? Até pode acontecer que passado o tempo de poupança para comprar, por exemplo, um televisor chegue à conclusão que afinal não precisa de um equipamento assim tão caro e escolhe um de gama mais baixa. É uma questão de controlo do consumo.
Uma prestação é um compromisso
A sociedade de consumo em que vivemos leva-nos a assumir que precisamos de determinados confortos para ser feliz e que se não o consegue ter no imediato, então alguém ajuda a antecipar essa necessidade. O problema desta situação é que no início é tudo uma maravilha, mas passadas umas semanas ou uns meses, aquela satisfação momentânea já não tem assim tanta importância e o compromisso da prestação começa a pesar mais. Quantos serão os consumidores que pensam na precariedade do seu emprego antes de entrarem numa campanha de crédito sem juros? Repare que hoje pode ser suportável para o seu orçamento familiar um encargo fixo de mais 30,00€, mas se daqui por uns meses perder condições salariais terá de continuar a cumprir com a prestação. Irá ter de cortar despesas e poupar dinheiro noutros lados…
Parece que no mundo em que vivemos tudo muda muito rapidamente, por isso aconselhamos prudência (muita prudência) antes de se decidir por uma campanha desta natureza. Não significa que não seja uma boa oportunidade. Significa antes que devemos fazer um diagnóstico financeiro para podermos tomar decisões esclarecidas e boas para a nossa vida.
João Raposo
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