Um dos sintomas mais frequentes do sobreendividamento em Portugal é o recurso excessivo aos cartões de crédito. É comum que o primeiro impulso, no momento que surge um imprevisto, seja usar o cartão de crédito como primeiro recurso.

Para usar o cartão de crédito de uma forma prudente é necessário disciplina e rigor, mas também é preciso ter em atenção alguns pormenores. Conheça seis dicas que o vão ajudar a fazer um uso mais responsável do cartão de crédito.

1. Conte o número de cartões de crédito que tem na carteira e surpreenda-se

Faça  o seguinte exercício: conte quantos cartões de lojas que lhe dão descontos tem na carteira. É verdade que os descontos são um benefício, mas não quando levam a pagamentos fracionados, sujeitos a taxas de juro muito altas. Estes funcionam como um cartão de crédito, tendo inclusive financeiras por trás. Assim, analise os cartões de desconto que tem na carteira e avalie quais o que funcionam apenas como cartões de pontos/desconto e os que funcionam como cartão de crédito e pondere desistir destes últimos.

Quanto ao cartão de crédito “normal”, não se deixe levar pelos benefícios que estes possam oferecer, como por exemplo os descontos de gasolina ou restauração. Ainda que aceite ter um cartão de crédito para ter acesso a algum benefício específico, no momento de um imprevisto existe uma grande probabilidade de vir a usar este cartão.

2. Verifique quando fez o seu cartão de crédito

Procure o contrato do seu cartão de crédito ou consulte no seu extrato online qual a taxa de juro que está a pagar. Se fez o cartão há mais de 2 anos, irá constatar que as taxas de juro estão significativamente acima de 20%. Hoje em dia, as taxas máximas permitidas por lei para novos créditos estão perto de 18%.

3. Escolha bem a modalidade de pagamento

Não opte por pagar o mínimo.  As modalidades de pagamento do cartão de crédito variam entre os 3% e os 100%, ou seja, pode escolher a percentagem do valor da dívida que pretende pagar.

Se escolher pagar a 100%, a primeira prestação do seu crédito será a totalidade da dívida, sem que lhe sejam acrescentados quaisquer juros. Por isso, não caia na tentação de alterar a sua modalidade de pagamento, pois assim vai estar a optar por uma modalidade em que vai pagar juros.

4. O limite não é o céu, é o seu rendimento.

Pode parecer um pouco conservador, mas o limite máximo para o plafond do seu cartão de crédito não deverá ser superior ao seu rendimento mensal. Se recorrer com muita frequência ao cartão de crédito e o plafond do seu cartão for muito elevado terá mais dificuldades em pagá-lo, podendo mesmo transformar-se numa grande dor de cabeça todos os meses.

5. Faça as contas a todas as despesas do cartão

Ainda que escolha a modalidade de pagamento a 100% não se esqueça da anuidade. Por norma, um cartão de crédito tem uma anuidade que pode ir dos 14€ a mais de 50€.

Confirme cada detalhe relativo a estes custos, pois há cartões que têm de facto isenção de anuidade, mas há outros cuja isenção é apenas no primeiro ano ou só é válida de acordo com determinados critérios de utilização do cartão.