Há um medo que quase dói. Medo de dizer algo de errado. De não saber o que dizer. Medo de interagir.
É o que uma cliente minha chama de inaptidão social. Mas, será possível existir tal inaptidão?
Aparentemente sim. podemos sofrer ao pensar no que podemos ou não dizer a pessoas com quem nos cruzamos. No esforço que teremos de fazer para 'fazer sala' com desconhecidos ou conhecidos do momento. O que poderemos dizer a quem não conhecemos de todo.
Há alguns anos atrás pensava para comigo que se fosse homem e gostasse de futebol teria a minha vida facilitada. Um pensamento que não durou mais de 2 ou 3 minutos. Na verdade, havia sempre mulheres e quem não gostasse de futebol nos eventos por onde fui passando. E com quem continuaria a ter de fazer conversa. Mais: eu própria não adoro o tema. Não faço ideia de nomes. Nem de passes. Nem de estratégias. Nada fácil portanto.
A política não colava na minha tenra existência. E o tempo, esse, parecia óbvio demais e, portanto, pouco razoável. Mas seria mesmo?
Na altura procurei aproveitar outras situações (que não as profissionais) para testar temas. Viagens. Crianças. Novos restaurantes. Ocupações de tempos livres. Livros e filmes. A cada situação um tema. Casamentos e baptizados passaram a provas de qualificação para as conversas de circunstância. O 'temido' small talk.
Com o tempo e com as diferentes oportunidades fui ganhando calo. Aprendi a saltar de tema para tema. A entreter. E a ser entretida. Afinal a comunicação tem destas coisas: há dois lados (pelo menos) e há reciprocidade, quando estamos atentos.
Percebi que, mais do que os temas, importa os brilhos que vemos surgir nos olhos dos outros. No entusiasmo que anima a voz. Que dá mais expressão às mãos, ao rosto. ao sorriso que naturalmente salta. ao calor que aproxima interesses.
Enfim: manter o outro preso a nós e nós a ele, pelo laço de temas comuns, próximos, mas também pelo novo olhar que podemos trazer. Ou novas perspectivas que alguém mais novo ou mais velho, com experiências de vida diferentes, com mundo diferente, pode trazer.
Com o tempo, com a experiência, foi ficando mais fácil. Muito mais fácil. Até ser natural. Até ter a calma inerente ao saber como é. Até gostar de o fazer.
Foi quando notei que a ansiedade que podia trazer para aqueles dias há muito que desaparecera. Já nem me lembrava por que razão me atormentava.
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