Por mais miserável que a sua vida lhe pareça neste momento, baixar os braços não é solução e ajudar os que o rodeiam pode ser também uma forma de se ajudar a si, sobretudo em alturas em que o consolo é o nosso último recurso. "Liste os aspetos em que a sua vida melhora quando consola os outros ou quando se permite consolar-se a si mesmo", aconselha Teresa Marta, coach para a coragem e especialista em bem-estar.

"Caso tenha chegado à conclusão que consolar e deixar-se consolar é algo que melhora a sua vida, comece a praticar. Identifique alguém que acha que precisa de consolo e aja de modo a fazê-lo sentir-se mais confortável, seguro e entendido. Pode, por exemplo, perguntar à pessoa se quer falar sobre o que a preocupa, se a pode ajudar de alguma forma", recomenda a especialista, autora do livro "Fazer do medo coragem".

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"Abra a sua janela. Diga à pessoa que também já teve momentos complicados e que o facto de recusar ser consolado só fez com que as coisas demorassem mais tempo a passar", sugere.

"Pergunte à pessoa se pensou em soluções. Isto vai ajudá-la a sair do ciclo vicioso do acontecimento traumático. Se não souber o que fazer ou dizer, simplesmente fique presente. Pratique o estar para", aconselha ainda Teresa Marta.

Os erros a evitar

Durante o processo, há cuidados a ter. "Para que o consolo tenha o efeito desejado e acalme o sofrimento que está a ser sentido, é preciso evitar alguns erros comuns", adverte a coach. "Ao dar consolo, é essencial apresentar soluções e tentar resolver as coisas pela pessoa", aconselha. "Às vezes ouvir, apenas, opera milagres", assegura Teresa Marta, que aponta ainda um comportamento, nocivo, a evitar.

"Ultrapassar os limites do consolo transformando a pessoa num coitadinho" é um erro a evitar a todo o custo, assim como "fazer perguntas desnecessárias e querer saber demais". "Consolar é diferente de intrometer-se", realça a especialista, que aponta outros comportamentos comuns que são passíveis de críticas, como «não deixar a pessoa falar» e/ou "inundar com exemplos de superação pessoal".

A lista inclui ainda "fazer juízos de valor sobre o problema do outro" e "tentar a todo o custo transformar a dor da pessoa em algo positivo". A justificação é simples. "Vai soar a falso!", assegura Teresa Marta. Ao receber consolo, também há mecanismos de defesa que podem funcionar como resistências que, também elas, devem ser contornadas. "Achar que não precisa ser consolado" é uma delas. Mas há mais…

Os pensamentos associados a medos que deve combater

"Considerar-se inferior por ser consolado", associado ao medo de perder o poder pessoal, é outro dos pensamentos a vencer, assim como "pensar no que os outros vão pensar de si" que a especialista associa ao medo do ridículo. "Achar que ser consolado é para os fracos", tradicionalmente associado ao medo da humilhação, é outro dos pensamentos a combater.

"Considerar que o querem ajudar para tirar benefícios", "achar que consegue resolver tudo sozinho" e/ou "pensar que perde o respeito dos outros", muitas vezes associado ao facto de não querermos ser vistos como incapazes, também são pensamentos a descartar. "O primeiro ato de consolo que deve ter para consigo próprio é libertar-se da autocrítica. E da crítica dos outros!", sublinha Teresa Marta.

"Não se massacre. Assuma a sua humanidade e foque-se em tudo o que já fez bem", recomenda a consultora de bem-estar. "Diminua a sua necessidade de controlar o processo da vida e o rumo dos acontecimentos. Liberte-se da ideia de que a sua forma de ver e de fazer são as mais corretas e, como tal, tudo o que não cumprir é uma derrota", refere Teresa Marta.

Em jeito de conclusão, a especialista deixa ainda conselhos sobre a linha de pensamento a adotar desde já. "Não existem derrotas na minha vida. Existem aprendizagens", ressalva a autora do livro "Fazer do medo coragem", publicado pela Matéria-Prima Edições. "Todas as derrotas dão origem a algo novo, algo que pode ser ainda melhor do que aquilo que eu imaginei para esta situação", insiste a coach.