Se quer preservar a sensação de bem-estar que a felicidade lhe oferece, precisa de estimular a resiliência, capacidade essencial para fazer face a situações desagradáveis que muito provavelmente irão acontecer. A boa notícia é que os nossos circuitos cerebrais se renovam ao longo da vida, pelo que estamos biologicamente preparados para reforçar os que são responsáveis pelas emoções positivas. É um aspeto da chamada neuroplasticidade.
Não se trata de reprimir as emoções negativas, mas de aprender a tirar partido das capacidades de adaptação do cérebro para concretizar o seu potencial. Eis dois caminhos que o vão ajudar a ser bem-sucedido nessa missão:
1º passo: Conheça-se a si mesmo
Tente ser o mais honesto possível e escreva as respostas que encontrar para as seguintes perguntas-chave que elaborámos com a ajuda de Vítor Rodrigues, psicólogo clínico:
- O que me faz realmente feliz? Esqueça o Euromilhões e o príncipe ou a princesa encantada e responda tendo em conta o contexto atual e/ou real da sua vida...
- O que posso mudar no meu comportamento que me ajude a ter uma vida mais equilibrada?
- Quais foram os momentos mais felizes da minha vida?
- Sou capaz de ser feliz sem partilhar a felicidade que sinto?
- Que momentos de felicidade desperdicei e me arrependi?
2º passo: Passe à prática
Agora que já percebeu o que o torna feliz, aprenda a fortalecer este estado emocional mesmo nos momentos de contrariedade. Tal Ben-Sahar, professor de psicologia positiva em Harvard, sintetiza as estratégias da felicidade que ensina aos seus alunos da seguinte forma:
- Não rejeite as emoções
Rejeitarmos as nossas emoções, sejam elas positivas ou negativas, conduz-nos à frustração. É exactamente quando concedemos autorização a nós mesmos para sermos humanos e vivenciarmos emoções dolorosas que temos maior probabilidade de estarmos abertos e viver emoções positivas.
- Conjugue propósito e prazer
Seja no trabalho ou em casa, deverá envolver-se em actividades que tenham significado para si e que, simultaneamente, lhe concedam prazer, nem que seja apenas algumas vezes por semana. Os estudos demonstram que uma hora ou duas de experiências recheadas de prazer e significado pessoal podem afectar a qualidade de um dia ou até de uma semana.
- Reaprenda a ler a realidade
À excepção de circunstâncias extremas, o nosso nível de bem-estar é determinado pelos aspectos a que decidimos dar maior enfoque e pela nossa interpretação dos acontecimentos. Por exemplo, encara os falhanços como algo catastrófico ou como uma oportunidade de aprendizagem?
- Simplifique e diga não
A quantidade influencia a qualidade e comprometemos a nossa felicidade ao tentarmos fazer demasiado. Saber dizer não aos outros muitas vezes significa dizermos sim a nós mesmos.
Veja na página seguinte: O hábito que deve cultivar e a ligação que deve respeitar
- Respeite a ligação mente/corpo
Aquilo que fazemos ou que não fazemos com o nosso corpo influencia a nossa mente. Praticar exercício, dormir um número de horas suficientes e adoptar uma alimentação equilibrada tanto contribui para a saúde física como mental.
- Cultive a gratidão
Exprima gratidão sempre que possível. Embora os estudos científicos tenham já demonstrado que a gratidão contribui para a nossa longevidade, demasiadas vezes esquecemo-nos de agradecer o que de positivo nos acontece, encarando-o como um direito adquirido. Aprenda a apreciar e a saborear as coisas simples e fantásticas do dia-a-dia, sejam as pessoas, a natureza, a comida ou um simples sorriso.
Para saber mais sobre as origens da felicidade, clique aqui.
Para aprender a reconhecer os principais mitos associados à felicidade, clique aqui.
Para aprender a lidar com outros estados emocionais, clique aqui.
Texto: Rita Miguel com Vítor Rodrigues (psicólogo clínico e ex-presidente da EUROTAS - Associação Transpessoal Europeia)
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