A relação conjugal é o lugar onde muitas vezes as ansiedades e as necessidades de cada um são expressas, perspetivando algumas respostas para repor o bem-estar individual. Um dos seus intuitos é corresponder às necessidades de cada um e ver as próprias satisfeitas.
No início de uma relação amorosa, as qualidades do companheiro são amplificadas e existe a esperança de modificação das caraterísticas não aceites. Ao longo da relação, acontece a tentativa de alterar o que se tornou intolerável. É comum a dinâmica da relação assentar no avanço e recuo, no investimento e aceitação do que pode parecer insuportável no outro. A relação a dois necessita do cuidado de ambos e precisa responder às expetativas dos implicados nesse caminho. O relacionamento é ameaçado quando se rompe a ideia do que se quis construir ou quando se desidealizou o parceiro. Nesse momento, a relação pode mostrar-se mais vulnerável e a rutura ser uma das respostas ao confronto com a desilusão.
Na separação muitas emoções surgem no casal, sendo que alguns se deparam com a incapacidade de elaborar o luto dessa relação. Essa vivência traz a dor, o sofrimento, a culpa, o sentimento de rejeição e até a insegurança de voltar a ser amado, questionando o seu valor pessoal. A perda do amor nem sempre é aceite por ambos os membros do casal do mesmo modo e surgem ressentimentos que não facilitam a possibilidade de ultrapassar esta crise. A pessoa que está ressentida, por vezes, não consegue coresponsabilizar-se pela rutura.
A elaboração do luto é dificilmente realizada se não acontecer o desinvestimento amoroso, o que impede novo reinvestimento. Ultrapassar este evento psicológico não implica esquecer, mas é fundamental reconhecer a desordem das emoções, permitir a tristeza e o sentimento de desamparo. A capacidade de reparar este desamor depende da maturidade emocional dos sujeitos envolvidos e da habilidade de resolução de conflitos que decorrem da experiência vivenciada.
Na rutura amorosa predominam sentimentos de infelicidade, incerteza, insegurança, baixa autoestima e perturbações de sono, de apetite e ansiedade. A separação abana a estabilidade e o equilíbrio psicológico e pode trazer reações desajustadas, irracionais e impulsivas. A forma como se perceciona o final da relação tem diversos tipos de impacto emocional para além dos referidos. Algumas pessoas não sabem o que pensar e ficam em modo anestesia, outras isolam-se e os demais procuram compulsivamente nova companhia.
Importante é lidar com os sentimentos que surgem, permitir senti-los e estar disponível para continuar a sentir. A perda pode ser a oportunidade para outros ganhos e conquistas pessoais e interpessoais.
Sandra Helena - Psicóloga clínica e psicoterapeuta
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