A única maneira certa de vivê-la? Como se estivéssemos a fazer amor com ela. E o amor, esse, só de duas maneiras se faz: suavemente ou à bruta. Dizem que suavemente é amor e que à bruta é paixão. Irrelevante, se assim é ou não.
Só que às vezes a suavidade não chega. São boas as carícias, sim, e a sensação de pertença, e os suspiros melosos. Sabem bem os murmúrios cúmplices, as entradas lentas, os gemidos sentidos da entrega. Sabem bem mas não chegam. Porque às vezes a vida tem que ser tomada à bruta. Pela cintura. Com ambas as mãos. Às vezes temos que lhe agarrar nos cabelos, cravar-lhe as unhas nas costas, dobrá-la ao meio e forçá-la de encontro a nós. Temos que olhá-la nos olhos e fazê-la entender que é nossa, só nossa, de ninguém mais... e que vamos possuí-la como antes nunca nada.
Só vale a pena se fizermos amor com ela. E às vezes tem mesmo que ser à bruta. Com paixão ou com amor, chamem-lhe o que quiserem. Sempre que a suavidade não chegue, temos que entrar nela com a nossa máxima força, com o grito surdo de um incontrolável desejo... e emprenhá-la de nós.
Ana Amorim Dias
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