Estudos recentes sobre a prevalência da dor crónica concluíram que mais de 30% da população portuguesa sofre de dor crónica. A dor crónica distingue-se da dor aguda, que é desencadeada pelo sistema nervoso central para alertar o organismo quando ocorre uma lesão, por ser persistente. Podem ser provocadas inicialmente por alguma lesão - quedas, escoriações, torções, pancadas - ou podem não ter nenhuma causa visível ou identificável.

Globalmente, os dados disponíveis indicam que a dor crónica tem um impacto significativo na qualidade de vida relacionada com a saúde e capacidade produtiva da população. A nível social, a dor crónica tem um custo elevadíssimo considerando não só os custos diretos em despesas de saúde mas também os custos sociais resultantes do absentismo ou das reformas antecipadas

A população feminina é a mais afetada, possivelmente porque a sua esperança de vida é maior, mas também porque a dor crónica está associada a doenças degenerativas mais frequentes nas mulheres. Estima-se que mais de um milhão e quatrocentas mil mulheres portuguesas sofram de dor crónica. Muitas vezes esta situação é negligenciada que, por ser tão vulgar e frequente, não é valorizada.

A dor aguda, que pode surgir, ou não, de uma forma repentina e deliberada, está associada a uma causa reconhecida. Funciona habitualmente como um alerta e incentiva-nos a procurar cuidados de saúde. Neste caso, pode ter uma abordagem fisioterapêutica, com a aplicação de termoterapia, neste caso com a crioterapia, tratamento através do frio.

Quando a dor permanece, quer porque a situação de saúde que a desencadeou não ficou resolvida, quer devido a outros mecanismos que levam à perpetuação da dor, temos então presente a dor crónica ou persistente que, de acordo com os consensos internacionais, dura pelo menos há mais de três meses ou para além do que seria habitual no processo de resolução da doença.

Dor crónica deve ser reconhecida como doença

Esta situação de dor crónica deve ser reconhecida como doença, embora possa resultar de situações muito diferentes. Trata-se de um problema grave de saúde pública pela extensão de população abrangida. As situações mais frequentes reconhecidas de dor são as lombalgias, as dores ósseas, as cefaleias, as dores associadas a lesões nervosas e a fibromialgia.

Ao nível da fisioterapia, a aplicação do calor na dor crónica tem um efeito fundamental. Para a dor crónica, que está associada muitas vezes a contraturas musculares como se observam nas lombalgias, dorsalgias ou cervicalgias, o tratamento através do calor tem grande eficácia, pois atua como relaxante muscular e analgésico. A aplicação do calor para o tratamento e alívio da dor pode ser executado sob várias formas.

Em casa e em repouso, as bolsas de gel quente, que hoje em dia são muito práticas de utilizar e que podem ser rapidamente aquecidas no micro-ondas são as mais aconselháveis e, fora de casa, no trabalho, os emplastros térmicos são uma boa solução para atenuar a dor e permitir um aumento de mobilidade, proporcionando, desta forma, uma melhoria da qualidade de vida.

Por Margarida Vacas Carvalho, Fisioterapeuta