O nível da lesão provocada pela spina bifida depende da localização da malformação na coluna e da quantidade de terminais nervosos que se «desligaram». Logo, quanto mais alta a lesão se encontrar maior será o nível de afectação e as dificuldades da criança.

Esta malformação pode provocar a perda de sensibilidade e mobilidade nos membros inferiores e incontinência.

As crianças que padecem desta doença têm um maior risco de mortalidade ou de sofrer outras complicações devido ao facto do tubo neural e os nervos não estarem protegidos adequadamente pelos músculos, a pele e os ossos, estando revestidos por uma fina membrana.

De referir que anualmente nascem em Portugal mais de 100 crianças com defeitos do tubo neural (DTN), provocados pelo incorrecto desenvolvimento do sistema nervoso ou do canal neural, dos quais o mais comum é a spina bifida.

A coluna vertebral é composta por 33 ossos ou vértebras que têm duas funções principais: proteger a spinal medula e dar apoio aos músculos. Da spinal medula saem as raízes nervosas que, por sua vez, se vão organizar em nervos, responsáveis pela transmissão da informação de e para o cérebro.

Spina bifida e hidrocefalia e o sistema nervoso

O sistema nervoso central e a coluna desenvolvem-se entre o 14º e o 28º dia após a concepção. A spina bifida resulta de um defeito no desenvolvimento do tubo neural.

As vértebras afectadas têm um defeito posterior e assim o anel ósseo não cerca completamente a spinal medula. Isto deixa uma abertura de modo provocando a divisão do braço posterior – isto é bífido. Este problema pode ocorrer numa ou mais vértebras sendo mais comum ao nível da cintura.

O sistema nervoso central é formado pelo cérebro e pela spinal medula. Todas as actividades do corpo são controladas pelo cérebro, que faz a recolha das informações vindas quer do ambiente externo, quer do interior do corpo, a sua armazenagem e, por fim, a sua análise. Posteriormente dá as respostas adequadas às sensações que registou em primeiro lugar.

As mensagens do cérebro são levadas às diferentes partes do corpo pelos nervos passando pela spinal medula situada no centro da coluna vertebral. Este sistema de comunicação do corpo é muito importante e necessita de protecção.

Spina Bifida Oculta

Este é um tipo muito comum que raramente causa deficiência. Existe uma formação ligeiramente deficiente de uma das vértebras. Pode ter algumas manifestações externas como por exemplo uma cova nas costas ou tufo de pêlos nas costas.

Não há sintomatologia deste tipo de spina bifida o que faz com que muitas pessoas afectadas desconheçam que têm esta malformação.

A spina bifida oculta pode ser detectada por raio X quando, por acaso, se faz um exame radiológico. Nestes casos pode ser extremamente assustador ser diagnosticada spina bifida mas deve-se salientar que deste tipo de spina bifida não advém quaisquer problemas ou sintomas.

Spina Bifida Cistica

Os sinais visíveis são uma «bolsa» ou quisto na região dorsal coberta por uma fina camada de pele.

Existem dois tipos de spina bifida cistica:

O Meningocelo - Neste tipo de spina bifida, a bolsa contém tecidos que cobrem a spinal medula (meninges) e líquido cefalorraquidiano. Este líquido banha e protege o cérebro e a spinal medula. As raízes nervosas não estão geralmente muito lesadas e estão aptas a funcionar, por isso normalmente, existem muito poucos sinais de deficiência. É a forma menos comum.

O Mielomeningocelo - Este é o tipo de spina bifida cistica mais grave e mais comum. Neste caso a bolsa contém, para além de tecido e líquido cefalorraquidiano, também raízes nervosas e parte da spinal medula. A spinal medula está lesionada ou não totalmente desenvolvida.

Como resultado existe sempre alguma paralisia ou perda de sensibilidade abaixo da região lesada e problemas de incontinência quer da bexiga ou quer dos intestinos. A gravidade da deficiência depende da localização, malformação e da quantidade de raízes nervosas danificadas. Muitas pessoas têm problemas de incontinência devido a danos causados nos nervos que vão do fim da spinal medula para a bexiga ou para os intestinos.

Se a malformação se localiza a níveis superiores pode surgir:

Encefalocelo: Uma bolsa que se forma quando os ossos do crânio não se desenvolvem correctamente. Pode conter apenas líquido cefalorraquidiano, contudo pode conter também parte da massa encefálica, resultando em danos cerebrais.

Anencefalia:
Ocorre quando o cérebro não se desenvolve correctamente ou está ausente. Esta é uma lesão mortal.

Como e porque acontece a spina bifida?

O motivo exacto de o tubo neural se desenvolver incorrectamente ainda é desconhecido mas está provavelmente ligado a factores genéticos e ambientais.

No entanto, actualmente, o ácido fólico parece ser um factor importante para prevenir o aparecimento desta malformação, sendo aconselhada a sua toma diariamente pelo menos um mês antes da gravidez e durante as primeiras doze semanas de concepção. A spina bifida é um defeito que está presente logo à nascença.

Em Portugal a incidência de casos de spina bifida varia de área para área.

Embora a spina bifida não seja hereditária, existe um risco agravado de uma recorrência. Assim, se um casal tem um familiar ou um filho com spina sifida, existe risco de vir a ter outro bebé com o mesmo problema. O risco de um adulto com spina bifida vir a ter um filho com um problema semelhante é também muito maior.

Quais os problemas secundários associados à spina bifida?

Deve prestar-se especial atenção ao desenvolvimento social e psicológico das crianças e jovens com spina bifida. Devido ao grande leque de lesões neurológicas pode ser difícil identificar algumas deficiências secundárias.

Alguns exemplos de problemas secundários associados à spina bifida são a alergia ao látex, tendinites, obesidade, desordens gastrointestinais, dificuldades de mobilidade, depressões e problemas de ordem social.

Deve prestar-se especial atenção ao desenvolvimento social e psicológico das crianças e jovens com spina bifida. Muitos estudos recentes indicam claramente a presença de problemas emocionais que resultam de factores como baixa auto-estima e falta de capacidades de sociabilização

Quais os efeitos da hidrocefalia?

Podem surgir dificuldades de aprendizagem associadas à hidrocefalia tais como problemas de concentração, raciocínio e de memória de curto prazo. Podem surgir dificuldades de aprendizagem associadas à hidrocefalia tais como problemas de concentração, raciocínio e de memória de curto prazo.

A hidrocefalia pode ainda resultar em problemas mais subtis como problemas de coordenação e na capacidade de motivação e organização.

Efeitos físicos como problemas de visão e puberdade precoce também podem ocorrer. Muitos destes efeitos podem ser compensados através de estratégias de ensino ou tratamento adequado.

A importância do ácido fólico

O ácido fólico é uma vitamina do grupo B, hidrosolúvel, essencial para o bom funcionamento do corpo humano. Durante períodos de rápido crescimento, como a gravidez e desenvolvimento fetal, a necessidade desta vitamina aumenta.

Diversas investigações provaram que um suplemento diário de ácido fólico ajuda a reduzir até 75% o risco de os bebés nascerem com malformações como a spina bifida. Sem esta vitamina, a coluna pode não fechar apropriadamente durante as primeiras semanas de gravidez e o bebé pode nascer com deficiências graves.

O ácido fólico encontra-se em vários alimentos, como os brócolos, feijão, lentilhas, espinafres, e reduz as probabilidades de defeito do tubo neural, a incidência de anomalias e outros defeitos estruturais no feto ao mesmo tempo que diminui o risco de doenças cardiovasculares e as tromboses venosas. No entanto, a única maneira segura de se conseguir todo o ácido fólico necessário no princípio de uma gravidez é tomando um suplemento.

A comunidade cientifica recomenda às mulheres que tomem um comprimido de 400 microgramas (400mcg) de ácido fólico todos os dias antes de engravidar e durante as primeiras semanas de gravidez (muitas vezes a quantidade aparece escrita como 0,4 mg). Este suplemento diário vai reduzir substancialmente o risco de o bebé nascer com spina bifida.

A responsabilidade científica desta informação é da Associação Spina Bifida e Hidrocefalia de Portugal