A acne é uma das patologias mais frequentes em consultas de dermatologia, sobretudo em adolescentes. A doença desaparece naturalmente ao fim de alguns anos, mas pode persistir até aos 30 ou 40 anos.

É um dos factores responsáveis pela diminuição da auto-estima e depresão em adolescentes ou jovens adultos

Segundo o Dr. João Costa, interno da especialidade de dermatologia, “A acne é uma doença multifactorial, que envolve o pêlo e a sua glândula sebácea adjacente. Quando o canal excretor destas glândulas está ocluso por restos de células e sebo, surgem os microcomedões.

A inflamação e a colonização por bactérias são secundárias a essa oclusão. As primeiras lesões são os comedões fechados (“pontos brancos”) e os comedões abertos (“pontos negros”). As lesões subsequentes são as pústulas e nas formas mais severas de acne, surgem os nódulos e quistos”.

tratamento da acne

O tratamento é dirigido ao tipo e extensão das lesões, pelo que deve ser precedido de uma consulta médica e, posteriormente, acompanhado de consultas de reavaliação.

“Os tratamentos disponíveis para as formas menos severas consistem em antibióticos, antimicrobianos tópicos e cremes com retinóides, ou outras substâncias com efeito sobre os comedões. Após a resolução das lesões, o uso de peelings ou laser melhora as cicatrizes que esta patologia pode acarretar.

Nas formas mais severas, o tratamento padrão é a isotretinoína oral. Nas mulheres em idade fértil, a administração deste medicamento obriga a anticoncepção com pílula e uso de preservativo”, refere o médico.

A duração média do tratamento é de 6 meses a um ano. Segundo o Dr. João Costa, “no início da medicação pode haver um agravamento temporário das lesões, mas a melhoria da acne torna-se evidente ao fim de dois meses de tratamento”.

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Também as limpezas de pele periódicas e os cuidados adequados feitos em gabinete pela esteticista podem ajudar a melhorar as cicatrizes da acne.

O médico refere que, “o papel da esteticista é muito importante no aconselhamento das/os clientes, pois estas profissionais conseguem reconhecer um caso de acne e aconselhar as/os clientes a procurarem ajuda profissional de um dermatologista.

Alguns cuidados de rosto apropriados a peles com acne, e feitos em gabinete, podem ajudar a equilibrar uma pele oleosa e a disfarçar marcas de acne menos profundas”.

A exposição solar

Segundo o especialista, durante o tratamento da acne são necessários alguns cuidados com a exposição solar. “Os fármacos utilizados no tratamento desta doença, como os retinóides, diminuem a espessura da pele, aumentando assim o risco de queimadura solar, vulgar escaldão”.

Segundo o especialista, “os antibióticos prescritos, frequentemente tetraciclinas, podem também causar reacções fototóxicas graves. Estas reacções ocorrem quer em férias na praia, quer em férias na neve.

As interacções entre os medicamentos e a exposição solar levam a que frequentemente se interrompa o tratamento durante o Verão, viagens à neve ou a países tropicais”.

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Verão e acne
“Em 70% dos doentes, a inflamação associada à acne diminui com a exposição solar”, afirma o Dr. João Costa. Porque existe então uma melhoria da acne? Esta melhoria acontece porque a exposição solar cria uma hiperqueratinização que esconde as lesões da acne, “existe um efeito de camuflagem das lesões eritematosas”, refere o especialista.

Por estarem em férias, estas pessoas ficam menos stressadas, o que se repercute ao nível da quantidade de seborreia. O mar com a água salgada e o clima seco originam também menos seborreia. O próprio sol é considerado um anti-inflamatório, dado que os UV inibem as células de langerhans.

Existe realmente uma melhoria da acne provocada pelo sol. “No entanto, se a exposição solar for intensa ou prolongada pode agravar a acne existente ou originar algum tipo de acne provocada pelo sol”, explica o dermatologista.

Segundo o Dr. João Costa, “a utilização de protector solar “oil free” é aconselhada, assim como evitar o período das 11 às 16 horas nas idas à praia”. É importante realçar que a exposição solar intensa está também associada ao fotoenvelhecimento precoce e a diferentes tipos de cancro de pele. Saiba mais na próxima página

Tipos de acne relacionadas com o sol
O sol faz parte dos factores ambientais que influenciam a evolução da acne, mas existe uma melhoria ou um agravamento? Existem vários tipos de acne associados ao sol. Acne estival ou acne Mallorca
- A erupção começa por vezes na Primavera, fica mais intensa no Verão e desaparece no Outono. Aumenta com os banhos de sol prolongados em sujeitos de pele clara.

- As lesões, sobretudo pápulas, aparecem em 2/3 dias, são inflamatórias (tronco, braços, costas), poupando o rosto.

- Existem poucos comedões e microquistos.

- Tem um aspecto semelhante ao da acne aos esteróides.

- Não se trata de uma verdadeira acne. No entanto, as lesões inflamatórias papulosas acneformes têm resposta aos tratamentos anti-acneicos.

Acne tropical
- Trata-se de uma forma de acne severa.

- Agravamento de uma acne existente sob o efeito de um clima quente e húmido.

Acne cosmética
- Ligada à utilização de produtos solares oleosos, óleo solar, gel oleoso, creme oleoso.

Acne após a exposição solar
- Trata-se de uma forma clássica de acne que associa lesões retencionais e inflamatórias.

- Aparece 2 a 3 semanas após a exposição solar.

- É frequentemente mais severa do que antes do Verão e tanto mais acentuada quanto se constata uma melhoria aparente ao sol. Isto pode acontecer porque o tratamento foi suspenso. O espessamento da camada córnea diminui e leva à retenção sebácea secundária – comedões. A utilização de cosméticos não adaptados pode originar acne depois da exposição solar.

A acção pigmentória dos UV sobre as cicatrizes inflamatórias da acne podem piorar o aspecto da mesma. Fenómeno de “rebond” após exposição solar.

Agradecimentos: Dr. João Costa, interno da especialidade de Dermatologia; Club Quinta das Conchas, Lisboa; Uriage

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