O que são sarcomas?

Os tumores denominados sarcomas são neoplasias malignas com origem em tecidos mesenquimatosos, isto é, tecidos que formam as estruturas de suporte do organismo. A maioria dos sarcomas tem origem nos membros e no tronco.

Na globalidade, entende-se por neoplasia maligna aquela que na sua evolução natural tem a capacidade de crescer ou de se disseminar causando a morte do ser em que se originou.

A mortalidade causada por estes tumores é muito variável, dependendo da natureza e da fase de diagnóstico sendo que globalmente a sobrevivência aos 5 anos após o diagnóstico é de cerca de 50%, de acordo com dados do National Cancer Institute dos Estados Unidos da América.

Qual a prevalência destes tumores?

Os sarcomas são tumores raros que correspondem a aproximadamente 1% de todos os tumores malignos. Descrevem-se mais de 50 tipos morfológicos e inúmeros subtipos dependendo de características celulares ou genéticas mais específicas.

Na sua forma mais diferenciada podem assemelhar-se a um qualquer tecido humano e assim serem denominados de acordo com esse tecido. Por exemplo, um lipossarcoma é um tumor maligno morfologicamente semelhante ao tecido gordo ( lipomatoso) , um leiomiossarcoma quando a semelhança é com o tecido muscular liso, um angiossarcoma assemelha-se a estruturas vasculares, um condrossarcoma ou um osteossarcoma se as células são análogas a cartilagem ou a osso, etc.

A sua incidência é semelhante nos dois géneros e salvo raras exceções não se conhece uma causa determinante para a sua origem. Alguns são mais frequentes em crianças outros quase exclusivos de adultos.

Como surge?

Como em todas as neoplasias é uma alteração genética no DNA celular que motiva o aparecimento de novas células capazes de se reproduzir sem regulação ocupando tecidos vizinhos e outros distantes num processo que se chama respetivamente invasão e metastização.

Conhecem-se alguns síndromes genéticos, hereditários ou não, que se associam ao aparecimento de sarcomas como o Síndrome de Li-Fraumeni, o síndrome de Lynch, a Polipose Adenomatosa Familiar ou a Neurofibromatose.

Um fator de risco bem conhecido é a exposição a radioterapia.

Quais são os sinais de alerta?

Estes tumores são muitas vezes assintomáticos e bem tolerados na fase inicial, notando-se apenas um inchaço que vai evoluindo em dimensões, tornando-se sensível e muitas vezes doloroso. Como regra, o ritmo de crescimento e a dor traduzem maior agressividade e um pior prognóstico.

Por serem tumores tão raros são muitas vezes negligenciados. A sua evolução inicial sem dor, de uma forma insidiosa e lenta faz com que os doentes só procurem conselho médico em estados avançados. Frequentemente são interpretados como quistos, hérnias musculares, hematomas ou outras lesões comuns e deixados evoluir.

Como muitas das neoplasias malignas sólidas, a probabilidade de cura quando metastizadas é muito diminuída. É, por isso, muito importante o diagnóstico precoce!

Um diagnóstico precoce e tratamento adequado pode salvar vidas

Ainda que pouco se possa fazer no controlo individual dos fatores de risco o grande alerta fica para a importância de um diagnóstico precoce e de um tratamento bem delineado.

O tratamento dos sarcomas é complexo e exige o envolvimento de várias especialidades como Cirurgia Geral, Oncologia Médica e Radioncologia. Na doença localizada a cirurgia é muitas vezes a primeira opção, com tratamentos de radioterapia ou quimioterapia eventualmente associados.

A probabilidade de um tratamento bem sucedido depende diretamente da suspeição de malignidade e da abordagem diagnóstica.

Lesões de aparecimento recente e que revelem progressivo crescimento, dolorosas ou de localização  profunda e ainda lesões previamente excisadas e que reaparecem devem ser avaliados por um médico experiente e submetidos a avaliação por métodos de  imagem.  Muitos ainda devem ser estudados com biópsia (colheita de um fragmento para estudo anatomopatológico) antes de qualquer intervenção terapêutica.

Perante um diagnóstico de sarcoma qualquer doente deve ser orientado num grupo de profissionais com experiência nesta doença.

Um artigo do médico Flávio Videira, Cirurgião Geral no Instituto CUF Porto.