Contudo, os que são sintomáticos podem interferir de várias formas na sexualidade feminina, fundamentalmente por causarem desconforto pélvico ou por provocarem menstruações prolongadas e perda de sangue vaginal durante grande parte do ciclo menstrual.

Quando os miomas são causa de desconforto pélvico ou de dor, é frequente haver um agravamento com a atividade sexual, levando as mulheres a evitá-la.

Os miomas podem também diminuir a fertilidade, quer aumentando a dificuldade destas mulheres em engravidar quer, quando engravidam, sendo causa de abortos repetidos. Esta situação afeta a auto estima da mulher e a maneira como percepciona a sua sexualidade.

Esta interferência na vida sexual feminina, embora só ocorra numa pequena parte das mulheres com miomas, acaba por ser significativa devido ao grande número de mulheres com esta patologia. Nestas mulheres o tratamento é especialmente importante.

Durante muitos anos a histerectomia (cirurgia de remoção do útero) por via abdominal foi o tratamento mais frequente, e, ainda hoje, continua a ser. Contudo, existem alternativas cirúrgicas e médicas, que em muitos casos apresentam vantagens e devem ser ponderadas.

Os miomas que provocam menstruações aumentadas e prolongadas são, habitualmente, os que crescem para o interior do útero, chamados miomas submucosos. São uma minoria, visto que a maior parte dos miomas crescem dentro da parede uterina ou para o exterior do útero.

A histeroscopia 

O tratamento preferencial, destes miomas submucosos, é a histeroscopia que se trata de uma operação minimamente invasiva e simples e com muito baixa morbilidade (a doente, no dia seguinte, não tem dores e pode reiniciar a sua atividade normal). Tem a vantagem de remover o mioma de forma definitiva.

Nos outros casos, em que os miomas crescem dentro da parede uterina ou para o exterior do útero, poderá optar-se por uma terapêutica cirúrgica para retirar apenas o mioma, conservando do útero. Esta cirurgia poderá, na maioria dos casos, ser efetuada por laparoscopia (o que diminui a sua morbilidade), e está especialmente indicada nas mulheres que desejam conservar a sua fertilidade.

Especial importância adquiriu recentemente a terapêutica médica, com o aparecimento dum novo medicamento que permite diminuir os miomas e, consequentemente, os seus sintomas duma forma que se tem revelado duradoura. Este tratamento médico, que consiste na toma dum comprimido diário durante 3 meses, tem a vantagem de permitir evitar ou adiar o tratamento cirúrgico, em especial a histerectomia. É, por isso, uma opção a ponderar.

Apesar destas alternativas, a histerectomia continua a ser o tratamento mais frequente dos miomas sintomáticos, quando as mulheres já completaram a sua fertilidade e não pretendem voltar a engravidar. A racionalidade desta atitude deve-se à histerectomia ser um tratamento definitivo e ao útero deixar de ser útil quando já não se pretende ter filhos.

Por outro lado, a recuperação após a histerectomia tornou-se muito mais fácil, rápida e menos dolorosa quando é realizada por via vaginal ou laparoscópica. É importante clarificar também que a ausência do útero não altera, por si só, a qualidade da vida sexual da mulher.

Por Alberto Fradique, Médico Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia