A destruição das fibras musculares durante o processo inflamatório liberta enzimas que podem ser medidas no sangue.

A enzima medida com maior frequência é a creatina fosfoquinase, devido à sua alta sensibilidade e especificidade muscular. Desempenha um importante papel regulador no metabolismo dos tecidos contráteis e é encontrada em maior proporção no músculo-esquelético, músculo cardíaco e cérebro.

A extensão e gravidade da lesão vão determinar o grau de elevação da enzima. Os valores considerados normais em indivíduos do sexo masculino são até 130 UI/ml e em pacientes do sexo feminino até 110 UI/ml. Os níveis de creatina fosfoquinase são mais altos em pacientes com Poliomiosite e Dermatomiosite.

Os níveis séricos de outras enzimas como a desidrogenase láctica (LDH), o aspartato aminotransferase (ASAT) e aldolase são igualmente elevados em pacientes com Poliomiosite e Dermatomiosite. As elevações dos níveis destas enzimas podem ser explicadas pelo papel que exercem na regeneração da musculatura esquelética.

A desidrogenase láctica é uma enzima que existe em vários órgãos e tecidos do organismo, nomeadamente nos músculos esqueléticos, que ajuda no processo de transformação do açúcar em energia para uso das células. Quando alguma doença danifica as células, pode ser liberada na corrente sanguínea e aumentará o teor de LDH no sangue.

O aspartato aminotransferase é uma enzima encontrada principalmente nos músculos, no fígado e coração e é libertada para a circulação sanguínea após lesão ou morte das células. A medição destes valores é um teste ao funcionamento dos músculos. Se apresentarem lesões, a ASAT atinge valores elevados no sangue. A sua quantidade no sangue é medida através de um teste enzimático. Quanto maior for a atividade, maior é a presença da enzima no organismo.

A aldolase é uma enzima encontrada em todo o organismo, mas sua concentração é mais elevada nos músculos e fígado. O organismo converte a glicose em energia e um componente importante deste processo é aldolase. Podem ser verificados altos níveis de aldolase no sangue quando o paciente revela problemas musculares.

A pesquisa e identificação de autoanticorpos (anticorpos produzidos pelo sistema imune e que atuam contra uma ou mais proteínas do próprio indivíduo que o produziu), incluindo os autoanticorpos contra o núcleo celular (ANA) e autoanticorpos contra antigénios específicos, são parte integrante do diagnóstico e do seguimento dos pacientes com doenças autoimunes. A utilização da técnica de Imunofluorescência Indireta (IFI), em substrato de células HEp-2 para a identificação de autoanticorpos antinucleares (ANA), tem evidenciado ser um instrumento laboratorial muito útil no diagnóstico.

A determinação da ANA em células HEp-2 está na base de um teste capaz de detetar mais de 100 autoanticorpos clinicamente relevantes. O Teste de Imunofluorescência Indireta é baseado na ligação do autoanticorpo presente no soro do doente, com o antigénio das células HEp-2. A lâmina de vidro, coberta pela cultura de células HEp-2, será, depois de processada, observada ao microscópio de fluorescência. As células HEp-2 permitem disponibilizar todo um espectro de antigénios humanos e estão mais próximo da especificidade contra os quais os anticorpos são produzidos, possibilitando que um maior número de anticorpos seja detetado e facultando uma maior taxa de deteção.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia.

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica
Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica