O investigador português descobriu que a Telomerase, uma enzima que se encontra activa numa pequena sub-população de células tumorais responsáveis pela progressão e resistência a terapias oncológicas, não é essencial à sobrevivência das células estaminais fundamentais ao desenvolvimento infantil.

A descoberta abre portas à aplicação de inibidores de Telomerase que irão reconhecer e inibir especificamente as células cancerígenas sem afectar as células estaminais normais.

Através do uso de um inibidor de Telomerase, a equipa de cientistas conseguiu demonstrar que é possível erradicar células iniciadoras de tumores neuronais sem afectar células estaminais neuronais.

O mecanismo é uma descoberta da equipa integrada pelo português Pedro Castelo-Branco, do Centro de Pesquisa de Tumores Cerebrais Arthur e Sonia Labatt, do Hospital Pediátrico da Universidade de Toronto, mas que tem potencial aplicação em tumores neuronais em pacientes adultos. 

Ao SAPO, o cientista de 38 anos, natural de Covões, Cantanhede, revelou que o próximo passo deverá ser dado por equipas clínicas, que prosseguirão o estudo com ensaios médicos em pacientes que sofram patologias oncológicas.

A investigação “Uso de inibidores de Telomerase na Erradicação de Células Iniciadoras de Tumores Neuronais” foi publicada na revista Clinical Cancer Research, em Janeiro de 2011.

Castelo-Branco licenciou-se em Biologia na Universidade de Aveiro, obteve um doutoramento em Biologia Molecular na Universidade de Oxford, em Inglaterra, e nos últimos anos foi investigador e docente da Universidade de Harvard, nos EUA, instituição na qual iniciou a carreira de investigação em tumores cerebrais.