É a complicação mais frequente associada à doença de Crohn mas não se confina a apenas estes doentes. A oclusão intestinal, também designada como prisão de ventre ou obstrução intestinal, pode ocorrer devido a uma inflamação das paredes do intestino ou de uma peritonite.
Pode ainda ter na sua génese o desenvolvimento de um tumor que, ao longo do seu crescimento, se estende e ocupa o interior do canal.
Nessas situações, a dificuldade na progressão do conteúdo intestinal é consequência do espessamento da parede intestinal provocado pela inflamação. No caso da doença de Crohn, as úlceras, quando profundas, podem atingir toda a espessura da parede intestinal e estabelecer uma comunicação em túnel (fístula) com segmentos adjacentes do intestino ou com outros órgãos vizinhos (bexiga, vagina, pele). Nessas situações, estas fístulas originam por vezes a formação de abcessos, áreas infetadas com pus.
Estas complicações surgem por vezes na vizinhança do ânus. A doença de Crohn é uma doença sistémica, pelo que podem ocorrer complicações extra-intestinais, nomeadamente nas articulações, pele, boca, olhos, fígado e canais biliares. A formação de cálculos renais e biliares é, também, frequente nestes casos.
O risco de malignidade não é significativo na maioria dos doentes. Na generalidade das mulheres a gravidez decorre sem complicações. No entanto, recomenda-se que a concepção ocorra em fase de remissão clínica. Essa está, contudo, longe de ser a única causa. O intestino também pode ser obstruído pela presença de uma massa encravada no seu interior, como um cálculo biliar de consideráveis dimensões.
Essa massa encravada pode ainda assumir a figura de um conglomerado de parasitas ou um corpo estranho que atravesse os primeiros segmentos do tubo digestivo. Na sua origem podem estar ainda compressões externas, geradas por tumores de uma estrutura abdominal vizinha ou por aderências (bridas) ou cicatrizes das vísceras abdominais, muito comuns em doentes que realizaram cirurgiais abdominais.
Situações de estrangulamento de uma hérnia abdominal são outras das causas, quando um sector do intestino se enrola sobre si mesmo (vólvulo) ou que se introduz no segmento intestinal seguinte através de uma invaginação intestinal, o que impede a progressão do conteúdo dentro do intestino.
O resultado para este tipo de situações são cólicas abdominais e intestinais, podendo também ocorrer vómitos fecaloides. Para acalmar esses vómitos e para corrigir a distensão abdominal, é geralmente preciso recorrer a tratamento médico especializado, ministrado através de fármacos.
Em certos casos, é necessário realizar uma sondagem digestiva para aspirar o conteúdo intestinal acumulado por cima da oclusão. É também habitual a utilização de soro para administrar soluções endovenosas com vista a corrigir os desequilíbrios hidroelectrolíticos e prevenir ou tratar um possível estado de choque.
A lista de causas inclui ainda vólvulos e torçãos de alsa, cálculos biliares, bezoares (corpos estranhos), vermes (ascaris), complicações pós-cirurgicas, hérnias abdominais (internas ou externas), diverticulite e enterite por radiação, além de traumatismos e situações de íleo espástico e de isquemia mesentérica aguda, distúrbios metabólicos e intoxicação por chumbo (saturnismo). A acumulação de ar deglutido pode atingir vários litros diários.
Esse ar, misturado com os alimentos ingeridos e com as secreções do aparelho digestivo, constituídas por saliva, sucos gástricos, biliares, pancreáticos e intestinais , pode atingir um volume correspondente a seis a oito litros diários. A obstrução intestinal pode ocorrer em qualquer sexo e em pessoas de todas as idade.
Entre 2 a 25% dos casos são mortais, se não forem diagnosticados e tratados atempadamente. Para detetar esta doença, deve fazer um raio-X. Caso este exame se revele inconclusivo, pode complementá-lo com um ultrasom (ecografia) e/ou uma ressonância magnética.
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