Um estudo do Instituto de Higiene e Medicina Tropical em Lisboa, publicado no Journal of Proteomics, revelou a existência de uma associação entre a infeção crónica com vírus da hepatite D (VHD) e o cancro hepatocelular (tumor maligno que se origina nas células do fígado). Uma abordagem de proteómica, que consiste na análise das proteínas e variantes de proteínas, permitiu revelar um mecanismo envolvido na replicação de VHD que potencia o desenvolvimento de células cancerígenas.

Com este estudo, os investigadores descobriram que o VHD altera o ciclo normal de regulação das células entre duas fases específicas da divisão celular, provocando erros. Esta interferência estará na origem de processos carcinogénicos nas células. Além disso, verificaram que algumas proteínas celulares que participam no suicídio das células cancegígenas são sintetizadas em menor escala na presença do VHD.

Essa situação contribui para reduzir as defesas do organismo e potenciar o desenvolvimento do cancro. Esta descoberta, materializada num estudo de 2013, poderá contribuir, a longo prazo, para o desenvolvimento de terapias específicas, atualmente indisponíveis. A hepatite D ocorre apenas em doentes infetados com o vírus da hepatite B, aumentando progressivamente a gravidade dessa infeção.

A infeção ocorre através do contacto com sangue contaminado ou fluidos sexuais. Embora não exista vacina para este vírus, uma vez que este só pode infetar alguém na presença do VHB, a vacina contra a hepatite B previne a infeção por este vírus. Uma hepatite é uma inflamação do fígado. Este problema pode ter diversas causas, sendo as mais comuns os vírus. De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), 10 milhões de europeus sofrem desta patologia.