A hemorragia pós-parto é um assunto raramente falado
Os meios de comunicação publicam numerosos avisos sobre o cancro da mama e dos ovários, mas raramente há avisos sobre a possibilidade de hemorragias pós-parto.
Apesar da Organização Mundial de Saúde estimar que a hemorragia pós-parto é responsável pela morte de aproximadamente 200 mil mulheres por ano, é um assunto raramente abordado.
Talvez se deva ao facto da mortalidade das mães durante o parto ter diminuído radicalmente no último século, especialmente porque a maior parte das mulheres dá à luz em hospitais, que estão bem equipados caso ocorram hemorragias pós parto.
O número real é provavelmente muito mais elevado e tende a aumentar no futuro, porque em cada ano há um maior número de raparigas que entra no período reprodutivo. Não é preciso ser-se um génio da matemática para se chegar à conclusão de que nas próximas décadas irão morrer mais de 4 milhões de mães devido a hemorragias pós-parto e ainda mais crianças (recém-nascidos e os seus irmãos e irmãs mais velhos) vão tornar-se órfãos.
A hemorragia pós-parto impede a contracção dos músculos uterinos
A hemorragia pós-parto é a causa de morte mais frequente entre as grávidas e as mulheres que deram à luz. A causa reside na anatomia das veias sanguíneas que irrigam o útero.
Em outras partes do corpo, por exemplo, nos braços e nas pernas, as veias são paralelas às fibras musculares, e a hemorragia é facilmente travada exercendo uma pressão firme com uma gaze. As veias das paredes musculares do útero passam por entre os músculos e a hemorragia pós-parto só pode ser travada através da contracção muscular.
Durante o parto, surge uma ferida com cerca de 20 centímetros, no local onde estava a placenta, na parede uterina. Se as fibras dos músculos uterinos não se contraem correctamente, pode iniciar-se uma hemorragia grave.
A morte devida a hemorragia pós-natal é um risco a que todas as mulheres estão sujeitas, independentemente da sua posição social ou nível de educação. O risco reduz-se drasticamente se o parto for efectuado num hospital bem equipado, com pessoal médico experiente que tenha à sua disposição diversas possibilidades terapêuticas caso haja uma hemorragia pós-parto.
Longe da vista, longe do coração
Muitas pessoas, em muitas partes do mundo, não têm a sorte de ter hospitais, algumas mulheres não têm como pagar a despesa médica ou não conseguem chegar a tempo ao hospital.
Muitas organizações governamentais e não-governamentais têm efectuado muitos esforços para alterar esta situação, mas estes esforços nunca vão conseguir ultrapassar todas as fronteiras geográficas e institucionais. Alguns hospitais e clínicas construídas recentemente ainda não têm electricidade e outros equipamentos básicos que seriam necessários para solucionar o problema.
De acordo com o relatório do ano passado da UNICEF, dedicado à saúde das mães e dos seus bebés recém-nascidos, as mulheres dos países subdesenvolvidos têm uma probabilidade 300 vezes mais elevada de morrer durante a gravidez ou no parto, em comparação com as mulheres dos países desenvolvidos.
Esta é a maior diferença entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Na Nigéria, morrem 7 mulheres devido a complicações durante a gravidez ou parto, enquanto na Islândia apenas morre apenas uma em cada 47 600 mulheres.
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