Trata-se de uma doença do ouvido interno caracterizada por episódios recorrentes de vertigem precedidos por zumbido e perda auditiva.

Foi descrita pela primeira vez em 1861 por Prosper Ménière, um médico francês também conhecido pelo seu trabalho em prol da erradicação da cólera em França.

Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente em adultos entre os 30 e os 50 anos e é muito rara em crianças.

A sua causa ainda desconhecida, mas sabe-se que os sintomas se devem a um aumento de pressão ao nível da endolinfa do ouvido interno, que comprime os órgãos sensoriais do equilíbrio e da audição.

Esta hidropsia é transitória, pode surgir a qualquer hora do dia e não tem verdadeiramente um agente desencadeante, apesar de se saber que alguns fatores a potenciam, como o consumo de café, chocolate e sal, entre outros.

Sintomas

São quatro os sintomas que definem esta doença:

- Crises de vertigens de 20 a 30 minutos.

- Perda auditiva, primeiro nas frequência graves e depois nas agudas, que começa por ser flutuante e que, a pouco e pouco, se torna definitiva.

- Sensações auditivas anormais não originadas por sons exteriores (acufenos) mais ou menos intensas e que se tornam permanentes.

- Sensação de ouvido cheio (plenitude auricular).

Diagnóstico

Baseia-se na história clínica e na existência de duas ou mais crises de vertigem com duração mínima de 20 minutos, diminuição da audição em, pelo menos, uma audiometria, zumbido ou pressão no ouvido e exclusão de outras causas. Deve ser feito um exame de audiometria e um exame otoneurológico para avaliar a função auditiva e, ainda, uma videonistamografia, além de imagiologia (TAC ou ressonância) para excluir patologia retro colear.

O que acontece durante uma crise

A crise típica da doença de Ménière inicia-se com uma sensação de pressão no ouvido (ouvido tapado).

Manifesta-se depois pela diminuição da audição e zumbido do mesmo lado.

De seguida, surgem os episódios súbitos de vertigem, náuseas e vómitos que duram entre três e 24 horas e desaparecem gradualmente. A partir de certa altura o doente passa a conhecer os sinais da crise que se aproxima e toma precauções para não cair ou ter um acidente.

Tratamento

A doença de Ménière não tem cura, mas é possível controlar os seus sintomas. Pode implicar a toma de medicamentos, nomeadamente para lidar com as vertigens, o enjoo ou as náuseas, de modo a minorar o seu impacto. Nos casos mais graves pode ser necessária cirurgia.

Revisão científica: João Paço (diretor da unidade de otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo)