No diagnóstico das Doenças Intestinais são realizados essencialmente os exames laboratoriais: Hemograma, Velocidade de Sedimentação, Proteína C Reactiva, Ureia, Creatinina, Ionograma, Trasaminases (ALT/AST), Fosfatase Alcalina, Gama Glutamil Transpeptidase (GGT), Bilirrubina, Urina tipo II, Coprocultura, Siderémia, Ferritina, Transferrina, Vitamina B12 e Ácido Fólico.
O Hemograma funciona como um painel de testes que examina diferentes constituintes do sangue, sendo assim uma análise clínica essencial no despiste de infeções, enquanto a Proteína C Reactiva é uma proteína produzida na mucosa intestinal e presente no sangue em resposta à inflamação em fase aguda.
A Siderémia e a Transferrina visam detetar uma eventual carência de ferro, que pode tornar a função dos glóbulos vermelhos pouco eficiente e a Coprocultura, exame realizado às fezes, verifica a presença de sangue ou bactérias.
A Urina tipo II permite uma avaliação quantitativa das substâncias na urina e observar ao microscópio microrganismos e outras células da urina como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e células epiteliais.
Testes laboratoriais complementares podem auxiliar no diagnóstico difícil entre a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa. Os anticorpos utilizados são os anti-citoplasma de neutrófilos (pANCA) e os anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA).
Os anticorpos ASCA são detetados em 40 a 60% dos pacientes com Doença de Crohn e em 5 a 15% dos pacientes com Colite Ulcerosa. Estes anticorpos são altamente específicos no diagnóstico da Doença de Crohn, com taxas de diagnóstico de 89 a 97% e a combinação com os pANCA resulta numa alta especificidade na deteção da Colite Ulcerosa.
Os anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos (pANCA) são encontrados em 70% dos pacientes com Colite Ulcerosa e apenas em 20% dos indivíduos com Doença de Crohn. A presença de ASCA e ausência de pANCA suporta o diagnóstico de Doença de Crohn.
Também específico no diagnóstico da Doença de Crohn é o Anticorpo Anti-Pâncreas Exócrino, que reage com antigénios presentes no suco pancreático e são encontrados em cerca de 30 a 40% dos doentes com esta doença. Na Colite Ulcerosa deve ser considerado no diagnóstico o Anticorpo Anti-Células de Goblet (GAb), altamente específico para a doença.
As explicações são de Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica.
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