Não fumar, manter uma alimentação adequada e fazer exercício são as bases da prevenção das doenças cardiovasculares. O hábito tabágico tem aumentado entre a população jovem, a vida sedentária é cada vez mais comum e a obesidade está a aumentar rapidamente, pelo que as mudanças individuais nestas rotinas podem diminuir as doenças cardiovasculares. Em Portugal,  no início da década de 2000, números oficiais confirmavam que estas eram a causa de cerca de 40% dos óbitos em Portugal, uma situação que se mantém, apesar dos avisos constantes de médicos e especialistas.

Estas são as 14 regras que deve seguir para reduzir o perigo de enfarte:

1. Não fumar

Um fumador que fume mais de 10 cigarros por dia tem o dobro da probabilidade de sofrer um enfarte comparativamente a um não fumador. E não há um nível mínimo seguro de cigarros que se pode fumar. Segundo Henrique Sabino, médico especialista em Cardiologia no British Hospital Lisbon XXI, em Lisboa, «o máximo de cigarros consumidos por dia deve ser igual a zero».

2. Manter o peso

A obesidade está associada à doença cardiovascular. É considerada factor de risco quando há um excesso de peso superior a 30%, sobretudo, se iniciar aos 25 anos. A hipertensão arterial e o colesterol LDL («mau») tendem a aumentar, bem como a predisposição para desenvolver diabetes II (não insulino-dependente). Na verdade, até os fumadores passivos correm risco de doença coronária. Está também associada a um forte efeito favorecedor da aterosclerose (espessamento dos vasos sanguíneos). Os homens dos 40 aos 65 anos com excesso de peso têm 72% mais probabilidade de desenvolver enfartes, comparativamente a homens com a mesma idade mas com um peso normal.

3. Evitar a vida sedentária

O sedentarismo provoca doenças cardiovasculares ao contrário da prática de exercício físico moderado. É aconselhável, por isso, realizar uma actividade física regular, como caminhar entre 40 a 45 minutos diariamente a um ritmo em que custe manter uma conversa

4. Controlar a pressão arterial

Esta é outra das precauções a ter. «A hipertensão arterial é um dos factores que aumenta o risco de doença cardiovascular. Nos adultos, valores acima dos 140/90 mmHg já é preocupante», explica Henrique Sabino.

Veja na página seguinte: A ameaça do colesterol

5. Vigiar o colesterol (e outros lípidos no sangue)

É um lípido (gordura) que existe normalmente no sangue e é necessário ao organismo. Só se torna perigoso se os seus níveis sanguíneos subirem. Sobretudo, «é importante ter em conta o valor das suas fracções (HDL ou colesterol bom e LDL ou colesterol mau) e, também, o valor dos triglicéridos», refere o especialista em cardiologia.

6. Fazer check-ups periódicos

Depois dos 40 anos, são aconselháveis a cada dois anos, para o médico poder avaliar mudanças na capacidade física, problemas digestivos, circulatórios, urinários, sexuais, atividade intelectual e do foro neurológico. A partir dos 55 anos, recomenda-se uma consulta anual.

7. Conhecer os seus inimigos

Entre os fatores de risco mais importantes estão o tabagismo, a hipertensão arterial, o colesterol total e o colesterol LDL (mau) elevados, o colesterol HDL (bom) diminuído, a diabetes e a idade avançada.

8. Previsão de 10 anos

«A prova de esforço em tapete rolante, exames de imagem, como a tomografia computorizada e a coronariografia, podem fazer diagnósticos precoces», revela o cardiologista do British Hospital. Há pessoas com risco grave e sem sintomas. Aconselha- se realizar alguns testes e somar os factores de risco. Isto indica a probabilidade de ter um enfarte nos próximos 10 anos.

9. É homem ou mulher?

O homem de 40 anos tem um risco de enfarte seis a oito vezes maior do que a mulher da mesma idade. Aos 65 esta diferença diminui duas vezes. A mulher com menos de 45 anos tem um risco entre seis a oito vezes menor por causa dos estrogénios. Os contraceptivos aumentam o risco duas a quatro vezes, se, para além disso, fumar, corre até 20 vezes mais risco.

10. A pulsação dá pistas

As pessoas com tensão sistólica acima de 140 mmHg têm um risco três vezes maior do que aquelas com menos de 110 mmHg. As que têm pressão diastólica de 100 mmHg têm três vezes mais risco em comparação com as que têm 70 mmHg. A pressão do pulso (pressão sistólica menos pressão diastólica) é um indicador de risco. A hipertensão arterial afeta mais de 60% das pessoas com 60 anos ou mais e a maioria não o sabe.

Veja na página seguinte: O peso dos antecedentes familiares

11. Antecedentes familiares

A predisposição para a doença coronária herda-se. Se houver um familiar próximo que tenha tido um enfarte antes dos 52 anos, corre um risco quatro a oito vezes maior.

12. Cuidado com o sal

Abusar dele provoca hipertensão. Bem como ingerir álcool em grandes quantidades, alimentos ricos em gordura e pobres em cálcio, magnésio e potássio e tem um aporte deficitário de micronutrientes provenientes de frutas e verduras.

13. Controlar as gorduras

A melhor forma de controlar o colesterol é reduzir a ingestão de gorduras. Hoje em dia aceitam-se como normais estes valores (a confirmar com os padrões do laboratório):

Colesterol total:
-  Normal: menos de 200 mg/dl
-  Normal-alto: 200 a 240 mg/dl
- Alto: acima de 240 mg/dl

Colesterol LDL:
- Normal: menos de 100 mg/dl
- Normal-alto: 100 a 160 mg/dl
- Alto: acima de 160 mg/dl

Triglicéridos:
- Normal: menos de 150 mg/dl
- Normal-alto: 150 a 500 mg/dl
- Alto: acima de 500 mg/dl

14. Diabéticos sob controlo médico

Quem sobre de diabetes não pode descurar um acompanhamento especializado. «O facto de se ter diabetes faz com que se esteja na categoria de alto risco. Nos diabéticos, a pressão arterial deve manter-se em níveis de 120/80 para proteger os órgãos vitais», conclui Henrique Sabino.

Texto: Madalena Alçada Baptista com Henrique Sabino (médico especialista em cardiologia)