A formação dos dentes, denominada Odontogénese, inicia-se ao nível dos germens dentários instalados dentro dos maxilares (superior e inferior). No caso dos dentes decíduos (de leite) este processo inicia-se a nível embrionário dentro do útero da progenitora.
No nascimento do bebé, a maioria dos germens dentários já possuem a sua coroa desenvolvida, faltando apenas a raiz para que o dente esteja completo. Este facto demonstra a alguma relação entre uma gravidez saudável e uma dentição bem desenvolvida.
O primeiro dente de leite nasce por volta dos 6 meses de vida, ficando a dentição decídua totalmente erupcionada até cerca dos 3 anos. No total é constituída por 20 dentes, 10 na mandíbula e 10 na maxila. A mastigação é um dos principais fatores de estímulo para a erupção dentária.
Por volta de um ano de idade começa a odontogénese dos dentes permanentes. No entanto, a sua erupção apenas ocorre normalmente a partir dos seis anos com a erupção do primeiro molar e incisivos superiores e inferiores permanentes. A partir desta idade ocorrerá a substituição gradual dos dentes decíduos por permanentes. Por volta dos 12 anos ocorre a erupção dos segundos molares e entre os 17 e 21 anos a erupção dos terceiros molares, ficando a dentição permanente definitiva 32 dentes (16 em cada maxilar).
Qual a função dos dentes?
A principal função dos dentes é logicamente realizar a mastigação dos alimentos. Os dentes são classificados de acordo com a posição e a função. Assim, temos:
– Incisivos: dentes situados na parte da frente da boca e que servem para cortar os alimentos.
– Caninos: possuem formato pontiagudo e servem para rasgar os alimentos.
– Pré-molares e molares: localizam-se na parte posterior da boca e são responsáveis por triturar os alimentos.
No entanto, para além da função principal, os dentes auxiliam igualmente na fonética e são determinantes para estética facial.
Porque possuímos duas dentições?
Após a erupção os dentes param de crescer. Como os dentes de leite erupcionam em idade infantil, possuem dimensões reduzidas adaptadas aos maxilares que os suportam. No entanto, ao contrário dos dentes, os ossos maxilares continuam o seu crescimento. Desta forma existe a necessidade de substituição destas peças dentárias decíduas por outras com maior maturação e de tamanho mais adaptado ao diâmetro dos maxilares de um adulto.
Para uma dentição permanente completa consideram-se os dentes do siso?
Os dentes do siso ou terceiros molares possuem uma função de mastigação semelhante aos outros molares. No entanto, cada vez é mais comum a falta de espaço para estes dentes. Isto leva a que seja frequente a sua erupção parcial ou falta de erupção sendo necessária a sua extração cirúrgica.
Existem muitas teorias que tentam explicar este fenómeno, provocado pelo encurtamento do perímetro dos maxilares e diretamente das respetivas arcadas dentárias. Uma das explicações mais consensuais deve-se ao facto de a alimentação ter evoluído ao longo dos anos de alimentos crus de maior dureza para alimentos cozinhados ou processados bastantes mais moles, onde um número tão grande de peças dentárias deixou de fazer sentido. Desta forma, hoje em dia é comum considerar-se no adulto uma dentição completa quando 28 dentes estão presentes.
O que significa terceira dentição?
Ao contrário de outros animais, tais como os tubarões que possuem diversas dentições, para já o ser humano apenas continua a possuí duas dentições. No entanto, diversos avanços ao nível da bioengenharia com recurso à utilização de células estaminais, já permitiram a nível laboratorial a regeneração de novas peças dentárias em animais. Até que esta técnica esteja desenvolvida o suficiente para que seja possível utilizar com segurança no Homem, a reposição fixa de um dente perdido continuará a passar pela implantologia.
Curiosamente na reabilitação de desdentados totais com recurso a próteses fixas implanto-suportadas, o facto desta solução se assemelhar muito em termos estéticos e funcionais à dentição natural faz com que por vezes esta solução já seja apelidada pelos pacientes de terceira dentição.
As explicações são do médico dentista João Almeida Nunes, especializado em Implantologia e Reabilitação Oral. É diretor clínico e co-fundador do Instituto Dentário do Alto dos Moinhos.
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