Conhece o seu ritmo cardíaco? Já sentiu os seus batimentos cardíacos baterem depressa demais? Sabe porque é que isso acontece? As arritmias cardíacas estão associadas a vários factores de risco, mas podem ser facilmente detectadas. Basta medir a pulsação com frequência e estar atento a qualquer alteração que surja!

Várias doenças ou alterações no coração podem conduzir a uma perturbação no ritmo cardíaco. “Esta perturbação pode ocorrer sob a forma de um ritmo excessivamente lento, da ausência ocasional de um ou mais batimentos ou de um número excessivo de batimentos rápidos por minuto”, esclarece o Dr. Carlos Morais, cardiologista, presidente da Associação Bate, Bate Coração e coordenador nacional da campanha com o mesmo nome. Intitula-se  braquicardias ao ritmo cardíaco demasiado lento (inferior a 50/60 batimentos por minuto). Se, por outro lado, o coração bater de forma muito rápida, ou seja, a mais de 100 batimentos por minuto, estamos perante uma taquicardia.

“Quando existe um impedimento à normal progressão de estímulos cardíacos dentro do coração, estamos em presença de um bloqueio que, em certas situações, pode levar à falta de um ou mais batimentos cardíacos”, esclarece o cardiologista.

Em qualquer uma destas situações, quando o coração bate de forma irregular, “o bombeamento de sangue para as várias partes do corpo pode não ser conseguido, colocando em perigo órgãos vitais, como o cérebro, os pulmões, entre outros”.

Arritmias cardíacas

O tabaco, o stress, as bebidas alcoólicas, a vida sedentária, as drogas, a  toma incorrecta de alguns medicamentos e o excesso de cafeína podem causar arritmias em algumas pessoas. “Por outro lado, são normalmente os enfartes, a hipertensão, as doenças das artérias coronárias, a diabetes, bem como o hipo e o hipertiroidismo, os principais factores de risco das arritmias cardíacas”, defende Carlos Morais.
As arritmias mais sérias surgem com mais frequência nos adultos a partir dos 60 anos, “isto porque são particularmente afectados por uma série de doenças cardiovasculares e até por outras doenças propícias ao aparecimento desta doença”.

Em repouso, o coração tem, em geral, entre 60 e 100 batimentos por minuto. Carlos Morais acrescenta que “uma pulsação demasiado rápida, lenta ou irregular pode significar uma perturbação no ritmo do cardíaco. A forma mais simples de detectar uma arritmia cardíaca é medindo a sua pulsação.” Trata-se de uma manobra simples que demora apenas alguns minutos e que pode ser facilmente apreendida por todos.”

Como diagnosticar?

O exame mais usual para diagnosticar as arritmias é o electrocardiograma (ECG), um teste relativamente simples, que detecta e regista a actividade eléctrica do coração. “O electrocardiograma mostra com precisão a frequência dos batimentos cardíacos, a sua regularidade ou irregularidade e, ao mesmo tempo, fornece informação sobre a força e o timing dos sinais eléctricos, e também sobre a forma como efectua a trajectória eléctrica pelas várias cavidades do coração”, esclarece Carlos Morais.

Além do ECG, a história familiar e o exame físico são instrumentos fundamentais do diagnóstico. Podem ainda ser solicitados exames complementares, como, por exemplo, a ecocardiografia, o holter, o teste de Tilt, entre outros, “que devem ser orientados por um médico especialista em doenças cardiovasculares”.

Tratamento adequado

Se bem que existam medicamentos “com propriedades antiarrítmicas, a terapêutica farmacológica destina-se principalmente à correcção e controlo das doenças cardiovasculares associadas a arritmias cardíacas”, salienta o cardiologista.

Todo o doente, sénior ou não, deve ter o colesterol e a pressão arterial controlados, “tratar a isquémia miocárdica, ter a função tiroideia normalizada, entre outros cuidados”. Por vezes, pode ser necessário implantar um dispositivo electrónico (pacemaker ou CDI) que vai ajudar o coração a manter um ritmo regular e a tratar algumas das arritmias mais graves.

Sinais de alerta

Procure um especialista se sentir:

- Palpitações;
- Fadiga;
- Vertigens;
- Cansaço;
- Falta de ar;
- Dor no peito;
- Ansiedade;
- Transpiração irregular;
- Tonturas;
- Batimento cardíaco irregular.

Campanha pelo coração

A campanha “Bate, Bate Coração” surgiu em 2009, na sequência de um inquérito ter revelado o fraco conhecimento da população portuguesa sobre o que são, como se manifestam e como podem ser tratadas as arritmias cardíacas. As respostas ao inquérito indicavam que a grande maioria dos portugueses desconhece a potencial gravidade das arritmias cardíacas. Apenas 5% dos portugueses consideram as arritmias como a principal causa de morte súbita, e poucos também sabem que a fibrilhação auricular é a arritmia crónica mais frequente, afectando 5% a 10% da população portuguesa acima dos 70 anos, sendo uma das principais causas de acidente vascular cerebral. Estes dados, entre outros, estiveram na base do lançamento desta campanha inédita em Portugal.

“Sentimos que esta campanha tocou realmente o coração dos portugueses. Ao fornecer informação correcta e actualizada sobre arritmias, estamos a contribuir para que os doentes e a população em geral compreendam melhor os problemas do ritmo cardíaco”, salienta Carlos Morais.

Para isso, foi criada, este ano, a Associação Bate, Bate Coração, que se pretende que seja o parceiro privilegiado na divulgação de informação sobre as arritmias cardíacas para os doentes e para a população em geral. Para mais informações, aceda a www.batebatecoracao.com.

Petição Nacional da Prevenção da Morte Súbita

Este ano, foi lançada uma petição nacional para que o dia 12 de Novembro seja considerado o Dia Nacional da Prevenção da Morte Súbita, acompanhando assim a data comemorativa no Brasil. No primeiro trimestre de 2011, irá realizar-se junto de deputados da Assembleia da República uma iniciativa de sensibilização sobre as arritmias e a importância da medição da pulsação.

Se concorda e se se identifica com esta causa, assine a petição em www.dianacionalmortesubita.com.

Texto: Cláudia Pinto

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