A Neuropsicologia é a área da psicologia que estuda as relações entre a dinâmica funcional do encéfalo e o comportamento, em situação normal e patológica.
Nos dias de hoje, é cada vez mais importante concentrar-mo-nos na área da Geriatria, dado que num mundo moderno a longevidade é mais evidente e uma realidade, sinónimo de uma melhoria dos cuidados de saúde na sua generalidade.
A capacidade funcional ao longo da vida vai diminuindo, e na terceira idade é importante manter uma independência e prevenir a incapacidade, por isso, reabilitar e garantir qualidade de vida. O processo natural de envelhecimento associado às doenças crônicas é o responsável pela limitação do idoso.
Nesta fase da vida é importante focar-nos sempre na prevenção, pois nem sempre o indivíduo irá manifestar sintomas de doença, até o idoso aparentemente saudável requer cuidados, pois as manifestações de doenças nos idosos são: atípicas, sub-clínicas, os sintomas são inespecíficos e geralmente não relatados, o início é insidioso e é muito fácil “perder” um diagnóstico.
As principais ocorrências no idoso são (os gigantes da geriatria - 5I: instabilidade, incontinência, iatrogenia, imobilidade e insuficiência): imobilidade, insuficiência cognitiva, iatrogenia, instabilidade e quedas, incontinência, delírio, demência e depressão.
Portanto há aspetos a ter em conta em relação a esta área:
- Manutenção da Saúde em idades avançadas
- Manutenção da funcionalidade
- Prevenção de doenças
- Deteção e tratamento precoce
- Máximo grau de independência
- Cuidado e apoio durante doenças terminais
- Tratamentos seguros.
O planeamento para a prevenção de doenças nos idosos consiste em:
- Corrigir os hábitos, tais como, (alimentação equilibrada, inatividade física, tabagismo, obesidade, abuso de drogas)
- Elaboração de diagnósticos, treinos e terapêuticas adequadas
- Equilibrar os ambientes emocionais
- Ampliar a rede de suporte social (rede de apoio)
- Não deixar que o idoso crie expectativas. Rejeitar a fantasia do “rejuvenescimento ou da eterna juventude”
- Estimular a prática de atividade física aeróbica, para o aumento de resistência, força e flexibilidade, bem como unir os benefícios físicos aos sociais
- Adequar o ambiente doméstico, diminuindo assim o risco de acidentes como quedas e suas conseqüências, muitas vezes de prognóstico sombrio ou duvidoso
- Educar os cuidadores dos idosos dependentes, bem como reconhecer o seu adoecimento
- Estar atento aos sinais de maus tratos e denunciá-los. Ao atender um paciente que esteja com algum quadro demencial, o Psicólogo/ Neuropsicólogo necessita ter em mente o que realmente pode fazer para ajudá-lo e acreditar que ele será capaz de aprender, de desenvolver habilidades e responder a estímulos.
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Para que o tratamento se inicie e que tenha sucesso precisamos da parceria da família. Na maioria dos casos, são os familiares que procuram ajuda para o seu ente querido, dificilmente a própria pessoa toma a iniciativa. Por isso, o cuidador informal e formal necessita de apoio e de esclarecimentos a respeito da doença e do processo psicoterapêutico.
A família deverá estar inserida no atendimento, com reuniões agendadas e com liberdade de contatar com o psicólogo sempre que considere necessário. O atendimento com o paciente, tem por base, estabelecer um vínculo de confiança e empatia.
Esse contacto deverá ser realizado de forma natural e com extrema delicadeza, pois geralmente o paciente encontra-se assustado com os sintomas que já percebe em si mesmo, e que são notados pelas as outras pessoas. Como por exemplo, perguntar a mesma coisa várias vezes, esquecer onde colocou algo, sentir-se perdido no meio da sala, colocar um objeto num lugar estranho ou pouco comum. Muitos chegam fragilizados, deprimidos e chorosos.
O espaço terapêutico deverá ser um lugar de abrigo e acolhimento. Não devemos jamais apontar seus esquecimentos e confusões. Apenas os registamos na nossa avaliação.
Conforme o vínculo se for fortalecendo passamos a abordar os seus interesses, do que gosta e não gosta, assim sendo, estabelecemos um plano individual de tratamento, que tem como objetivo principal considerar as suas necessidades e preferências.
Essas necessidades não se limitam às atividades básicas da vida como comer, beber, tomar banho, mas também incluem as questões emocionais, espirituais e de criação de autonomia. O objetivo de um bom plano terapêutico e de treino, tem como prioridade, reforçar e manter as habilidades individuais, promovendo maior qualidade de vida.
É importante envolvê-lo numa rotina de atividades significativas promover o que podemos chamar “um sentir-se útil”, realização e prazer. Os jogos de baralho, xadrez, memória, puzzles, podem ser utilizados como instrumentos terapêuticos. Recordo-me de um paciente que me ensinou a jogar xadrez. Este facto devolveu-lhe a capacidade e o poder de realizá-lo. E isso estendeu-se aos seus familiares, que ao visitar o pai/avô procuravam jogar uma partida de xadrez com ele.
Outra paciente adora jogar cartas e não tem possibilidade de fazê-lo com seus familiares. Costumo inserir, entre outros recursos, vários jogos de cartas nas sessões e há uma resposta positiva. “O contacto terapêutico deve ser agradável o bastante para mantê-lo (o idoso) interessado e cooperativo.
É de suma importância que o terapeuta seja simpático, envolvido e capaz de usar a imaginação e a iniciativa” (Holden e Woods,1995). O grande desafio para o profissional é intervir junto à família. Lidar positivamente com as expectativas frustradas do cônjuge ou dos filhos é essencial para que o tratamento continue, apesar de não haver “a cura” tão desejada.
A minha experiência com esse tipo de atendimento tem sido positiva e eficaz. Acompanho pessoas há mais de 4 anos e o resultado é surpreendente. No início era comum o desânimo, o choro e até a vontade de morrer. Hoje, apesar do déficit cognitivo há um envolvimento maior com a vida, com o próprio prazer.
Portanto, mesmo que as perturbações demenciais sejam degenerativas, a intervenção Psicológica/ Neuropsicólogica, tem de estar voltada para a estimulação cognitiva e o restabelecimento do bem-estar da pessoa, deve ser disponibilizado para esses pacientes.
A avaliação e o diagnóstico precoce, pela minha experiência, é algo que eu considero extremamente importante, para poder realizar um plano terapêutico que melhor se enquadre com o paciente em questão, ou propriamente fazer o reencaminhamento para outra área, isto é, para neurologia, terapia da fala, psiquiatria etc.
Texto: Sandro Ramos, psicólogo clínico
Fotografia: © Alexander Raths - Fotolia.com
Agradecimentos: SOS.medical
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