A experiência sublime de degustar um bom prato pode passar pela estimulação acertada da visão, da audição, do tacto, do olfacto e do paladar. Na verdade, comer começa bem antes da comida entrar na boca!
AQuando nos sentamos à mesa há muitos ruídos subtis que devem estar presentes como parte de uma experiência completa. O brinde clássico inclui um toque de copos que criam um som inconfundível!
Aparentemente, este ritual terá sido criado porque o vinho estimula todos os sentido menos o auditivo!O “chin” dos copos a tocarem-se era o detalhe que faltava para tornar esta bebida perfeita!
Já o ouvir mastigar a textura dos alimentos, o borbulhar da comida a ferver, o rompimento de uma crosta de sal, são pequenos detalhes que contribuem para a melhor apreciação do prato.
Os investigadores da Universidade de Leeds mostraram que durante o primeiro segundo em que se trinca uma comida estaladiça, são gerados enormes estouros e ultra-sons que são analisados pelo ouvido e pela boca.
É como se a comida falasse connosco e nos dissesse qual a textura do alimento. Esta investigação mostra que o som e o sentir a comida é tão importante como o sabor, a aparência e o cheiro, para determinar se gostamos de um alimento ou não. Não é por acaso que se costuma dizer “Ter mais olhos do que barriga”.
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Os sentidos que comem
Visão
A visão é o primeiro sentido a aceitar mentalmente uma comida. Os olhos deixam-nos saborear os alimentos à distância, estimulando os outros sentidos através da imaginação.
As cores, a forma como a comida está disposta no prato, a decoração, são determinantes para um prato saber melhor ou pior, independentemente do sabor!
A prática de reservar a atenção à cor dos alimentos remonta aos tempos antigos: os egípcios faziam o uso de corantes como componente de conservação e os romanos para exaltação da cor.
O “visual appeal” coloca literalmente a boca a salivar e activa o funcionamento do estômago, colaborando assim para o bom desenrolar do processo digestivo.
Tacto
Com o tacto temos a possibilidade de sentir “fisicamente” a comida: temperatura, textura, nível de humidade, densidade, dureza, forma, peso. Mas muito para além disso, o tacto é um factor determinante na relação que estabelecemos com a comida.
Pegar num alimento com as mãos, sujá-las e depois lambê-las, perceber um pouco da sua textura é de facto uma maravilha!
Olfacto
O aroma da comida que escapa da cozinha e que invade o resto da casa é um excelente chamariz para prender alguém à mesa. A estimulação do olfacto como uma boa combinação de aromas pode transportar-nos para qualquer lugar do mundo ou da infância!
Juntamente com o paladar, o olfacto permite-nos percepcionar o sabor e reconhecer os ingredientes específicos de um alimento. O olfacto é o sentido que permite a percepção do aroma e odor.
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O gosto define a sensação percebida pelos órgãos gustativos, quando estimulados por substâncias solúveis, envolve a percepção dos quatro gostos básicos: doce, ácido, amargo e salgado.
A sensibilidade ao gosto não se limita apenas à língua. Existem outras regiões que também respondem aos estímulos: o palato duro, as amígdalas, a epiglote e ainda para certas pessoas, a mucosa dos lábios, das bochechas e a superfície inferior da boca.
Experiência única
O sabor é a experiência mista, no entanto singular, de funções sensoriais como o olfacto, o paladar e o tacto, perceptível apenas durante a degustação de um qualquer alimento.
Comer é um dos actos que repetimos várias vezes por dia. Como vimos, os cinco sentidos trabalham em conjunto quando degustamos um prato.
Ao pudermos apreciar uma refeição com calma e deixar cada sentido desempenhar o seu papel dá-nos a possibilidade de desfrutar da vida, um pouco mais. Cada vez que nos sentamos à mesa, tornamos este ritual numa experiência única e saborosa! Coloque os sentidos a funcionar e desfrute de uma boa refeição.
Texto: Lydia Freire, nutricionista e engenheira alimentar
Fotografia:©KirillZdorov-Fotolia.com
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