Nos últimos quatro anos, Manuel Oliveira, 53 anos, dedicou-se à pesquisa da cura contra o cancro. Apesar de ter um emprego a tempo inteiro, examina potenciais novos fármacos todos os dias. Quando não está à procura de uma cura para o cancro, envolve-se na resolução de outros grandes males, como a malária, o VIH e a doença de Alzheimer.É um currículo espantoso para quem não tem formação na área da química nem da biologia.

Manuel Oliveira é um dos milhares de cidadãos comuns que aderiram à computação voluntária, na qual todos os que possuam um computador com ligação à internet podem disponibilizar à ciência parte dos seus recursos informáticos (como a energia consumida pelo computador, a capacidade do processador, o espaço do disco e a saúde virtual largura de banda de rede). Para tal, basta instalar um software e escolher os projectos de investigação científica que pretende apoiar.

Ajuda preciosa

Qualquer projecto de investigação científica, como o estudo de novos fármacos, requer paciência, investigação em múltiplas áreas, testes diversos e o envolvimento e dedicação de muita gente. A procura inicial de substâncias com potencial para se transformarem em novos medicamentos pode passar pela pesquisa em bibliotecas virtuais. Este trabalho pode ser executado em poderosos supercomputadores (excessivamente caros) ou, em alternativa, recorrendo a redes de milhares de computadores pessoais, como o seu.

Rede voluntária

Sempre que liga o computador para enviar e receber e-mails, apenas utiliza uma pequena parte da capacidade do processador. Também é comum ocorrerem períodos de inactividade, como quando recebe uma chamada telefónica ou faz uma pausa para comer. São estes tempos mortos que podem ser doados à ciência, através das plataformas de computação voluntária, sem que isso represente uma redução do desempenho do seu computador.

Investigação em curso

A Berkeley Open Infrastucture For Network Computing (BOINC), desenvolvida pela Universidade da Califórnia, é uma das plataformas mais conhecidas. O projecto Ibercivis, promovido por centros de investigação de Portugal e Espanha, usa esta plataforma e inclui aplicações de diversos projectos científicos, como o do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.

Este visa a procura de fármacos para doenças amilóides neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, paramiloidose). «Visto ser uma aplicação portuguesa, não podia deixar de aderir. Ao participar, estamos a ajudar alguém a desenvolver uma ideia que se espera vir a ser benéfica para todos nós», conclui Manuel Oliveira

Para saber mais e colaborar em projectos científicos consulte os seguintes sites:

BOINC:
www.boinc.com

Ibercivis:
www.oseucomputadorfazciencia.pt

Texto: Vanda Oliveira

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