É uma situação que ocorre entre 15 a 20% de pessoas em alguma fase da vida. Intitula-se bruxismo ou bricomania (mania ou tique de brincar com os dentes) e pode ter consequências graves se não for devidamente tratado. Conheça os sinais de alerta, as formas de tratamento e a importância de consultar um especialista em saúde oral.
O bruxismo ou bricomania é um hábito parafuncional que faz com que as pessoas ranjam os dentes, quer durante o dia, quer durante a noite ou origine um apertamento dentário. “Quer o bruxismo com movimentos laterais, quer o apertamento com movimentos verticais são hábitos parafuncionais que podem levar ao desgaste dos dentes, das estruturas de suporte dos dentes e das estruturas articulares (da articulação temporomandibular)”, salienta José Pedro Figueiredo, Professor da Faculdade de Medicina de Coimbra e médico estomatologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
Trata-se sobretudo de uma disfunção sem uma componente orgânica muito marcada. “O facto de o bruxismo estar incluído na classificação internacional dos distúrbios do sono justifica que compreendamos que é uma entidade que deve ser devidamente valorizada”, salienta o especialista.
Sinais de alarme
Habitualmente, o principal sintoma é detectado pela pessoa que acompanha o doente durante a noite. “Um dos sinais clínicos de que se está perante um bruxismo é o desgaste excessivo e anormal das superfícies dentárias. Algumas vezes, o diagnóstico é feito pelos profissionais de saúde oral perante uma lesão inabitual de desgaste das superfícies dentárias”, acrescenta José Pedro Figueiredo.
Existe ainda outra modalidade – o apertamento – em que não há movimentos dentários. “Os pacientes cerram a sua mandíbula e apertam os seus dentes. A certa altura, o sinal clínico é uma dor que atinge as estruturas musculares e articulares da articulação temporomandibular”, defende o médico estomatologista.
A situação que incomoda o cônjuge do doente é habitualmente o bruxismo que se caracteriza pelo ranger dos dentes. José Pedro Figueiredo indica que “esta situação nos adultos é indiscutivelmente parafuncional mas é também frequente em crianças de tenra idade. Entendemos que nestas idades, o bruxismo deve-se aos movimentos naturais de adaptação e de posicionamento dos dentes à medida que fazem a sua erupção dentária, não constituindo fonte de preocupação clínica.”
Consideram os especialistas que, em relação ao bruxismo, estão muitas vezes implicados mecanismos relacionados com o stress neuromuscular ou psicológico e dificilmente se compreende esta causa para crianças de baixa idade.
Tratamento adequado
A existência de sinais de desgaste dentário implica que haja a necessidade de intervenção terapêutica que consiste, numa primeira fase, no esclarecimento ao doente da situação mas posteriormente na adopção de algumas medidas terapêuticas adicionais. “Uma delas passa pelo combate ao stress psicológico que tenha sido identificado. Numa fase posterior, ou até simultaneamente nalguns casos, deve passar-se à construção daquilo a que chamamos goteiras oclusais, que são dispositivos de acrílico que se interpõem entre os dentes para os proteger da destruição e para ajudar ao relaxamento muscular”, salienta José Pedro Figueiredo.
Este é um tratamento paliativo. “Há períodos da vida de uma pessoa em que o problema se manifesta com maior exuberância do que em outros. O bruxismo poderá conduzir a problemas mais graves na articulação temporomandibular, além da destruição dentária.” O acompanhamento em consultas com um especialista em saúde oral é recomendado e deve ser seguido para que esta disfunção seja devidamente acompanhada e traga menos consequências para os pacientes.
Consequências a longo prazo
- Desgaste dentário
- Eventual lesão do ligamento periodontal
- Fracturas dentárias nos casos muito graves e avançados
- Compromisso da articulação temporomandibular (dores articulares, estalidos e eventualmente, cefaleias).
Texto: Cláudia Pinto
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