O líder mundial, na investigação e desenvolvimento de terapêuticas para a esclerose múltipla, está presente em Portugal, desde 2004. A Biogen Idec dedica-se à biotecnologia, uma área que ainda tem um longo caminho a percorrer em terra lusa. Sérgio Teixeira, diretor-geral da Biogen Idec, em Portugal, reflete sobre as vantagens da partilha de conhecimento em reuniões internacionais e sobre a área de atuação da empresa que dirige.  

Por Sofia Filipe

Hospital do Futuro (HdF): De uma forma geral, em que estado se encontra a biotecnologia em Portugal?
Sérgio Teixeira (ST): A biotecnologia é uma área em forte desenvolvimento a nível mundial. No que se refere ao nosso país, penso que a biotecnologia tem ainda um longo caminho a desenvolver e possivelmente será interessante, no futuro, desenvolver programas de colaboração entre a Biogen Idec e empresas e universidades do nosso país, que desenvolvem iniciativas nesta área.

HdF: O que ainda falta fazer, ou seja, quais as principais carências que se enfrentam nesta área no nosso país?
ST: Neste momento, a principal dificuldade que enfrentamos é o longo atraso na aprovação de ensaios clínicos, mais especificamente no que se refere à revisão e aprovação dos acordos financeiros pelos hospitais.

Apesar da reconhecida importância da investigação no avanço do conhecimento para melhoria do tratamento dos doentes e do facto dos doentes serem seguidos, nos ensaios, sem qualquer encargo para os hospitais, beneficiando do acesso a terapêuticas inovadoras (em investigação) e de um seguimento bastante apertado, os tempos de resposta dos hospitais para implementação destes estudos são bastante longos e tornam Portugal um país pouco competitivo a nível internacional. Isto é, na minha opinião, uma pena, porque representa uma oportunidade desperdiçada para o nosso país.

HdF: Aconteceram várias reuniões internacionais em Portugal. Esta opção geográfica traz benefícios para a Biogen Idec. Portugal? Quais?
ST: A principal vantagem destas reuniões terem sido realizadas em Portugal, e para além do que representa em termos de investimento para o nosso país (investimento superior a 1 milhão de euros), é que comprova a boa imagem do nosso país e a confiança na nossa equipa junto da gestão internacional da Biogen Idec. Este é um aspeto fundamental, que nos deixa a todos muito orgulhosos. Por outro lado, também nos permite mostrar a realidade do nosso país e fazer com que os nossos colegas conheçam melhor as principais atividades que levamos a cabo.

Acreditamos na responsabilidade social das empresas e das pessoas que dela fazem parte. Pensamos que todos temos o papel de conseguir atrair investimentos para o nosso país e dar uma imagem positiva de Portugal, para que o país possa sair reforçado e possa iniciar um ciclo de crescimento sustentado. Se cada um de nós, dentro das suas possibilidades e responsabilidades, conseguir atrair investimentos, tenho a certeza de que conseguiremos assegurar um futuro mais brilhante.

Neste caso específico (organização de reuniões internacionais), e dada a limitação em aumentarmos o nosso investimento direto em Portugal (não nos é possível aumentar o número de colaboradores, devido às diversas condicionantes que existem no nosso negócio), conseguimos, em colaboração com as nossas estruturas internacionais, apresentar as potencialidades de infraestruturas que o nosso país tem e organizar diversas reuniões internas este ano, em várias regiões do país. É motivo de orgulho para nós receber estas reuniões e sentir que estamos a colaborar para as melhorias das condições económicas do nosso país.

HdF: Quais são as vantagens da Biogen Idec. ser empresa ser internacional? Traz um maior conhecimento com base noutras experiências?
ST: A vantagem da empresa ser internacional é a possibilidade de trocarmos experiências com outros países e termos acesso as melhores práticas internacionais

HdF: Poderia apontar ensaios clínicos levados a cabo pela Biogen Idec com forte contributo na área da biotecnologia em Portugal?
ST: Estão neste momento a decorrer em Portugal vários ensaios clínicos, nomeadamente na área da esclerose múltipla, área na qual é a empresa líder, a nível mundial, na investigação e desenvolvimento de terapêuticas para a esclerose múltipla e está presente em Portugal, desde 2004. Tem também a decorrer um ensaio clínico na área da reumatologia e medicina interna.

HdF: Entre as áreas em que estão inseridos (linfoma, esclerose múltipla e artrite reumatóide), a principal é a esclerose múltipla. Porém, existe alguma área que não está implementada em Portugal e que possa vir a ser desenvolvida.
ST: A Biogen Idec. irá implementar todas as áreas nas quais está envolvida em Portugal. Logicamente que essa implementação também está dependente da evolução económica do nosso país e também dos tempos de aprovação dos nossos medicamentos.