A saúde feminina é o pilar da sociedade, uma vez que sem uma saúde adequada as mulheres não conseguem gerar vida. Por isso, é fundamental que estejam asseguradas a saúde psicológica, física, hormonal e funcional das mulheres que são o símbolo da fecundidade.
Ao longo da sua vida, a mulher passa por um crescimento multidimensional o que pressupõe uma adaptação às várias fases da vida: puberdade, início da vida sexual, manutenção após o parto, adaptação à menopausa. Um trabalho contínuo hormonal, funcional e psicológico.
Em Cirurgia Plástica, dispomos de um conjunto de tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos para melhorar a vida sexual da mulher durante as diferentes fases do seu desenvolvimento. No entanto, esta abordagem só faz sentido quando combinada e integrada com outras valências, nomeadamente, Ginecologia, Sexologia e Psicologia.
Por vezes, a mulher procura uma solução de rejuvenescimento íntimo, quando na verdade está a passar por uma alteração profunda hormonal e psicológica que necessita de ser abordada. Existem ainda situações de fraca autoestima sexual, de pressão de pares ou de dismorfia da imagem corporal com impacto na intimidade.
A ideia contemporânea da sexualidade como uma performance exclusivamente mecânica, cuja difusão tem sido facilitada pela Internet (pornografia e redes sociais), pode ser redutora, distorcida, logo, perigosa.
A perfeição anatómica não representa a condição necessária para uma sexualidade satisfatória e saudável, que depende da interação de múltiplos fatores, incluindo dimensões culturais, relacionais, psicológicas e hormonais. A mulher tem direito a ter acesso a uma solução integrada, tal como a que defendo na minha clínica.
Um dos pontos fundamentais a discutir é a natureza precisa das disfunções sexuais que motivam a procura de tratamentos.
Devemos discutir com a mulher as suas reais expectativas uma vez que, em muitos casos, a cirurgia não é apropriada e pode não levar para uma solução definitiva, devendo ser então oferecida uma abordagem integrada com Ginecologia e Sexologia (Drª Céu Santo), Psicologia (Drª Filipa Jardim da Silva, Drª Débora Bento Correia) e tratamentos por Cirurgia Plástica (Drª Sofia Santareno).
A atrofia vulvovaginal (AVV) ou síndrome geniturinário da menopausa (SGM) pode afetar até 90% das mulheres na menopausa. As características incluem atrofia, laxidez vulvovaginal, secura e irritação, dispareunia (dor na relação sexual), anorgasmia e sintomas urinários. A vulva, a vagina e a bexiga são tecidos responsivos aos estrogénios, mas a terapia de reposição hormonal não é possível em mulheres com neoplasia sensível a hormonas ou níveis normais de estrogéneos. Quando esta não é uma solução, pode optar-se por outro tipo de procedimentos.
O rejuvenescimento vaginal inclui um conjunto de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos seguros e eficazes para a melhoria da flacidez vaginal e estética vulvar. Além das técnicas cirúrgicas mais tradicionais (ninfoplastia- redução dos pequenos lábios; perioneoplastia - correcção do intróito vaginal no pós-parto), atualmente dispomos de procedimentos inovadores e não invasivos associados a baixo risco de complicações, que começam a manifestar evidência científica sobre a sua eficácia.
De entre os tratamentos não cirúrgicos baseados em energia a radiofrequência parece representar um método seguro e com resultados. Outros podem incluir hidratação e preenchimentos.
Além destes exemplos, muitos outros casos de problemas íntimos afectam as mulheres ao longo da sua vida e não devem ser negligenciados.
Neste Dia Internacional da Saúde Feminina (28 de maio) considero importante deixar nota para que as mulheres valorizam a sua saúde, num todo e a ginecológica em particular, sem receios e sem puderes, pois está mais do que na hora de falarmos sobre as nossas vaginas, úteros e sexualidade.
Texto: Dra. Sofia Santareno, Cirurgiã Plástica do Board Europeu e Diretora Clínica da The Dr. Pure Clinic.
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