O que é a saúde? Segundo a OMS, é um "estado de completo bem-estar físico, mental e social". Mas como se pode estar "bem", quando se tem preocupações? Elas minam o espírito, repercutindo-se no organismo. No entanto, existe solução para esta situação.

As fontes de ansiedade, de stress, de depressão, fazem-nos mal, tanto fisicamente como psicologicamente. Por meio de mecanismos muito complexos, produzimos diferentes hormonas capazes de nos fazer mal ou bem. Estas hormonas intervêm ao nível do organismo e repercutem-se no sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunitário.

Ou seja, a nossa saúde, tanto mental como física, está fortemente ligada a elas. Temos, por isso, todo o interesse em favorecer a produção de hormonas boas e reduzir as hormonas más. Ora isto é absolutamente possível de conseguir e, embora os seus efeitos pareçam mágicos, não há aqui qualquer intervenção da magia.

Saiba como pode impedir que as preocupações lhe afectem o espírito e a saúde física.

As hormonas do stress
Como já deve ter experimentado vezes sem conta, as reacções ao stress não se produzem apenas na cabeça. Quando uma situação ultrapassa a nossa capacidade de a enfrentar, o corpo faz intervir uma série de modificações propícias ao seu desregulamento.

Como nada na Natureza parece ser feito ao acaso, estas modificações teriam tido grande utilidade para os primeiros homens e continuam a funcionar para os animais. Vejamos então o que se passa... Quando algo de imprevisto ameaça o equilíbrio, o nosso organismo, assim alertado, entra em acção.

Adrenalina e noradrenalina - Determinados neurotransmissores (moléculas que veiculam os nossos estados emocionais), denominadas adrenalina e noradrenalina, activam o sistema nervoso simpático. A energia multiplica-se, o ritmo cardíaco e respiratório acelera-se, a tonicidade muscular e a tensão arterial aumentam, as pupilas dilatam-se, o sangue coagula mais facilmente.

Cortisol - Quase ao mesmo tempo, as glândulas supra-renais libertam, em grande quantidade, cortisol, a chamada hormona do stress. O cortisol origina uma produção de energia mais duradoura. Tudo fica assim preparado para a fuga ou para o combate. Quando esta energia serve para passar à acção, é uma situação perfeita.

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A pessoa tem medo, corre, fica salva, tudo se acalma. A energia é consumida, as hormonas do stress regressam ao seu nível normal e o corpo recupera a sua homeostase (o seu equilíbrio). O problema é que, na nossa época, a maior parte do stress é fornecido por situações que não justificam qualquer actividade corporal.

Vá-se lá tentar salvar quando estiver preso num engarrafamento ou quando, no trabalho, se vê submetido a ritmos trepidantes! Resultado: quando o esforço físico não se produz, ficamos como um motor acelerado num automóvel imobilizado. Quando prolongada ou repetida, a hipersecreção de adrenalina e de cortisol leva a um estado de tensão prejudicial à saúde.

Do ponto de vista físico, surgem as dores musculares, as funções internas são afectadas. O afluxo de hormonas provoca um estado inflamatório. A maior coagulabilidade do sangue contribui para uma acumulação de gordura nas artérias. A hipertensão mantém-se, o sistema imunitário fica perturbado.

Do ponto de vista psíquico, é a fadiga, a insónia, a ansiedade ou a depressão. Os neurotransmissores culpados não se situam apenas no cérebro. Os intestinos, por exemplo, contêm neurónios que segregam, também eles, adrenalina. É por isso que o stress se pode começar por manifestar sob a forma de dores intestinais.

As colites espasmódicas são, muitas vezes, indicador de um organismo afectado pelo stress. O sistema imunitário também entra directamente em ressonância com o stress. Foi descoberto que as células assassinas, encarregadas de destruir e digerir bactérias, toxinas, células cancerosas, estão equipadas, à sua superfície, com receptores específicos.

Estes captam os neurotransmissores e, portanto, claro também a adrenalina. Naturalmente, quando esta está em excesso, as células assassinas têm dificuldade em fazer o seu trabalho de depuração. Numa entrevista de Sylvie Fontegne, o Professor Louis Perrin, autor da obra Lê Psychisme, lê stress et Vimmunité, explica como o stress provoca uma maior sensibilidade às infecções, de tal maneira que pode modificar a evolução dos cancros (levando o tumor a desenvolver-se mais rapidamente).

Por outro lado, o aumento da taxa de cortisol provoca, também ele, lesões do hipocampo, uma estrutura do cérebro relacionada com a memória. Por fim, adrenalina e cortisol favorecem a acumulação do ateroma nas artérias, provocando assim a aterosclerose. A par do colesterol, o stress é, por si só, responsável pelas doenças cardiovasculares e pela hipertensão.

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As hormonas benéficas
A produção de hormonas benéficas deve ser incentivada, porque elas tornam-nos mais felizes e mais saudáveis. Entre elas, outros neurotransmissores:

Dopamina e serotonina - a primeira melhora o humor, é um verdadeiro produtor de alegria. A segunda actua ao nível do sistema nervoso parassimpático que, se bem se lembram, tal como o simpático, enerva todos os nossos órgãos. Em conjunto, eles formam aquilo que se designa pelo sistema nervoso autónomo.

Contrariamente ao sistema simpático, que é excitante, o parassimpático é factor de relaxamento. Retarda o ritmo respiratório e cardíaco, reduz a tensão, estimula a digestão, melhora o trânsito intestinal. Em estado normal, contraria espontaneamente a actividade do seu parceiro e adversário. Os dois sistemas completam-se.

Para funcionarmos, precisamos de um acelerador e de um travão. No entanto, em caso de stress, o travão natural do sistema parassimpático é ultrapassado e é necessário encontrar meios exteriores para reforçar a sua acção. Eles irão ajudá-lo a ser mais descontraído e, portanto, mais eficaz para enfrentar os seus problemas, impedindo-os de lhe causar doenças.

Ficará menos ansioso, menos deprimido, menos irritável, menos nervoso. E, assim, tudo funcionará melhor. Alguns estudos realizados mostraram que, nos ansiosos e nos depressivos, a serotonina seria segregada em quantidade muito insuficiente.

 Várias experiências efectuadas em ratinhos demonstraram que aqueles a quem se bloquearam os receptores deste neurotransmissor se tornavam medrosos, incapazes de ter iniciativa, deixando-se mesmo morrer de fome. Ao contrário, os ratinhos abundantemente dotados de receptores serotoninérgicos não mostram medo e enfrentam com sucesso situações perigosas.

Os medicamentos actualmente em voga contra a depressão e a angústia actuam justamente ao nível das funções serotoninérgicas. Mas é absolutamente possível aumentar, de forma totalmente natural, a produção de serotonina e isto sem qualquer esforço especial.

Neuropeptidos (endorfinas) - Uma outra classe de neutrotransmissores intervém para assegurar o nosso bem-estar. São os chamados neuropeptidos, os quais são segregados por todas as células do corpo. Os mais conhecidos são as endorfinas, pequenas moléculas que actuam um pouco como a morfina. Verdadeiros euforizantes e calmantes naturais.

Também elas intervêm ao nível do sistema nervoso parassimpático. Além disso, proporcionam uma sensação agradável, tanto ao nível do espírito como do corpo.

Ocitocina - Por fim, o nosso corpo liberta também, se for levado a tal, um peptido chamado ocitocina, verdadeira hormona do prazer.

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Os marcadores somáticos
Todos estes processos químicos demonstram bem a interacção fisiologia/psicologia. As moléculas do mal-estar ou do bem-estar circulam constantemente da cabeça até aos pés, se assim se pode dizer. A harmonia do seu organismo passa pelo bom relacionamento entre o cérebro cognitivo, o cérebro emocional e elementos fisiológicos.

Indo mais longe, o neurologista António Damásio demonstrou que as sensações corporais podiam influenciar os nossos actos.

"A faculdade de raciocínio", escreve ele em o Erro de Descartes1994, é provavelmente moldada e modulada pelos sinais emitidos pelo corpo. Com certeza que já lhe aconteceu, quando tem de fazer qualquer coisa importante sentir dores de barriga ou um aperto no estômago, uma aceleração do coração ou mal-estar difuso.

Antes mesmo de analisar o que se passa na cabeça, o seu corpo já reagiu, colocando-o em estado de stress. Sente-se mal, mesmo sem saber porquê. É evidente que o corpo lhe está a emitir sinais de perigo. Como reage antecipadamente a um estímulo externo (por exemplo, uma percepção visual ou auditiva), ele desencadeia toda a cascata de hormonas que activam o sistema nervoso simpático. E os músculos, os órgãos internos contraem-se.

Damásio chama a estas manifestações marcadores somáticos. Trata-se de rastos deixados a nível corporal por experiências vividas ou imaginadas. Ao viver ou imaginar estas experiências, estaríamos a codificar indelevelmente modelos, de estados corporais que se reactivariam de cada vez que a mesma situação se repete.

Assim gravados na nossa memória, eles ressurgem automaticamente de cada vez que se apresente o tipo de situação à qual eles foram primitivamente associados. E o cérebro emocional, depois de informado, lançaria um alerta que leva o sistema nervoso simpático a activar-se, provocando os sintomas do stress. Isto sem o controlo da sua vontade.

Várias regiões do cérebro são afectadas pelos estados do corpo. Para além do cérebro emocional, uma outra parte, a ínsula, recebe informações provenientes dos órgãos internos ou do corpo, como um todo. Os marcadores somáticos podem ser codificados negativa ou positivamente. Se, ao volante do seu carro, em vez de ver um agente da polícia, ouvir no rádio uma canção associada a boas recordações, terá uma sensação de calor suave e sentir-se-á alegre.

Alguns investigadores constataram que, na época de Natal, as pessoas habituadas a receber presentes segregavam mais dopamina. Boa notícia! É possível levar o seu corpo a assumir o estado mais adequado para induzir respostas emocionais positivas.

Não só estará a interromper o encadeamento: subida da adrenalina e do cortisol, activação do sistema nervoso simpático com todas as suas consequências, como o seu espírito será mais claro. E a solução para os seus problemas surgirá mais facilmente.

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Como activar as hormonas benéficas
1. Identifique as fontes do stress - Tente descobrir o que lhe desencadeia o stress. sente-se ansioso antes de uma entrevista? Está com a agenda cheia de compromissos? Talvez esteja além do seu limite. Após identificar as fontes, tente minimizá-las ao máximo.

2- Controlar a respiração - Respirar pode medir e alterar o seu estado psicológico, fazendo um momento stressante aumentar ou diminuir de intensidade. Preste atenção à sua respiração. Inspirar profundamente e de seguida solte o ar lentamente é uma excelente técnica para se sentir mais relaxado.

3- Exercite-se diariamente - Os exercícios aumentam a libertação de endorfina, substância produzida naturalmente no cérebro que traz sentimentos de tranquilidade. Muitos estudos mostram que o exercício, juntamente com o aumento da libertação de endorfina realmente faz aumentar a confiança e auto-estima e reduzir as tensões.

4- Yoga do riso - Anula os efeitos do stress por redução dos níveis da hormona e dos péptidos relacionados com o stress (estes efeitos são repentinos e de longa duração). Estudos recentes num grupo de 50 profissionais de Tecnologias de Informação, em Bangalore, Índia verificaram que os níveis de hormonas do stress desceram significativamente após sessões de Yoga do Riso.

5- Flutuar - Os tratamento com flutuação em tanques de água salgada são eficazes para doenças crónicas relacionadas com o stress. Um estudo da Karlstad University, na Suécia, liderado por Torsten Norlander, mostra que indivíduos que sofrem de problemas de saúde relacionados com o stress, como doenças crónicas, depressão ou ansiedade são ajudados em grande parte com a flutuação. O efeito mantém-se quatro meses após o periodo de tratamento.

6- Boa alimentação - Melhore a sua alimentação. Abacate, banana, batata, peru, iogurte, amêndoas, sementes de abóbora, tahini (puré de sementes de sésamo), alface, entre outros. Estes aumentam os níveis de triptofano que é um aminoácido que produz a hormona de “bem-estar” – serotonina. Massa, pão, cuscuz, quinoa, aveia não refinados, lentilhas, arroz integral e a cebola são alimentos “calmantes”.

O stress “elimina” as proteínas muito rapidamente, portanto, assegure-se de que ingere 100 a 175 gramas de proteínas de alto valor biológico todos os dias. Os óleos de peixe, as sementes de abóbora ou de girassol são ricas em muitos ácidos gordos essenciais que reduzem a inflamação provocada pelo excesso de hormonas do stress.

O chá verde contém um aminoácido importante denominado de L-teanina que melhora a produção de ondas Alfa no cérebro. Estas ondas são geralmente produzidas quando se encontra em estados de relaxamento. Beba 6 copos de água deste chá por dia para manter-se calma/o.

“Livre-se das Preocupações e Comece a Viver”
O livro “Livre-se das preocupações e comece a viver”, da Dra. Marie Lecardonnel, publicações prevenção de saúde, pretende desvendar-lhe os segredos das pessoas felizes. Dar mais felicidade à sua vida. Ensiná-lo a distribui-la à sua volta. Se seguir passo a passo os conselhos que aqui lhe dão, aplicando as receitas apresentadas, aprovadas pelas mais recentes descobertas científicas, poderá viver melhor.

O tema apresentado é um dos temas desvendados neste livro que diz que as pessoas felizes são mais saudáveis.

Agradecimentos: Acumedis Carlos

Fotografia:
Biotherm