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Entrevista com Armando Barbosa, Médico Anestesiologista e especialista na terapia da dor na PainCare
O tratamento da dor, nomeadamente a crónica, é uma preocupação recente e está relacionada com a procura, cada vez maior, de vida com mais qualidade.
A dor representa atualmente um dos maiores problemas de saúde pública atingindo cerca de 20 a 30 por cento da população. Os custos com este problema ultrapassam os 2 mil milhões de euros por ano e representam uma perda de 1,5 milhões de dias de trabalho anuais para quem sofre da doença.
A dor aguda surge na sequência de um traumatismo ou cirurgia, representando uma defesa do organismo. Quando se prolonga por mais de 6 meses, a dor crónica torna-se uma doença.
Pode dividir-se a dor segundo a sua localização, origem e sintomas. Atualmente, uma das grandes causas é o envelhecimento que provoca um desgaste ósseo e articular nomeadamente da coluna vertebral. Outras causas de dor são a Diabetes, Neoplasias, Doenças Virais e Doenças do Sistema Nervoso Periférico e Central. Contudo, há casos em que a dor se torna por si só doença, permanecendo ativa mesmo depois de a causa inicial ter desaparecido.
Quem trata a Dor crónica?
Qualquer médico desde que possua os conhecimentos adequados pode tratar a dor crónica. Atualmente a especialidade que tem no seu programa de formação a dor crónica é a Anestesiologia (anestesia).
Quem recorre a consulta de dor?
Cerca de 80 por cento são doentes com patologia da coluna vertebral como hérnias discais, artroses da coluna vertebral, síndrome da cirurgia falhada da coluna, síndrome do golpe do coelho, dores de cabeça e do pescoço que surgem após acidentes de automóvel ou outros) os outros 20 por cento são doentes com neoplasias, dores neuropáticas (uma dor tipo queimadura), fibromialgia etc.
A dor crónica é curável?
É a pergunta que os doentes fazem com frequência na nossa consulta e esta deve a ser a principal preocupação dos médicos que tratam a dor crónica identificando aqueles que podem ser curados.
Muitos destes doentes podem vir a curar-se, mas determinadas dores crónicas são consideradas intratáveis. Por isso é necessário evoluir do mero tratamento e alívio dos sintomas da dor para o diagnóstico, para que se possa diferenciar a dor tratável da dor não tratável. Técnicas como a radiofrequência, nucleoplastia, ozonoterapia terapias intradiscais e vertebroplastia permitem de uma forma relativamente simples tratar e muitas vezes curar as causas da dor em regime ambulatório.
Técnicas minimamente invasivas para o tratamento dor
Hérnias discais, artroses, síndrome do túnel cárpico e dores ligamentares e articulares são patologias conhecidas por provocar dor crónica e afectarem significativamente a qualidade de vida dos doentes.
Atualmente e desde que haja uma indicação correta é possível tratar este tipo de patologia em ambulatório, com alta médica na hora seguinte.
A Ozonoterapia, por exemplo, é uma técnica percutânea, em que «o gás ozono é injetado, através de uma agulha de pequeno calibre, infiltrando-se tanto a nível do núcleo do disco como a nível dos músculos paravertebrais e favorece a sua rehidratação e a redução do conflito disco-radicular, eliminando a sensação de dor
O ozono é um gás seguro, não é tóxico e pode administrar-se com segurança, favorecendo o tratamento da dor e a diminuição da inflamação.
A nucleoplastia é também uma técnica minimamente invasiva, percutânea, utilizada em hérnias discais contidas, cervicais ou lombares. É um procedimento que consiste em descomprimir o disco herniado mediante a inserção de uma agulha cuja ponta, ao libertar temperatura entre 40º - 70º provoca diminuição do núcleo do disco, reduzindo a compressão.
Outra técnica também aplicada no tratamento da dor crónica é a radiofrequência. Recomendada para artroses da coluna vertebral, síndrome golpe do coelho (quando as pessoas sofrem um acidente de automóvel ou outro que origina dores a nível do pescoço e membros superiores) instabilidade da coluna vertebral, dores pós cirúrgica da coluna ou hérnias discais.
Após anestesia local o médico insere uma agulha com uma ponta especial que emite radiofrequência e faz com que os nervos deixem de enviar estímulos dolorosos para o cérebro.
A vertebroplastia está indicada para situações de colapso provocado por osteoporose, metástase óssea ou trauma.
Esta técnica consiste na reconstrução de vértebras fracturadas na sequência de osteoporose, metástases de tumores noutras áreas do corpo ou traumatismos. Esta técnica, também percutânea permite estabilizar e fortalecer as vértebras lombares e torácicas.
A entrada da agulha é feita através da pele até penetrar na vértebra para fazer o preenchimento com um cimento especial para a fortalecer.
Para aqueles que não tem possibilidade de cura, existem atualmente fármacos que evoluíram nos últimos anos, como os derivados da morfina e outros que, ultrapassando medos injustificados, se têm posicionando como excelente arma terapêutica.
Para os casos refratários e mais difíceis, a tecnologia disponibiliza alternativas como a neuroestimulação e a colocação de bombas minúsculas que incorporados no nosso corpo (como um pace maker) permitem controlar a dor de uma forma eficaz.
Por Palmira Correia
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