O levístico (Levisticum officinale Koch) é natural do Irão e da Europa do Sul e julga-se ter sido introduzido na Europa Central e do Norte pelos monges beneditinos. Na antiga Ligúria, era já uma panaceia muito utilizada. Os egípcios utilizam-no atualmente para acompanhar pratos de peixe grelhado, carnes e guisados.

Esta planta era muito utilizada e louvada pelo botânico e médico Dioscórides, começando a ser cultivada na Idade Média, nos jardins dos conventos, tornando-se mais tarde muito popular. Em 1735, o herbanário Irlandês Koch referiu que a planta iluminava a flatulência, auxiliava a digestão, provocava a micção e a menstruação, aclarava a vista e removia sinais, sardas e vermelhidão do rosto.

No século XVI, a escola de Salerno elogia as suas propriedades emenagogas. Na Suíça e na Alsácia, o caule oco do levístico utiliza-se como palhinha para beber leite quente para combater infeções da garganta. Na Áustria, nas procissões do dia do Corpo de Deus, as pessoas levam ramos de levístico para serem benzidos, guardando-os depois como proteção contra o mau tempo e os espíritos malígnos.

No dia de São João era hábito dar levístico ao gado misturado com leite e colocar nos extremos dos campos três cruzes feitas com esta planta para afugentar as bruxas. Na atualidade, parece ter caído um pouco em desuso excepto nos países nórdicos onde é ainda bastante apreciada, sobretudo na culinária. O levístico é uma planta vivaz, herbácea, da família das umbelíferas ou apiáceaes.

É semelhante a um grande aipo bravo, podendo atingir dois metros de altura. Apresenta folhas verdes brilhantes, grandes na base dos ramos, muito divididas e recortadas que quando esmagadas libertam um aroma muito semelhante ao aipo, umbelas achatadas de pequenas flores verde-amareladas que surgem no verão, seguidas de mínúsculas sementes castanhas.

A raíz desta planta é cinzento-acastanhada. Podem utilizar-se as folhas, as sementes e a raíz depois de retirada a casca. Em inglês é conhecida por lovage, em francês por ammi, em italiano por sisone e em alemão por kummel.

Componentes

O levístico contém óleos essenciais, cumarinas, gomas, resinas, taninos, amidos, sais minerais e vitamina C.

Propriedades

Devido à cção diurética, recomenda-se para aliviar problemas das vias urinárias (não quando exista inflamação ou insuficiência renal), ureia, gota, cálculos renais, emenagogo (que induz a menstruação), falta de apetite, flatulência e cólicas gastrointestinais.

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A espécie que é usada para aliviar dores menstruais

De uma forma geral, o levístico é um tónico e estimulante do aparelho digestivo com uma ação semelhante à Angélica angelica archangelica L. É anti-espasmódico, diafurético (induz sudação) e ligeiramente sedativo. Como possui também propriedades anti-sépticas e antibióticas é usado em cataplasmas no tratamento de feridas postulentas e inchaços. Na medicina chinesa, a espécie Ligisticum chinensis é muito utilizada para aliviar cólicas menstruais.

Na culinária

Pode utilizar as folhas jovens em saladas, em sopas e em omeletes. As sementes trituradas servem para juntar a pratos de arroz, massa e podem ser usadas no fabrico de pão, bolachas e licores. Uma infusão feita com sementes ou folhas reduz a retenção de líquidos.

Na cosmética

Em uso externo, pode ser utilizado como loção calmante para o banho, desodorizante para a pele e em decocção contra as sardas.

No jardim e na horta

Deve semear-se na primavera ou final do verão em local coberto com cerca de 18º C. A sua germinação leva entre 6 a 10 dias. Pode semear-se no verão ao ar livre em solo bem preparado e, quando a temperatura não for inferior a 0º C, dividi-lo e replantá-lo com cerca de 60 cm de intervalo. Convém escolher cuidadosamente o local tendo em conta que esta planta leva entre 3 a 5 anos até atingir o tamanho máximo e algumas plantas podem ultrapassar os 2 metros de altura.

Gosta de solo bem drenado e bem alimentado e pleno sol ou meia-sombra. Para que as folhas se mantenham jovens e frescas, deve colher regularmente para estimular o crescimento de novas folhas. Convém usar as folhas jovens antes da floração, pois as mais velhas tornam-se rijas e demasiado amargas. No outono, quando a parte aérea morrer, alimente com estrume bem curtido.

Texto: Fernanda Botelho