Quinta-feira, hora de almoço. O objetivo era identificar os alimentos a que o meu organismo é intolerante. Começo por indicar o meu nome, idade e data de nascimento.
Depois, é-me pedido que retire o anel e pulseiras. «Interferem no funcionamento do sistema», justifica Paula Henriques, especialista em nutrição, enquanto coloca em torno do meu pulso direito uma pulseira de metal que está ligada a um computador portátil.
Pede-me que coloque as mãos fechadas sobre a mesa, com os polegares apoiados sobre os restantes dedos. Depois, seguindo as indicações dadas pelo computador, toca com um ponteiro sobre cada um dos polegares durante alguns segundos e repete o gesto 32 vezes, o número de grupos alimentares avaliados por este teste.
Dos dedos às enzimas
«O que estamos a fazer é medir a sua energia comparativamente àquilo que está classificado no ProNutri [a marca do teste] em relação a 520 alimentos. Cada grupo tem um tipo de frequência e o corpo reage ao estímulo a que está a ser sujeito. A placa de metal transmite as frequências eletromagnéticas enquanto fazemos a estimulação de impulsos nervosos na ponta dos polegares», explica a técnica.
O objetivo é avaliar as intolerâncias alimentares, que «têm uma componente fortemente ligada à parte gastrointestinal e ao papel das enzimas. Por exemplo, se a enzima lactase não funcionar adequadamente o organismo não conseguirá processar o açúcar do leite e a pessoa será intolerante à lactose», explica Paula Henriques, diretora da CLínica iCare.
Intolerância alergia ou saturação?
Uma alergia, uma intolerância não envolve a libertação de anticorpos pelo organismo, pelo que se manifesta de forma diferente: «um indivíduo alérgico à amêndoa, alguns minutos ou horas depois de a comer, tem uma reação aguda, como um edema da glote, uma dificuldade enorme em respirar. Se for intolerante, pode ter ingerido a amêndoa ao pequeno-almoço e, ao final do dia, ter sensação de pernas cansadas e retenção de líquidos», exemplifica.
Segundo Paula Henriques, problemas de pele como a acne e o eczema podem estar associados, mas o mais comum é o inchaço (nas pernas, glúteos e abdómen, no caso das mulheres, a nível abdominal nos homens). Cólicas, flatulência, diarreia e obstipação também são comuns. O teste assinala também as saturações alimentares, ou seja, casos de consumo exagerado de alguns alimentos que «vão tornando o metabolismo cada vez mais lento e que, no futuro, podem tornar-se intolerâncias».
Os resultados
Aguardamos um ou dois minutos e surge um gráfico de barras no ecrã.
Ao todo são 32, umas vermelhas, outras verdes, outras cinzentas. «Anda a
consumir hidratos de carbono a mais. Dir-lhe-ia para moderar o consumo
de massa», aconselha a especialista, referindo-se ao grupo alimentar em
que obtive menos 91 por cento.
Para obter informações detalhadas sobre os alimentos desse grupo,
repetimos o procedimento da caneta e surge o veredito.
«O inchaço que
sente tem a ver com o trigo. Deve eliminar todos os alimentos que o
contêm, como produtos de pastelaria, bolos, tostas, bolachas, e moderar
folhados e massas italianas. As massas de arroz, que encontra em
supermercados biológicos, são uma boa opção para si», refere.
Os resultados do teste
Como ler o veredito do teste Pronutri:
- Vermelho
Intolerâncias ou saturações alimentares. Alimentos a retirar da dieta, pelo menos, durante dois meses.
- Verde
Alimentos bem tolerados pelo organismo. Se não forem saudáveis, não deve abusar do consumo.
- Cinzento
Consumir até três vezes por semana. Poderão passar a vermelho se ingeridos em excesso.
As grávidas e mulheres a amamentar, os utilizadores de pacemaker e as pessoas com doenças do sistema imunitário não podem fazer este teste.
Texto: Rita Miguel com Paula Henriques (especialista em nutrição)
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