A asma é uma das doenças crónicas mais prevalentes em todo o mundo e tem grande impacto na qualidade de vida dos doentes. Julga-se que o aumento da sua prevalência esteja relacionado com alterações ambientais e no estilo de vida, onde a alimentação merece um papel de destaque. Explicamos-lhe, de seguida, o impacto dos hábitos alimentares numa doença que afeta já mais de um milhão de portugueses.
A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas, caracterizada por sintomas respiratórios recorrentes, como falta de ar, pressão torácica e tosse. São vários os fatores de risco capazes de agravar esta inflamação, desencadeando os sintomas da doença. O aumento da prevalência de asma nas sociedades ocidentais tem sido relacionado com alterações do estilo de vida, onde a alimentação desempenha um papel relevante.
Por um lado, pensa-se que a evolução para um padrão alimentar ocidentalizado, no qual se incluem alimentos de elevada densidade energética e de baixo valor nutricional, com maiores teores de gordura, açúcar e sal, esteja associado ao aumento da prevalência de asma grave, independentemente de outros fatores socioeconómicos e fatores relacionados com o estilo de vida.
Por outro lado, sabe-se que a ingestão de ácidos gordos polinsaturados n-3, de vitaminas antioxidantes (A, C, D, E) e alimentos ricos em antioxidantes, como a fruta e os produtos hortícolas, apresentam-se como elementos protetores da asma.
O papel da Dieta Mediterrânica na prevenção
A alimentação mediterrânica, reconhecida como um modelo alimentar cultural e saudável que se caracteriza pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, tem sido associada a um melhor controlo da asma em adultos. Esta é caracterizada pela abundância de alimentos de origem vegetal, como o pão, as massas, o arroz, as hortaliças, os legumes, a fruta fresca e os frutos oleaginosos.
Mas não só. Integra também a utilização do azeite como principal fonte de gordura, o consumo moderado de pescado, de aves, de laticínios e de ovos, assim como a ingestão de pequenas quantidades de carnes vermelhas e ingestão moderada de vinho, geralmente durante as refeições.
A ingestão de alguns dos grupos de alimentos mediterrânicos, nomeadamente de fruta fresca e de frutos gordos e oleaginosos, como as nozes (fornecedores de antioxidantes e de ácidos gordos polinsaturados n-3), tem sido também associada positivamente a um melhor controlo da asma e da função respiratória, respetivamente. Mostramos-lhe, de seguida, alguns exemplos de alimentos relacionados com um melhor controlo da asma:
- Citrinos
Os alimentos ricos em vitamina C, como os frutos cítricos, ajudam a fortalecer as defesas naturais do corpo porque contêm antioxidantes que combatem os radicais livres, que em excesso são responsáveis por danos no nosso organismo, nomeadamente nos pulmões.
- Cenoura
São famosas por serem ricas em betacaroteno, outro antioxidante. Estudos sugerem que o beta-caroteno, que é convertido em vitamina A no organismo, pode reduzir a incidência de asma induzida pelo exercício.
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- Café
Julga-se que a cafeína possa auxiliar no controlo da asma, na medida em que apresenta algumas propriedades semelhantes às da teofilina, um broncodilatador de longa duração, que relaxa e dilata os brônquios, facilitando a respiração.
- Sementes de linhaça
São ricas em ácidos gordos ómega-3, bem como magnésio. Algumas pesquisas sugerem que o ómega-3, abundante no salmão e noutros peixes gordos, tem um efeito benéfico sobre a asma. Já o magnésio auxilia no relaxamento dos músculos que rodeiam os brônquios e as vias aéreas, mantendo-as livres, evitando a constrição dos brônquios.
- Abacate
Os abacates têm um importante antioxidante, a glutationa. O seu papel no nosso organismo é o de proteger as células contra danos causados por radicais livres. São também ricos em gordura monoinsaturada.
Texto: Andreia Capelo (nutricionista no clube Holmes Place Arrábida)
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