Juntos, investigadores e parceiros da indústria vão desenvolver produtos alimentares acessíveis que possam prevenir problemas nutricionais em grupos de população europeia em risco de pobreza.
O professor Francesco Capozzi, da Universidade de Bolonha, coordenador do consórcio CHANCE, resume o projeto de três anos: “Não obstante o facto de a maior parte das doenças alimentares serem mais comuns em pessoas com menores rendimentos, os esforços para desenvolver produtos mais saudáveis a preços acessíveis são limitados. Ao explorar os meios para baixar os custos de produção e aumentar o conhecimento sobre este grupo particular de consumidores, o CHANCE espera vir a estimular o desenvolvimento de produtos alimentares que possam fazer a diferença, bem como torna-los disponíveis e atrativos para quem realmente precisa deles”.
Baixos rendimentos, nutrição pobre
Os investigadores descobriram uma ligação direta entre o rendimento a qualidade da dieta: quanto mais baixo o estatuto socioeconómico, mais desequilibrada é a dieta alimentar. Uma das razões para isto é que as pessoas com menos rendimento não podem comprar alimentos nutritivos. Os baixos níveis de escolaridade também podem explicar porque é que os hábitos alimentares. A educação influencia o nível de conhecimento sobre nutrição, o que por sua vez afeta hábitos como o consumo de fruta e vegetais. Há uma relação direta entre má nutrição e risco de obesidade associada a doenças como diabetes e problemas cardiovasculares. As dietas de má qualidade também estão relacionadas com uma deficiência de micronutrientes. Na Europa, 81 milhões de pessoas estão em risco de pobreza. Estes dois fatores associados traduzem-se num peso maior para a sociedade no que respeita a custos com a saúde e segurança social, além do sofrimento individual de cada um.
Especial atenção às mulheres e idosos
Dados do Eurostat de 2010 indicam que as mulheres e os idosos têm maiores probabilidades de estar em risco de pobreza que a população em geral. Os investigadores do CHANCE querem usar critérios sociais e geográficos para clarificar quais são os grupos que geram maior preocupação na Europa. Uma vez identificados estes grupos, importa questionar o que comem. Será o principal problema o excesso de peso e a obesidade, ou serão estes grupos menos saudáveis devido à quantidade inadequada de micronutrientes como ferro e vitamina B12? Para desvendar esta questão, o método da CHANCE inclui a revisão de literatura científica, distribuição de inquéritos sobre hábitos alimentares, registo de medidas como peso, altura e perímetro abdominal e avaliação da situação de saúde e nutrição.
Ultrapassar barreiras, desenvolver novos produtos
Os investigadores da CHANCE irão estudar aquilo que os grupos de risco percecionam como barreiras a uma alimentação saudável. Também vão pesquisar o que a indústria alimentar, a distribuição e os consumidores em geral pensam que pode impedir aquele grupo em particular de comer de forma saudável. Baseados nessas descobertas, os investigadores vão explorar os ingredientes e matérias-primas que podem ser utilizados para a produção de produtos alimentares que identifiquem os problemas nutricionais – produtos que sejam acessíveis e atrativos para quem tem um orçamento reduzido. O processo vai focar tecnologias de baixo custo e ingredientes tradicionais para desenvolver tais produtos.
Tão importante como o conhecimento técnico, é a perceção do estilo de vida e necessidades das pessoas em risco de pobreza. Os ingredientes e produtos alimentares da CHANCE vão ser avaliados de forma a satisfazer as expectativas dos consumidores e exigências de produção.
O projeto CHANCE é coordenado pelo professor Francesco Capozzi e Professora Alessandra Bordoni, da Universidade de Bolonha. O consórcio multidisciplinar consiste em 17 associados em 9 países europeus. 10 universidades e institutos de investigação, assim como 4 pequenas e médias empresas do sector da alimentação e bebidas estão envolvidas na pesquisa do CHANCE.
Para mais informação, visite o site do CHANCE.
Fonte: EUFIC
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