Acufeifa-menor (Ziziphus Lotus L. = Rhamnus Lotus L.) ou acufeifa-do-saara é o único ziziphus nativo do mediterrâneo. A acufeifa-maior (Ziziphus jujuba Mill.), por sua vez, é de origem asiática. Esta planta gosta de zonas áridas, sendo por isso muito comum em territórios da África do Norte, da Síria, da Sicília e também do sul da nossa península. Jeronymo Joaquim de Figueiredo menciona-a em 1825 na sua obra «Flora Pharmaceutica e Alimentar Portugueza». Conforme descreve, «cultiva-se no Algarve, na Estremadura e noutras partes do reino o Rhamnus Lotus chamado anafega ou acufeifa-menor».
A acufeifa-menor é um arbusto grande (alcança até três metros de altura), extremamente espinhoso e tortuoso, que consegue sebes impenetráveis. A madeira é vermelha e dura, as pequenas folhas caducas indiferentes ao vento e ao calor. As raízes são incrivelmente desenvolvidas. É comum procurar água até aos 60 metros de profundidade. Pode ser plantada onde nada vingue, onde ninguém vá, em terreno sem fertilizantes e sem necessidade de poda, mesmo que o vosso vizinho faça produção de cabras.
Os frutos (abundantes e inigualáveis) variam no sabor e nem todos são saborosos. A sua recolha é uma penitência por causa dos espinhos. Têm sensivelmente o tamanho de uma cereja, sabor a maçã (daí o seu outro nome ser macieira de anafega) e come-se como uma tâmara, bem madura. Desde a antiguidade que os frutos são consumidos frescos ou secos, em farinha ou fermentados com água numa espécie de cerveja, depois de feita a seleção.
As propriedades medicinais desta fruta
Há muito tempo que pode ser encontrado no nosso país. Sempre se atribuiu à acufeifa-menor virtudes medicinais. Os árabes dizem que é tonificante, que abre o apetite, que é boa para os rins e para a bexiga, mas também para a tosse. Em setembro de 2010, os investigadores da faculdade de Tlemcen, na Algéria, demonstraram os efeitos positivos sobre doenças modernas. Estudos confirmaram que, além de ser anti-diabético, também tem um efeito analgésico, anti-inflamatório e hipoglicémico. Os investigadores líbios encontram neste fruto uma quantidade considerável de antioxidantes flavonoides.
Baseado nas descrições de Políbio e Ateneu, Desfontaines demonstrou em 1790 que a acufeifa-menor é «o lótus dos lotófagos». Segundo os antigos, este povo encontrou a felicidade numa ilha da costa tunisina onde se alimentava unicamente de acufeifa-menor e do seu vinho. Quando Ulisses enviou os seus homens para explorarem a ilha dos Lotófagos, ninguém regressava. Decidiu investigar ele próprio e encontrou os seus marinheiros felizes, estendidos com os lotófagos a degustar as acufeifas. Porque este fruto, diz Homero, faz esquecer tudo, mesmo o desejo de regressar à sua pátria. Não me perguntem se é verdade, pois eu próprio também me esqueci de regressar.
Texto: J. P. Brigand
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