Não se deixe enganar. Os períodos de férias e as épocas festivas são, geralmente, marcadas à mesa por "exceções hipercalóricas, que resultam na acumulação de gordura [aumento de volume dos depósitos de células gordas já existentes], inchaço, má digestão e mal-estar generalizado", descreve a nutricionista Lillian Barros. Mas, nos restantes períodos, tal também sucede, o que obriga a uma consciencialização do problema.
Pela quantidade e pela qualidade nutricional, o nosso organismo não tolera estes excessos por muito tempo e avisa-nos que está a atingir um limite através da sensação de "enfartamento, azia, refluxo, distensão abdominal, prisão de ventre, retenção de líquidos e acumulação de gases". São sinais de alarme que denunciam que nem a nossa saúde nem a nossa silhueta estão em forma e que devemos inverter este quadro.
Lillian Barros, autora dos livros "A comida que vai mudar a sua vida - Previna e combata doenças e problemas do dia a dia com a alimentação funcional", "Sopas, saladas e chás detox - Um plano com mais de 100 receitas para desintoxicar o corpo, emagrecer e ganhar energia" e "Sumos e águas detox - Mais de 100 deliciosas receitas para emagrecer, cuidar de si e viver com mais energia", preparou um plano e tira dúvidas.
Porque é que nos sentimos inchados?
Há vários fatores que podem influenciar a retenção de líquidos e conferir a sensação de inchaço. O excesso de calorias associado a um menor dispêndio das mesmas, pratos mais pesados ricos em gorduras e sal que provocam sintomas fisiológicos que aumentam o desconforto e a sensação de enfartamento, a própria velocidade rápida de ingestão dos alimentos [associado normalmente à entrada de ar] e a fraca qualidade das refeições, das entradas, das sobremesas e dos snacks, entre outros.
Que alimentos mais contribuem para este inchaço festivo?
Os pratos mais pesados com grandes quantidades de gordura, laticínios gordos, doces e sobremesas, fritos e todas as bebidas alcoólicas mas, sobretudo, as destiladas, mais concentradas em álcool e calorias. Neste caso, a solução passará pela moderação e pela preferência pelo vinho tinto, rico em antioxidantes.
Quanto maior o teor alcoólico, pior o aporte calórico, sobretudo tratando-se de calorias vazias, que não têm funções especificas no organismo, são inúteis e apenas se acumulam.
Que estratégias ajudam a evitar a sensação de inchaço?
Não estar muitas horas sem comer, evitando assim sentar-se à mesa em hipoglicémia, já em carência. Quando isto acontece, o excesso alimentar é garantido e as más digestões e distensões abdominais são muito comuns. Mesmo em dias de festa, devem comer-se pequenos snacks saudáveis.
Mantêm o equilíbrio e fornecem a energia necessária, impedindo que o organismo sinta necessidade de entrar em compensações. Outra estratégia é começar a refeição com entradas pouco calóricas, nomeadamente sopa de legumes ou salada com uma base verde, como rúcula, alface, agrião e outros vegetais, como tomate cereja, cogumelos frescos laminados, espargos, cebola e até mesmo fruta ou sementes.
Quais as vantagens?
Ajudam a controlar o apetite e reduzem o volume gástrico disponível para o prato principal. Quando este chegar, acompanhe-o com legumes, salada ou hortaliça. Cerca de metade do prato deve ser ocupada por estes vegetais, para reduzir o valor calórico e não a quantidade ingerida.
Quanto às sobremesas, recomendo apenas provar e prepará-las com ingredientes alternativos, mais saudáveis, como é o caso de lácteos magros, natas/cremes ou leites de origem vegetal, farinhas integrais e mel ou açúcar mascavado.
Instalada a sensação de inchaço, o que podemos fazer?
Sugiro a toma de chás, infusões e tisanas drenantes e digestivos, como por exemplo, infusão de cavalinha, de dente-de-leão, hortelã, funcho, pau de canela e/ou gengibre. Se o excesso foi grande, então proponho um ciclo detox, utilizando os sumos detox como substituição de algumas refeições (pequeno-almoço, lanches da manhã e da tarde), durante cerca de três dias, consoante o excesso.
Que alimentos devem ser privilegiados numa dieta rápida com ação anti-inchaço?
Pequenos snacks saudáveis, ao longo do dia, como fruta ou frutos secos sem sal, com moderação. Um punhado, pois são calóricos, ainda que saciantes e práticos... Depois, infusões de ervas drenantes e facilitadoras da digestão, como por exemplo uma infusão de cavalinha, de dente-de-leão, de hortelã, de funcho, de pau de canela e/ou de gengibre.
Deve também abusar de vegetais, sobretudo de palitos de cenoura, pepino ou aipo com dips de iogurte natural magro e ervas ou pequenos palitos com tomate cereja, mozarela fresca ou queijo fresco magro e manjericão.
Quais os benefícios deste tipo de dieta com ação detox?
Se não se ignorar que o resto da dieta deve ser cuidada e equilibrada, incluir uns dias detox mais rigorosos pode ser uma forma de voltar a entrar nos eixos e sentir diferenças no organismo, que nos motiva. Estas dietas devem, contudo, fornecer ao organismo todos os elementos nutricionais que ele necessita para se manter ativo e eficiente.
Não vale a pena passar um dia a chás ou tisanas só porque se comeu demais nos dias anteriores. De nada serve um jejum prolongado se não houver um plano equilibrado de base.
Qual o período máximo aconselhado para este tipo de plano?
Uma dieta hipocalórica mais restritiva e controlada pode ser feita entre um e três dias. Este período limitado evita que existam adaptações metabólicas à fraca entrada de calorias. Se essa adaptação acontecer, o organismo baixa o seu dispêndio de energia [metabolismo basal], o que impede uma futura perda de peso.
Quais os riscos de adotar um plano restritivo a longo prazo?
Pode haver consequências metabólicas importantes que conduzem à recuperação rápida do peso perdido que, muitas vezes, não vem sozinho. Estas dietas podem, também, alterar o humor e a restrição prolongada pode levar a carências nutricionais. Se o objetivo é desintoxicar e desinchar de forma rápida, eficaz mas, acima de tudo, saudável, o ideal é procurar um especialista que ajude a obter objetivos sem comprometer a saúde.
Que cuidados são essenciais?
Não vale a pena desintoxicar ou reequilibrar o consumo alimentar durante três dias para depois voltar ao excesso e ao desequilíbrio nutricional. Aconselho um plano alimentar variado, com um pouco de tudo, mas a horas certas.
Adotar uma alimentação funcional, fornecendo ao organismo aquilo que ele precisa para desempenhar as suas funções, é fundamental. Uma dieta personalizada e adaptada a cada indivíduo, consoante o seu estilo de vida, profissão, nível de atividade física, entre outros fatores.
4 regras essenciais para conseguir perder peso
Estas são, segundo Lilian Barros, nutricionista, quatro comportamentos a adotar:
1. Acompanhe a dieta com entre 1,5 litros a 2 litros de infusão de ervas drenantes
Junte um pau de canela e uma rodela de gengibre. Vai ajudá-lo a desinchar e a controlar o apetite.
2. Programe o detox
Tente que esta dieta aconteça numa semana rotineira, sem jantares fora ou celebrações que a podem fazer desistir ou interromper do ciclo.
3. Evite as hipoglicémias
Não passe mais do que duas a três horas sem comer. Opte por pequenos snacks saudáveis ou vá ingerindo um sumo detox ao longo da manhã e da tarde.
4. Faça (mais) exercício
Potencia a eliminação de calorias e toxinas. Se existe excesso de peso, opte por uma atividade sem impacto. Faça uma caminhada de 30 a 45 minutos, duas a três vezes por semana.
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