O consumo de produtos da pesca e aquacultura (peixe fresco, peixe congelado, conservas, bacalhau, etc.) em Portugal é um dos mais elevados da Europa, situando-se em mais de 55 kg por ano e por habitante.

A par desta elevada taxa há a salientar a grande diversidade de espécies e produtos que são consumidos bem como a diversidade de tratamentos culinários que proporcionam uma grande variedade de pratos.

Assim, o número de espécies desembarcadas ultrapassa as três centenas, no entanto, a sardinha, carapau, polvo, pescada e peixe-espada são as mais expressivas. De entre as espécies de aquacultura podem salientar-se a truta, dourada, robalo, pregado, linguado, enguia, sargos e amêijoas. Do conjunto dos produtos importados importa realçar o bacalhau, salmão e crustáceos.

O pescado é uma importante fonte de nutrientes que apresenta um valor nutricional semelhante à carne das aves e dos mamíferos, destacando-se as proteínas, a gordura, os minerais e as vitaminas.

As proteínas possuem um elevado valor biológico pois apresentam na sua constituição todos os aminoácidos essenciais e os teores mais frequentes variam entre 16 e 21 %. O teor de gordura é muito variável, situando-se os valores mais frequentes entre 0,2 e 25 %.

A gordura é constituída maioritariamente por triacilgliceróis os quais, por sua vez, são compostos por uma grande diversidade de ácidos gordos. As principais vitaminas são a A, D e E (solúveis na gordura) e as do complexo B (solúveis em água) enquanto que do conjunto dos minerais se destacam o iodo e o selénio.

Presentemente, considera-se que a grande importância dos produtos da pesca decorre dos baixos níveis de colesterol e da presença apreciável de ácidos gordos polinsaturados. Assim, no que respeita ao colesterol, que actualmente é motivo de grande preocupação, os níveis encontrados no peixe são baixos, ao redor de 30 mg/100 g, enquanto que nos crustáceos podem atingir 80 mg/100 g.

Quanto aos ácidos gordos, uma importante fracção destes pertence à série 3, destacando-se os ácidos eicosapentaenóico e docosahexaenóico, conhecidos, respectivamente, pelas siglas EPA e DHA, cuja ingestão tem sido associada, entre outros efeitos positivos para a saúde, ao abaixamento da tensão arterial, redução dos níveis de triacilgliceróis e lipoproteínas no sangue, diminuição do risco de arritmias, redução das respostas inflamatórias e diminuição do crescimento da placa ateroesclerótica.

Está igualmente bem documentado o seu papel na prevenção das doenças cardiovasculares e há também muitas provas científicas que atestam outros benefícios, nomeadamente ao nível do bem-estar e na prevenção da depressão e da obesidade.

Por Narcisa Maria Bandarra e Maria Leonor Nunes