Se está farta de pensar em comida 24 horas por dia, não gosta como se sente nem de se ver ao espelho, tem de mudar a sua atitude perante a comida antes de atingir um peso saudável.
A dietista recorre a forças externas para regular a sua alimentação, seguindo um plano alimentar rígido, comendo porque são horas de comer ou comendo uma específica (medida) porção, quer tenha fome quer não.
A dietista valida o seu progresso também através de forças exteriores, principalmente com a balança.
Deite fora todos os livros de dietas ou artigos de revistas que a tentam em dietas para perder peso depressa. Zangue-se com as mentiras que a levaram a acreditar ser um falhanço da sua pessoa, cada vez que uma dieta parava de funcionar e o peso voltava.
É natural que tenha medo de abandonar a mentalidade de dieta, pois foi fazendo dietas ao longo da vida e porque basta olhara à volta toda a gente está nalguma dieta!
Mas para Comer Intuitivamente tem de Rejeitar a Mentalidade de Dieta! Para tal, a sua cabeça tem de se reger por uma nova realidade com novos pontos de referência. Experimente fazer o seguinte: Livre-se das Ferramentas de Dieta!
Medos Típicos: Bater no fundo (em termos de dieta) é uma sensação desesperante: preço por fazer, preço por não fazer dieta. Há dois receios típicos: "Se eu continuo a fazer dieta dou cabo do meu metabolismo e ganho peso," e "Se paro de fazer dieta ganho ainda mais peso." Outros medos comuns são:
MEDO: Se paro de fazer dieta não conseguirei parar de comer
A REALIDADE: Fazer dieta despoleta a voracidade alimentar. Claro que é difícil parar de comer quando se tem feito restrição e se tem comido insuficientemente; é uma resposta normal à fome. Mas uma vez que o seu corpo aprende, e consegue confiar, que você não vai passar mais fome com mais dietas, a intensa vontade de comer diminuirá.
MEDO: Não sei comer quando não estou em dieta
A REALIDADE: Quando banir as dietas e se tornar uma "comedora intuitiva", irá comer em função dos seus sinais internos, que a guiarão. Isto é como aprender a nadar pela primeira vez. Estar rodeada por água pode ser assustador para um principiante. Estar rodeada por comida também pode ser assustador para uma dietista crónica que está a aprender a comer.
Mas você nunca conseguirá aprender a nadar se não ir para além da borda da piscina (mesmo que ache que aprender a nadar é uma coisa muito positiva e útil). Primeiro começa por molhar os pés e aprender a respirar dentro de água. Eventualmente mergulha totalmente, quando estiver preparada – e sentir-se-á mais confortável.
MEDO: Perderei o controle
A REALIDADE: Sentir-se-á em controle ao Comer Intuitivamente, em vez de socorrer a factores e sinais externos. Irá aprender a ouvir e a honrar os seus sinais internos, quer físicos quer emocionais – uma poderosa capacidade.
Se você tem ainda uma pequena (mesmo que ínfima) esperança de que um dia encontrará "a dieta" (milagrosa), não conseguirá libertar-se e iniciar o processo de como aprender a Comer Intuitivamente.
Para muitas pessoas, fazer dieta é a maneira de estar na vida e lidar com a vida. Pense nas vezes em que começou uma dieta. Quantas vezes essas fases coincidiram com tempos difíceis ou de transição?
É comum fazer-se dieta nas seguintes fases de transição: na passagem de criança para adolescência, quando sai de casa, porque vai casar ou depois de casar, depois de começar um emprego novo ou enquanto está com problemas conjugais.
Ao mesmo tempo que fazer dieta possa ter sido inútil, ofereceu-lhe contentamento e esperança – o excitamento associado ao emagrecimento rápido e aos números da balança a diminuírem, achando que desta vez é que é!
É como ir ao cabeleireiro mudar de corte, radicalmente, com a expectativa de que a vida mude radicalmente, e que de repente se irá sentir bem consigo própria. Mas quando o excitamento e a novidade das dietas desaparecem, também desaparecerão as falsas esperanças e desilusões.
Há um elemento social de se fazer dieta de que você pode vir a ter saudades. Quando decidir parar de fazer dietas, ficará surpreendida como é frequente o tópico de dieta nas festas, jantares, no emprego, etc. – mas agora você não cairá nessa esparrela. Quase se assemelha a ouvir falar dum filme altamente recomendado mas que não faz tenções de ir ver. Poderá sentir-se um pouco excluída, mas ainda bem.
Você já bateu no fundo, até já sabe que dietas não funcionam e sabe que para dar inicio ao Comer Intuitivamente tem de Rejeitar a Mentalidade de Dieta, mas o desespero é tal que pensa – “farei isto mais uma vez e desta vez farei tudo à risca!”
E começa o familiar ciclo de pensamento da dietista crónica: Só quero emagrecer e depois de perder algum peso, terei cuidado.
Mas enquanto se agarrar à mais ínfima esperança de que mais uma dieta curta e simples a ajudará a emagrecer, ou a ajudará a ser mais feliz, não se livrará da tirania das dietas. Sucumbir à só-mais-uma-dieta é uma das maiores armadilhas porque não tem em conta a realidade – as dietas não funcionam. Então como poderia mais uma dieta fazer parte da solução?
Não há dúvida que se sente melhor quando perde algum peso, mas vários estudos indicam que as melhorias psicológicas são tão temporárias quanto os quilos perdidos e recuperados. Os sentimentos de bem-estar diminuem com o recuperar do peso, e problemas associados à auto-estima e à função psicológica geral, voltam para os níveis originais quando o peso volta também.
Muitas pessoas dizem que desistiram de fazer dieta, contudo ainda têm dificuldade em Rejeitar a Mentalidade de Dieta totalmente. Até podem estar fisicamente distanciadas mas os pensamentos de dieta continuam.
O problema é que pensamentos de dieta traduzem-se em comportamentos de dieta, o que resulta numa pseudo-dieta, ou dieta inconsciente.
Consequentemente, estas pessoas sofrem os efeitos secundários das dietas mas são muito mais difíceis de detectar (e por isso sentem-se mesmo descontroladas com a sua alimentação). Os comportamentos de dieta nem sempre são aparentes à pessoa envolvida. Comer é um acto tão universal, é difícil ser-se objectivo.
Pode ser difícil encontrar estes comportamentos mais manhosos se não souber o que procurar.
Exemplos de comportamentos de pseudo-dieta:
Fonte: "Intuitive Eating" de Elyse Resch e Evelyn Tribole.
Texto traduzido e adaptado por Madalena Muñoz.
www.madalenamunoz.com
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