Segundo um artigo publicado pelo EUFIC, um grupo de investigadores da Universidade de Stanford, EUA, levaram a cabo uma revisão sistemática da literatura publicada sobre o assunto, para determinar se os alimentos produzidos de modo biológico são mais seguros ou saudáveis que os alimentos produzidos com métodos convencionais. De uma forma geral, os artigos publicados não sugerem benefícios derivados do consumo de alimentos biológicos; contudo, descobriu que o consumo de produtos biológicos pode reduzir a exposição a pesticidas e o consumo de porco e frango pode reduzir a exposição e bactérias resistentes a antibióticos.
O termo “biológico” refere-se à forma como os agricultores cultivam os seus produtos. As práticas variam em todo o mundo, mas geralmente trata-se de cultivos sem recurso a pesticidas sintéticos, fertilizantes ou uso rotineiro de antibióticos ou hormonas de crescimento. A irradiação ou o recurso a organismos geneticamente modificados (OGM) ou derivados de OGM são geralmente proibidos pela legislação biológica.
A literatura revista pelos investigadores incluiu estudos que comparavam:
- Populações que consumiam dietas biológicas e convencionais (27 estudos)
Ou
- Os níveis de nutrientes ou contaminantes desses alimentos (23 estudos)
Todos os estudos incidiram sobre fruta, vegetais, grão, carne, aves, leite e ovos. Foram excluídos os estudos sobre alimentos processados.
Não foram descobertas diferenças entre o conteúdo vitamínico entre vegetais ou animais biológicos e convencionais. Dos nutrientes avaliados, o conteúdo em fósforo encontrado nos produtos biológicos era mais alto do que nos alimentos convencionais. Contudo, isto não será clinicamente importante dado que a deficiência em fósforo não é geralmente um problema da dieta, sendo associada apenas a casos de fome extrema.
Em relação a outros benefícios os autores também encontraram níveis mais altos de:
- Fenol total nos produtos biológicos
- Ácidos gordos ómega3 e ómega7 no leite biológico
- Ácidos gordos ómega3 em frangos biológicos
Contudo, avisam os investigadores, estas conclusões precisam ser vistas com precaução, porque os resultados destes estudos foram variáveis e apenas um pequeno número incidiu sobre ácidos gordos.
Outra conclusão do artigo final referia-se aos resíduos de pesticidas, que são menos prováveis de ser detetados nos alimentos biológicos (7%) do que nos convencionais (38%). Contudo, o limite de deteção varia entre os estudos. Em ambos os tipos de alimentos, só uma pequena percentagem excedeu os limites máximos detetados.
Em relação às bactérias, não há diferença entre a prevalência de bactérias entre os dois tipos de alimento. Contudo, a carne de porco biológico registou menos 33% de hipóteses de estar contaminada por bactérias resistentes a três ou mais antibióticos, comparada com a carne convencional. Isto pode dever-se ao uso rotineiro de antibióticos durante a criação dos animais no modo de produção convencional.
Os autores sublinharam as limitações associadas às suas conclusões. Estas incluem a variabilidade dos estudos, dos fatores físicos (estações, tipo de solo e práticas de armazenamento, etc.) e das práticas biológicas. Alem disso, não existem estudos comparativos a longo prazo sobre os resultados na saúde da população que consome produtos biológicos versus convencionais.
Fonte: EUFIC (adaptado)
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