Um em cada dez consumidores em todo o mundo já substituiu, em algum momento, proteína animal por vegetal na sua alimentação. A procura por produtos de base vegetal tem vindo a aumentar e estima-se que, até 2025, cresça a uma taxa anual entre 6,4% e 6,5%, segundo o estudo Going Plant-Based: The Rise of Vegan and Vegetarian Food, da Euromonitor, divulgado em novembro.

É por isso, natural que se continuem a procurar alternativas aos alimentos de origem animal, nomeadamente ao leite. Depois da soja, da amêndoa, do coco, da aveia e do arroz, por exemplo, começa agora a assumir uma posição de destaque a ervilha amarela.

Pelo seu teor e qualidade proteica e por ter um sabor e textura suaves, a ervilha amarela começa a ser usada como base para bebidas vegetais, e não só, porque não tem cor verde, nem transfere “sabor a ervilha”. Por esta característica, a ervilha amarela tem a vantagem de puder ser usada como uma alternativa ao leite nos vários momentos de consumo ao longo do dia, seja nos cereais de pequeno-almoço, nos lattes, nos smoothies ou até mesmo nos cozinhados. É por isso, uma solução saborosa e suficientemente versátil para múltiplas utilizações.

Além disso, importa referir que a ervilha amarela tem outros grandes benefícios, quer do ponto de vista nutricional, quer do ponto de vista ambiental.

Do ponto de vista nutricional

A ervilha amarela é uma excelente fonte de proteínas, com um teor equivalente à carne (20 a 25 g/100g) e de boa qualidade biológica uma vez que tem os 9 aminoácidos essenciais. É ainda uma boa fonte de fibra e fornece ainda quantidades relevantes de alguns minerais como cálcio, ferro, magnésio, selénio e vitaminas como o ácido fólico.

Contém hidratos de carbono de absorção lenta, tem baixo teor de gordura e é fonte de substâncias bioativas, como compostos fenólicos, flavonóides, isoflavonas e outros antioxidantes.

Do ponto de vista ambiental

O cultivo de leguminosas é considerado “amigo do ambiente” por várias razões: (1) provoca menores emissões de dióxido de carbono (1 kg de leguminosas emite cerca de 19 vezes menos equivalentes de CO2 do que a mesma quantidade de carne); (2) tem a capacidade de fixar azoto proveniente da atmosfera, no solo; (3) aumenta a eficiência do consumo de fósforo do solo; (4) apresenta rentabilidade na utilização da água, sendo necessária menor quantidade, quando comparada com a produção de outros alimentos.

Em suma, a utilização da ervilha é uma das maneiras mais sustentáveis e eficazes de produzir proteína. Não tenho dúvidas que há uma revolução alimentar silenciosa em curso e que está a mudar a forma como as pessoas se alimentam.

O estudo Going Plant-Based: The Rise of Vegan and Vegetarian Food, da Euromonitor revela que os indivíduos que estão a restringir a ingestão de proteína animal (os flexitarianos) já representavam no ano passado 42% dos consumidores a nível mundial. E há potencial de seduzir segmentos mais jovens: 54% da Geração Z (1995 -2010) evita produtos animais ou carne vs 34% dos baby boomers (1946 - 1964), de acordo com o inquérito mundial Health and Nutrition, da Euromonitor.

Com esta crescente popularidade de regimes alimentares de bases vegetais, cada vez mais pessoas estão a pedir melhores alternativas lácteas, que sejam nutritivas e mais próximas do original, e aqui a ervilha amarela pode vir a dar um contributo importante. Será a ervilha amarela a próxima geração de proteína vegetal?

Texto: Ana Leonor Perdigão – Nutricionista (CP 0287N) Nutrition, Health & Wellness Manager Nestlé Portugal