A amostra de casos recolhida pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) sugere que 58,2% dos casos identificados estão associados à variante com origem no Reino Unido, ou seja, mais do triplo dos 16% registados em janeiro.
A conclusão consta dos último relatório de diversidade genética do INSA divulgado esta quarta-feira.
Desde o último relatório (05-02-2021), foram analisadas mais 1085 sequências, incluindo 861 sequências obtidas no âmbito da vigilância de periodicidade mensal com amostragem nacional que o INSA está a coordenar, provenientes de laboratórios distribuídos por 17 distritos de Portugal continental e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, e 27 sequências obtidas em amostras suspeitas da presença de variantes de interesse, nomeadamente as variantes associadas à África do Sul e Brasil ou de outros estudos específicos.
Entre as novas sequências analisadas, a variante associada ao Reino Unido foi detetada por sequenciação com uma frequência relativa de 58,2% na amostragem nacional de fevereiro, mostrando um grande incremento relativamente à frequência de 16% observada em janeiro.
Esta clara tendência crescente é concordante com a que foi estimada a partir dos dados de falha na deteção do gene S por RT-PCR para a mesma semana, no âmbito do estudo de monitorização contínua desta variante em colaboração com a Direção-Geral da Saúde e o laboratório Unilabs.
Cinco casos da variante sul-africana
O mais recente relatório de situação refere também que foram detetados, até à data, cinco casos da variante associada à África do Sul, sendo que apenas se detetou um caso desta variante entre as 861 sequências da amostragem nacional de fevereiro. Esta observação sugere que a circulação desta variante é ainda limitada em Portugal (0.1% na amostragem de fevereiro).
Para além de sete casos previamente notificados (associados a uma única cadeia de transmissão), foram detetados, na amostragem de fevereiro, mais três casos da variante 501Y.V3 (P.1), primeiramente detetada no Brasil, em particular na região de Manaus (Amazónia), o que sugere que esta variante apresenta uma circulação limitada em Portugal (0.4% na amostragem de fevereiro). Foram ainda contabilizados 15 casos associados à variante P.2, também detetada inicialmente no Brasil e associada a casos de reinfeção.
O relatório indica também que a variante previamente identificada com a mutação de interesse L452R na proteína Spike, agora designada C.16, revelou uma frequência relativa de 5,1% na amostragem de fevereiro, mostrando uma estabilização da sua frequência relativamente à amostragem de janeiro, mas mantendo, no entanto, uma ampla dispersão nacional, tendo sido detetada já em 45 concelhos, abrangendo 11 distritos de Portugal continental e ambas as Regiões Autónomas.
A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.549.910 mortos no mundo, resultantes de mais de 114,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.430 pessoas dos 806.626 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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