A empresa de biotecnologia Moderna anunciou esta segunda-feira através de um comunicado de imprensa partilhado no Twitter que a vacina que está a desenvolver contra a COVID-19 tem 94,5% de eficácia.
Isto significa que o risco de contrair a COVID-19 foi reduzido em 94,5% no grupo vacinado em comparação com o grupo placebo, segundo o teste clínico em curso nos Estados Unidos.
Os resultados surgem uma semana depois de a Pfizer aumentar a confiança global nas vacinas em desenvolvimento, ao anunciar uma eficácia de 90% do seu fármaco profilático segundo estudos preliminares.
Ambas as empresas usaram uma abordagem altamente inovadora e experimental para desenvolver as suas vacinas. "É um grande dia", comentou em declarações à BBC, Tal Zaks, diretor médico da Moderna, que refere que o laboratório pretende solicitar a aprovação do uso da vacina nas próximas semanas.
As duas vacinas - a da Pfizer e a da Moderna - usam o mesmo método: injetar parte do código genético do vírus para provocar uma resposta imunológica.
Se o nível de eficácia for mantido entre a população em geral, esta seria uma das vacinas mais efetivas, comparável à da rubéola, que tem uma efetividade de 97% quando aplicadas em duas doses, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Em comparação, as vacinas contra a gripe oscilaram entre 19% e 60% de eficácia nas últimas dez temporadas nos Estados Unidos, segundo os CDC.
"É um momento crucial no desenvolvimento da nossa candidata a vacina contra a COVID-19", afirmou o CEO da Moderna, Stéphane Bancel, citado pela agência de notícias France-Presse. "Esta análise intermediária positiva resultante do nosso teste de fase 3 dá-nos as primeiras indicações clínicas de que nossa vacina pode prevenir a doença da COVID-19, incluindo a forma grave", acrescentou.
De acordo com a Moderna, cerca de 9% a 10% das pessoas vacinadas manifestaram efeitos secundários após a segunda dose, como fadiga, rigidez ou vermelhidão no local da injeção.
Os resultados ainda não foram, porém, avaliados por cientistas independentes.
Como foi o ensaio?
O ensaio da Moderna arrancou em julho e envolveu 30.000 pessoas nos Estados Unidos, com metade dos indivíduos a receber duas doses da vacina, com um intervalo de quatro semanas. O restante grupo recebeu um placebo. A análise foi baseada nos primeiros 95 indivíduos a desenvolverem sintomas de COVID-19. Apenas cinco dos casos de doença ocorreram em pessoas que receberam a vacina, enquanto 90 foram diagnosticados em pessoas que receberam o tratamento placebo. A empresa afirma que a vacina tem uma eficácia estimada de 94,5% segundo dados recolhidos até ao momento.
Os dados também mostram que houve 11 casos graves de COVID-19 no ensaio, mas nenhum em pessoas imunizadas.
Não é, contudo, conhecida a duração da imunidade conferida pela vacina, já que os voluntários do ensaio ainda terão que ser acompanhados nas próximas semanas e meses para se obter essa resposta.
Não há dados sobre como é que o fármaco profilático funciona em grupos de idade avançada, que estão em maior risco de desenvolver doença severa. No entanto, Tal Zaks disse à radiotelevisão britânica que os dados da Moderna sugerem que a vacina "não parece perder a sua potência" com a idade.
Com base nestes dados provisórios sobre a segurança e eficácia da vacina, a empresa norte-americana vai submeter nas próximas semanas um pedido de autorização de uso de emergência à Food and Drug Administration (FDA), a agência federal responsável pelo controlo e supervisão do setor alimentar e farmacêutico, e pretende também candidatar-se a autorizações de agências internacionais.
Até ao final do ano, a Moderna espera ter já disponíveis para distribuição cerca de 20 milhões de doses da vacina mRNA-1273 e mantém o objetivo de produzir entre 500 milhões e mil milhões de doses em 2021.
Vantagem da vacina da Moderna
Além dos novos dados sobre a eficácia da vacina, a empresa revelou hoje também que a sua candidata poderá ser armazenada à mesma temperatura dos congeladores domésticos ou médicos.
“Para distribuição e armazenamento de longo-prazo, a Moderna espera que a mRNA-1273 possa ser mantida a -20°C, o equivalente à temperatura da maioria dos congeladores domésticos ou médicos, por até seis meses”, lê-se no comunicado.
As temperaturas podem subir para facilitar o armazenamento em pontos de administração para entre 2°C a 8°C, sendo que nestas condições de refrigeração espera-se que a vacina se mantenha estável durante até 30 dias dentro do prazo de validade de seis meses.
Neste ponto, a candidata da Moderna está em vantagem em relação à vacina da Pfizer, que tem de ser armazenada a temperaturas muito baixas, abaixo de 70°C negativos.
Já na Rússia, onde surgiu outra candidata aos programas de imunização, os responsáveis por trás da vacina Sputnik V sugerem que a mesma tem uma eficácia de 92%.
A pandemia de COVID-19 provocou pelo menos 1.313.471 mortos resultantes de mais de 54 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 3.381 pessoas dos 217.301 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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