Portugal comprou dois milhões de vacinas contra a gripe A, por 15 milhões de euros, mas acabou por destruir mais de metade, que equivale a 9,7 milhões, segundo a sub-diretora geral da Saúde.

Em entrevista à Lusa, Graça Freitas explicou que foram administradas 700 mil vacinas e realçou que foram vários os fatores que estiveram na origem desta “reduzida adesão” à vacinação contra o H1N1 pandémico em 2009, nomeadamente o facto de a atividade gripal se ter revelado mais moderada do que o esperado.

Esta fraca adesão resultou numa utilização das vacinas muito inferior à esperada. Assim, inicialmente o Estado português tinha encomendado seis milhões, mas conseguiu a compra de apenas dois milhões, considerados suficientes na altura.

Destes dois milhões de vacinas, que custaram 15 milhões de euros, foram administradas pouco mais de 700 mil.

As restantes, explicou Graça Freitas, ou foram inutilizadas, pois os frascos tinham dez dozes e as que não eram administradas na altura não podiam ser guardadas, ou simplesmente foram destruídas.

O prazo de validade destas vacinas expirou em agosto de 2011, mas mesmo se tal não tivesse acontecido elas não podiam ser usadas, pois o vírus da época gripal seguinte (2009/10) foi outro.

Por definir está o futuro do antiviral Oseltamivir, que Portugal adquiriu em 2005 para responder a uma eventual pandemia do vírus da gripe das aves.

Parte dos 2,5 milhões de tratamentos, adquiridos por 22,58 milhões de euros para a reserva estratégica de medicamentos, foi usada aquando da pandemia do H1N1, em 2009, mas uma outra continua guardada.

Graça Freitas revelou à Lusa que este produto deverá ser sujeito a uma reavaliação ainda durante este ano, de modo a assegurar que está em condições para prolongar a sua validade.

Se as autoridades competentes decidirem que esse prazo foi ultrapassado, ou se o produto não estiver em condições, o Oseltamivir deverá ser destruído, adiantou a sub-diretora geral da Saúde.

Além deste medicamento, Portugal dispõe na sua reserva estratégica de medicamentos de vacinas contra a varíola, que têm uma validade “muito prolongada”, disse.

Para a gripe sazonal da presente época foram distribuídas gratuitamente 330 mil doses de vacinas nos centros de saúde, nomeadamente aos idosos com mais de 65 anos e baixo rendimento, e às pessoas institucionalizadas.

Graça Freitas reconhece que a adesão tem ficado “aquém das expetativas”, mas não adianta justificações nem estabelece, para já, uma ligação deste fato ao elevado número de mortos que se tem registado nas últimas semanas.

Certo é que o vírus em circulação (H3N2) é “bastante agressivo” e tem “uma expressão mais grave do que a gripe pandémica” de 2009, disse.

16 de março de 2012

@Lusa