"Continuamos a defender que as duas unidades de Serviço de Atendimento Complementar [unidades de saúde que funcionam durante o período noturno] encerradas em agosto de 2018 devem ser reabertas e melhoradas nas suas condições básicas de atendimento aos utentes", afirmou João Rouxinol, do Movimento dos Utentes de Serviços Públicos (MUSP) de Gaia.

Em resposta à agência Lusa, o representante do MUSP de Gaia avançou que a atual unidade clínica - o Serviço de Atendimento Complementar da Unidade de Saúde de Vilar de Andorinho -, que funciona das 20:00 às 23:00, fica "aquém das necessidades dos utentes".

"O novo e único local de atendimento, em Vilar de Andorinho, para servir uma população superior a 300.000 habitantes, não é servido de transportes públicos adequados (…) e que são inexistentes durante o período de funcionamento noturno dos serviços clínicos, o que prejudica gravemente as populações mais desfavorecidas e sem meio de transporte individual", referiu.

Por esse motivo, João Rouxinol defendeu a necessidade de serem "reabertas" as unidades de Serviço de Atendimento Complementar de Soares dos Reis e dos Carvalhos, encerradas em 2018, considerando-as "geograficamente mais abrangentes e desconcentradas".

O representante do MUSP de Gaia garantiu também que, aquando do encerramento das duas unidades, o presidente da Câmara Municipal de Gaia, "em resposta às reclamações e movimentações dos utentes", referiu que "os dois serviços seriam retomados logo que possível".

"Foi afirmado pelo senhor presidente da Câmara de Gaia, como resposta às reclamações e movimentação dos utentes, que as razões para o fecho das duas unidades SASU se deviam à falta de condições dos edifícios, que necessitavam de obras, e que os dois serviços seriam retomados logo que possível, o que não se veio a verificar", salientou.

Paralelamente, João Rouxinol sustentou que o novo programa do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) "No Sítio Certo, a Horas Certas", que reencaminha desde o início do ano os utentes "triados com baixa prioridade" que recorrem ao serviço de urgência para os centros de saúde, deveria ter sido acompanhado "de uma campanha amplamente divulgada" à população.

"Deveria ter sido prevenida a entrada em vigor do programa ‘No Sítio Certo, a Horas Certas’, com implementação de uma campanha amplamente divulgada pelas populações, para se evitarem situações de reencaminhamento de doentes, com tudo o que isso representa de negativo e até de risco acrescido", sustentou.

Para o representante do MUSP de Gaia, estas "medidas isoladas" podem "potenciar ações de desagrado e até eventuais represálias contra os profissionais do Serviço Nacional de Saúde".

O programa do CHVNG/E, que entrou em vigor 01 de janeiro, permite que os utentes que são triados no serviço de urgência com baixa prioridade sejam referenciados para o centro de saúde onde lhes é assegurada uma consulta no mesmo dia ou no dia seguinte, consulta essa agendada pelo hospital, sendo que o reencaminhamento depende da decisão do utente.

"No Sítio Certo, a Horas Certas" é direcionado a utentes da Unidade de Saúde Familiar (USF) Afurada, USF Barão do Corvo e USF Arco do Prado, em conjunto com o Centro de Atendimento Complementar de Vilar de Andorinho, mas vai ser alargado a outras unidades de saúde.

Contactado pela Lusa, o CHVGN/E relembrou que o reencaminhamento é "opcional e em função das vagas existentes para consulta na rede de cuidados primários”, assim como "acautelado".

"O reencaminhamento de utentes é acautelado e em circunstância alguma é colocada em causa a segurança e o bem-estar dos utentes – antes pelo contrário, pretende melhorar na rapidez, qualidade da prestação dos cuidados de saúde, assim como a experiência e o nível de satisfação dos utentes, diminuindo riscos desnecessários", concluiu.

A Lusa contactou a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que afirmou "não querer comentar" o assunto.

A Lusa contactou também a Administração Regional de Saúde do Norte, mas ainda não obteve resposta.