Quatro movimentos cívicos de Alenquer, Azambuja, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa) e Benavente (distrito de Santarém) querem que Marcelo Rebelo de Sousa conheça a “situação grave” das unidades de saúde destes quatro concelhos, em que milhares de cidadãos não têm médico de família, e entregam o ‘convite’ na quarta-feira, às 17:00, no Palácio de Belém, em Lisboa.
“É uma situação grave em que não está a ser cumprida a Constituição. [Fazê-la cumprir] é a missão mais importante do Presidente da República”, defende Domingos Pereira, da direção nacional do Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) e coordenador da Comissão de Utentes do Concelho de Benavente (CUCB), em declarações à Lusa.
Domingos Pereira garante que mais de 90 mil utentes não têm médico de família nestes concelhos e dá dois exemplos: 88% dos utentes da Azambuja e 75% dos habitantes de Alenquer não têm um profissional de saúde atribuído.
No caso da Azambuja, o dirigente do MUSP explica que a falta de médicos nos centros de saúde obriga os utentes a serem atendidos em Benavente (no distrito de Santarém), na Póvoa de Santa Iria e em Castanheira do Ribatejo (no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa), como se nessas unidades “houvesse médicos” para tantas pessoas.
“Há uma série de extensões de saúde encerradas e milhares de utentes à espera de consulta que não têm médicos de família”, lamenta o coordenador do CUCB, acrescentando que isso leva a que os cidadãos recorram às urgências do Hospital de Vila Franca de Xira.
O caso deste hospital é apenas um de vários em Lisboa que ficam “entupidos com as pessoas que fazem deles gigantescos centros de saúde”, diz o dirigente associativo.
Ainda sobre as unidades de saúde, Domingos Pereira chama a atenção para as “condições deficitárias e degradadas” e conta a situação da Azambuja, em que, no verão, “os profissionais tiveram de levar ventoinhas de casa e, no inverno, vão ter de levar aquecedores porque não há climatização”.
Em 25 de outubro, os representantes dos movimentos entregaram na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, um abaixo-assinado e uma moção a exigir médicos para aqueles municípios.
Quase um mês depois, Domingos Pereira diz que não houve respostas para os problemas apresentados, nem conseguiram reunir com António Costa como pediram.
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